July 31, 2006

Quando se sabe que se está para morrer, como lidar com o tempo que resta? Essa é a questão que move "Le Temps qui Reste", do François Ozon. Melvil Poupaud é Romain, um jovem fotógrafo que descobre ter um câncer em estágio avançado e resolve não fazer a quimioterapia. Confuso e assustado, não consegue contar a ninguém, a não ser à avó (a grande Jeanne Moreau) e a uma garçonete que cruza seu caminho (a sempre fofa Valeria Bruni-Tedeschi). Romain é humano até o último fio dos cabelos cacheados, assim como suas reações e sentimentos. O filme é lindo, muito simples e sensível. E triste. Putain, c'est triste.


Eu faria a mesma coisa. E gostaria que meu pai também o tivesse feito. Preferia que ele tivesse passado os seus últimos meses tranquilo, em casa, sentindo o gosto da comida, lendo seus livros, andando sem ajuda, a ter presenciado os efeitos de dose após dose de quimioterapia - náuseas, fraqueza, cansaço, alergias - que só ajudaram a abater mais rápido um organismo já comprometido. É certo, as dores excruciantes viriam de qualquer forma, porque é assim que o câncer age. Mas mesmo no torpor da morfina, eu gostaria que ele tivesse levado a lembrança de uma vida normal, e eu gostaria de ter guardado uma imagem dele sem sofrimento. Mas, como diz Romain, "a gente sempre espera um milagre".

July 30, 2006

Hahahaha. Achei pra baixar o CD dos hinos de clubes brasileiros que a Placar lançou há uns anos, e estamos aqui rolando de rir. A maioria das versões é completamente bizarra, mas tenho que dizer que UMA é muito legal : a do Internacional, pela Comunidade Ninjitsu/Acústicos e Valvulados. Sorry, gremistas.

(aliás, a do Grêmio é séria candidata a pior do disco. Chimarruts e Borghettinho? WTF? Só não leva a coroa porque existe a do Goiás, do Zezé di Camargo com arranjo do Lincoln Olivetti. Personne mérite)

July 29, 2006

Esse calor, e eu vejo aquelas mulheres muçulmanas cobertas dos pés à cabeça. Algumas usam um lençol preto que só deixa os olhos à mostra, outras, mais moderninhas, usam roupas da moda, mas de mangas longas, saias sobre calças compridas, e um lenço cobrindo os cabelos. E eu penso : como elas aguentam?


(eu uso vestidos de algodão, camisetas de alcinha, shorts e mini-saias, minha Melissa nova ou sandálias, e mal me aguento)

Minha Havaiana preta quebrou. Não era essa que não soltava as tiras? Vou ter que usar o clone, a Ipanema, que machuca os pés.

Sanduíche de hummus com azeite, limão e rúcula no pão sírio. Salada verde com queijo haloumi. Pão de semente de girassol com salmão defumado e salada verde. Salada de macarrão com bacalhau desfiado. Ovos cozidos com caviar de lompa. Picolés de morango e pêra. Água com gás aromatizada com limão. Vinho espumante gelado. Cerveja Hoegaarden. É só isso que desce.

(e mesmo assim, Akira insiste em fazer feijão com paio, bacon e linguiça calabresa - e eu insisto em fazer quibe frito, quibe de batata ao forno e tabule (é, tem um pacote inteiro de trigo a ser usado). Quase morri na cozinha com o calor do fogão. Shoot me next time I come up with these brilliant ideas.

July 28, 2006

Minha irmã me mandou : Bunny Suicides. Fantástico.

Ueba! Chegou minha caixa de DVDs do Jerry Lewis! Só não tem "Artists and Models", um dos que eu mais gosto, mas os dez filmes que estão lá são uma boa seleção : "The Delicate Delinquent", "The Bellboy", "Cinderfella", "the Ladies Man", "The Errand Boy", "The Nutty Professor", "The Patsy", "The Disorderly Orderly", "The Family Jewels" (outro favorito meu) e "The Stooge". Oh, pretty laaa-dy!

Terminei esses dias o ótimo "Kafka on the Shore", do Haruki Murakami. Teria acabado antes, mas nos últimos capítulos tive o impulso de deixar o livro quietinho na minha mesa, como que para prolongar um pouco mais a convivência com Kafka e Nakata. Ainda me impressiono com a capacidade do Murakami em criar um mundo onde o absurdo e o irreal se portam com tanta naturalidade que nem questioná-los é possível. Tentei explicar a história pro Akira e soou como se eu estivesse contando um daqueles sonhos estranhos que a gente tem de vez em quando (no meu caso, sempre). Chuva de peixes, Johnny Walker, fantasmas de gente viva, um homem que não sabe ler e fala com gatos, um adolescente que foge de casa pra morar numa biblioteca, um caminhoneiro que descobre Beethoven.
Não esperem algo na linha de "Norwegian Wood". Na verdade, quanto mais leio, mais eu acho que esse, apesar de ser o mais conhecido (e maravilhoso), é exceção. But don't let that stop you.
Mesmo.
(agora lendo o site dele, vejo que ele disse isso mesmo - que "Norwegian Wood" foi o único livro realista que ele escreveu)

July 27, 2006

E essa questão de se mostrar Amsterdam como um paraíso coincide com outra sobre a qual tenho observado nos últimos meses - a do fluxo de imigrantes brasileiros ilegais pra cá, que deu uma crescida visível recentemente. Trombei com um casal deles na feira, há algum tempo, e eles me disseram que agora que a Inglaterra está fechando gradativamente as portas, o destino dos imigrantes é a Holanda. Segundo eles, a cada semana chega um monte.

Não duvido - cada vez que saio de casa vejo mais brasileiros, claramente não turistas, circulando, discutindo trabalho, coisas de família, como ligar para o Brasil, etc. Nas comunidades do Orkut, alguns já perguntam se é possível viver ilegal aqui. O curioso é que, na minha opinião, a Holanda não é o lugar mais fácil pra se viver sem estar regularizado. É um país minúsculo, e pra absolutamente tudo é necessário provar sua existência oficial - conta de banco, aluguel, trabalho. Na Inglaterra, existe a possibilidade de se trabalhar 20 horas semanais sendo estudante e uma verdadeira rede de informações entre brazucas. Aqui, são no máximo 10h por semana - o que exclui muito tipo de emprego - e a maioria dos brasileiros aqui, pelo que vejo, passaram por todos os trâmites requeridos para um visto de residência (e que trâmites!), então não vêem com bons olhos quem queira burlar o sistema.

(adendo : este deve ser um dos países mais complicados no mundo pra se conseguir um visto de residência por casamento - as exigências são burocráticas, o serviço de imigração pode ser intransigente, as regras mudam constantemente. E agora ainda inventaram um exame de integração pelo telefone antes da concessão do pré-visto)

Quanto ao idioma, bem...grande parte das pessoas que se aventuram não fala outra língua além do Português mesmo, então aprender inglês, holandês ou húngaro dá na mesma pra eles, imagino.

(isso não é chute meu. Trabalhando numa companhia aérea européia no Brasil, todo dia você vê quantos vêm para a Europa - Espanha, Portugal, Irlanda e Inglaterra - em busca de trabalho sem nunca ter nem entrado num avião. Ou saber onde fica o país para onde vai, ao menos. Um caso clássico é

Check-in : "Seu destino final é Barcelona?"
Passageiro (com cara de susto) : "Não, moça, eu tô indo pra Espanha!"
)

Mas enfim, com essa novela, vamos ver como vai ser o panorama daqui a uns meses. Acho que vou abrir um boteco brasileiro e faturar vendendo coxinha para os saudosos...hahahahaha

Hahahaha, acho que vou ter que comentar sobre essa "Páginas da Vida". Fiquei curiosa com as cenas gravadas na Holanda e fui procurar no no YouTube. Vi algumas delas, e só posso dizer que a criatividade da Globo é comparável à de Hollywood...tulipas e moinhos em Amsterdam? Estudantes morando em casas-barco? A Centraal Station deserta? hahahahaha

Tudo bem, A'dam é uma cidade linda, com um centro histórico extremamente preservado, muitos canais (mas eu não aconselharia ninguém a se jogar neles) e bicicletas, mas ao mesmo tempo é superpopulada, tem problemas com roubos e violência (claro, NADA comparado ao Brasil, mas compara o tamanho, pô), ruas a se evitar sozinho à noite, periferia, alguma sujeira - enfim, coisas de qualquer metrópole. Mas novela é novela, eu sei...

(por falar nisso, como o nível das novelas caiu nesses anos, hein? A última que assisti foi "Vale Tudo", sinumingano, que já não era grande coisa. Essa "Páginas da Vida" tem uns diálogos de doer : "sim, eu amo". Arrrrrrrrrrgh. Já lembrei porque nunca mais acompanhei nenhuma)

Bom, a canicule não dá trégua mesmo e a vida continua. Esta semana tem a Amsterdam Fashion Week, que embora seja muuuuuuito menor que a de São Paulo, não se limita a desfiles. A programação promete algumas coisinhas interessantes abertas ao público-pobre-mortal, como mini-eventos em lojas, shows e etc. Mas o que quero ver mesmo é a performance "Paris-Tokyo". Criada pela dupla Viktor&Rolf, vai ser apresentada toda sexta-feira no Museu Van Gogh - que está numa temporada totalmente japonesa, com exposições especias e DJs. Trop chic.

July 26, 2006

Fui assistir a "Pirates of the Caribbean 2". Como o primeiro, é bom entretenimento, engraçado e leve como uma atração de um parque Disney (o que de fato é). Acho que neste há uma ênfase maior em efeitos especiais, já que não há a preocupação de se apresentar e desenvolver os personagens. Jack Sparrow continua um mau-caráter adorável. E isso de ter que esperar até a parte 3 pra saber o que acontece é simplesmente ODIOSO!


É isso.

July 21, 2006

Ninguém mais nesta cidade aguenta ouvir falar de Rembrandt. Mas li em algum lugar uma questão bem pertinente : daqui a mais 400 anos, é bem possível que ainda se fale dele. E de quem, do nosso tempo, vamos nos lembrar daqui a quatro séculos? Não consegui pensar em muitos exemplos. Aliás, nenhum. O tipo de cultura e arte que produzimos há algum tempo não me parece duradouro, infelizmente.

Fomos à feira fazer compras para o jantar de hoje : bacalhau fresco, red snapper, mackerel, scallops e camarões que viraram um ceviche com a ajuda de muito limão, pimenta vermelha e cebola roxa. De quebra ainda trouxemos um quilo de sardinhas frescas e dez ostras Fines de Claire fresquinhas. As sardinhas foram empanadas e fritas e as ostras devidamente abertas e consumidas com limão e tabasco.

Praia perde.

July 19, 2006

Contudo, o calor tem uma certa vantagem : a gente pode usar roupinhas leves e bonitinhas. E agora que ganhei um presente lindaço da Kris (que já ganhou o aposto "a amiga que me aguenta há mais tempo nessa vida" ;), eu até faço um esforço pra sair de casa todo dia, hahaha. Obrigadona, querida.

O calor inclemente de mais de 30ºC me faz ficar tendo delírios com banheiras cheias de água com gás gelada e cubos de gelo. Aliás, eu queria ser um cubinho de gelo e morar no congelador da geladeira daqui de casa. Gelo gelo gelo.

July 18, 2006

Domingo eu e Akira fomos para o centro de Londres jantar. Resolvemos arriscar o coreano novo que a gente tinha visto na sexta, mas que decepção - não tinha mul naengmyun, que era o que eu queria. Acabamos pedindo outras coisas, mas achei tudo mais ou menos. Não sei se porque o restaurante é novo em folha e ainda ajustando os detalhes, mas só o serviço acabou sendo bom. Enfim.

Segunda-feira, dia de voltar. Saímos de lá às onze da manhã e chegamos em casa às seis da tarde. Seis horas perdidas nessa função de ir pra aeroporto+check-in+embarque+fila de imigração+desembarque+voltar do aeroporto, sendo que o vôo em si dura 45 minutos, eu acho meio demais, nénão? Mas tá bom, eu sempre prefiro dar uma boa margem nos horários pra evitar correrias e atrasos. E cá estamos nós, de volta ao calor úmido de Amsterdam, tentando colocar em dia os emails e tarefas abandonadas durante o fim-de-semana.

O sábado começou muito preguiçoso. Com aquele céu azul e uma mesa com guarda-sol no pátio de trás da casa não dava vontade de fazer absolutamente nada. Mas nos arrastamos até um pub simpático em Dulwich Village que tem um pátio no fundo e serve roasts de sábado. O lugar é estranhamente igual ao bar de espetinhos que nos apresentaram na Pompéia, em Sampa. De lá, fomos comprar coisas pra fazer churrasco e paramos em outro pub, carregados de sacolas e tudo. Guinness Extra Cold, Hoegaarden, um pacote de crisps e voltamos para casa.
À noite, com as crianças dormindo, embarcamos no que o Thomas e o Akira mais gostam de fazer : discutir e ouvir música. E dá-lhe Gene Clark, J.J. Burnel, Japan, Crosby, Stills, Nash & Young, Low, Family, Zappa, box sets dos Stranglers, Byrds e Steely Dan e outras coisas desenterradas do considerável acervo Pappon, mas vimos que era hora de ir dormir quando o Thomas tentou convencer a gente de que Milton Nascimento é legal. Hahahaha.

Saímos na sexta pra Londres e passamos um fim-de-semana tranquilo na Pappon Manor. Nunca tinha voado EasyJet, mas achei bem razoável (apesar do atraso). Descemos em Gatwick e pegamos o trem até Blackfriars. Fomos andando pela Fleet Street até o Strand, deixamos as mochilas com o Thomas e fomos dar umas voltas.
Morrendo de fome, decidimos experimentar um restô de fish 'n chips recomendadíssimo em vários sites e guias, o Rock and Sole Plaice, em Covent Garden. O nome é ótimo, e o lugar bonito, bem agradável, mãs...o principal - a comida - deixa muito a desejar. O cod veio numa massa grossa e dura, as chips meio queimadas. Por isso, £8 é um roubo; já comi em outros lugares por metade desse preço e o dobro da porção. O que salva é o molho tártaro com dill, maravilhoso. E a Coca Light russa.
Começamos a andar sem rumo, passamos pelo Seven Dials, chegamos na Charing Cross e eu quis ir na loja de comics que tem lá, mas ela fechou. Sad. Por outro lado, abriu um restaurante coreano orgânico do lado, o Corean Chili. Paramos num pub, o Brewmaster, pra tomar um pint (o primeiro de muitos) e descansar. Fiz as compras na Boots de Picadilly, continuamos a andar, voltamos para Chinatown (ei, vários restaurantes japoneses baratos um ao lado do outro na Newport Place!), passamos por um concerto na Trafalgar Square, passamos pelo Embankment e chegamos a pensar em dar uma volta na London Eye, mas a fila estava grande e nós sem paciência. Voltamos para o Strand. Fizemos uma hora num pub atrás dos teatros até o Thomas sair do trabalho e de lá fomos para o Wellington fechar a noite.

July 13, 2006

Fui ver "Tapas", que só posso classificar como indie flick espanhol - afinal, parte exatamente do mesmo ponto de um conhecido do gênero - "Smoke", do Wayne Wang e Paul Auster. Várias histórias se desenvolvem e se intercruzam em torno de um estabelecimento de bairro. No caso, um bar em L'Hospitalet de Llobregat, o Brooklyn de Barcelona.
Fora os cacoetes básicos de estudante de cinema - enquadramentos com molduras, uau! - o filme é leve e trata de amor, de uma forma ou de outra. A melhor história é a do casal de velhinhos : ele, doente de câncer e desiste de viver; ela, infatigável, trafica drogas para garantir uma vida melhor para ambos.

(confesso, não estava particularmente gostando do filme, tudo muito óbvio - mas Don Mariano e Dona Conchi me conquistaram)

E claro, indie sem homenagem a Bruce Lee não é indie de verdade.

Há anos venho cobiçando um par de sapatos da Camper, mas nunca tive as manhas de pagar cem euros num deles, por mais lindos e originais que sejam.
*
*
*
*
*

Mas as liquidações de verão chegaram! E a plaquinha de "sale" na vitrine da Camper foi demais pra minha parca força de vontade. Agora posso sair por aí imprimindo passarinhos no chão!

Coisas aleatórias da internet :

* Tem tanta gente assim interessada em morar em Dubai? Todo dia cai aqui pelo menos uma busca do Google com essas palavras.

* Mas a minha busca preferida continua sendo a dos "pontos turísticos da Babilônia".

* Pra que as pessoas deixam recados apologéticos em seus scrapbooks do Orkut explicando por que elas lêem e apagam os scraps? Who cares?

* 90% das garotas coreanas ou descendentes no Orkut escrevem "adoluuuu voxeee". Não me surpreende, porque em coreano elas falam exatamente do mesmo jeito. A minha idade mental de 6 anos dá um pau na idade mental de 12 delas.

* Blog de poesia é uma das coisas mais chatas deste mundo.

* Seguido de perto pelos poetas em si.

* Não consigo logar no MySpace com o Mozilla. Isso deve querer dizer alguma coisa (Rupert Murdoch is the devil!).

July 11, 2006

Wow. Se algum dia existiu um dream team de professores, esse é o meu : Greenaway, Varda, John Waters, Baudrillard, e até Zizek! Aliás, esse curso parece inacreditável. Aliás, é tão inacreditável que eu me pergunto se alguém realmente consegue fazer esse mestrado - aulas em NY e na Suíça, estudar cinema com o Peter Greenaway e Atom Egoyan, film writing com a Agnès Varda, media sounds com o DJ Spooky, discutir o simulado e o real com o Jean Baudrillard. Alguém tem 16 mil dólares aí?

(o pior é que, pensando bem, 16 mil doletas por três anos não é muito, comparando preços de mestrados por aí)

Update : Páááááára tudo! Ainda por cima tem palestras com o Jim Jarmusch, Matthew Barney, François Ozon, David Lynch e David Cronenberg! Como pode?

July 10, 2006

Acabei de ler "Air Babylon". Hilário, porque absolutamente todas as situações ali podem acontecer de verdade. Me dei conta de que passei cinco anos nessa loucura de passageiros estressados, basfonds de tripulantes, casos de polícia, gente sem noção, surtados, histéricos, malandros, gangues de aeroporto - e como foi divertido.

E sim, todo aeroporto é igual, só muda a sigla de três letras.

Bom, finalmente conseguimos ver o "Nightwatching", uma instalação multimídia criada pelo Peter Greenaway sobre o quadro do Rembrandt, que vai gerar também um filme futuramente. Numa ante-sala, um mosaico de monitores de vídeo mostra detalhes de várias obras do mestre holandês misturados a apresentações dos personagens da sua vida pessoal e os envolvidos na cena de "Nightwatch" (certamente cenas que vão fazer parte do longa). Depois, o público é conduzido à sala onde a tela em si está exposta e se acomoda nas arquibancadas montadas. Usando projeções, som e luz, o quadro - que ocupa quase uma parede inteira - subitamente deixa de ser estático, destacando silhuetas, movimentos, pano de fundo e o próprio meticuloso trabalho de iluminação pelo qual Rembrandt é conhecido. É fantástico, e digno de um cineasta cujo trabalho sempre foi intimamente ligado às artes plásticas.

Update : pelo que vi, a relação do Peter Greenaway com a arte holandesa vem de antes - a estética do Z00 (A Zed and Two Noughts) é baseada em Vermeer, que aparece também na ópera "Writing to Vermeer".

July 09, 2006

Mas é óóóóóbvio. Desgraça nunca vem sozinha. Além de perder The Pipettes em Londres, vou perder Bettie Serveert de graça aqui em Amsterdam, no mesmo final de semana. Porque dia 16 eu tô lá e dia 17 eu tô aqui. Fuckfuckfuckfuck.

Hahahaha. O futuro do Adote um gatinho.

(bom, todo dono de um cachorro ou gato - especialmente os que têm mais de um - sabe o que é ter seu reality show particular)

Indicação da maninha.

July 08, 2006

Vi o trailer de "Volver". Parece que Pedrito resolveu voltar a colocar las mujeres como ponto central de suas histórias, ufa. Não que eu não tenha gostado de "La Mala Educación" e "Hable con Ella", mas não há nada como uma mulher almodovariana. Ou um bando delas.

Resolvi finalmente abrir o box-set que comprei em Paris (é, eu faço isso às vezes - compro coisas e abro meses depois), e revi "Que He Hecho Yo Para Merecer Esto?", de 1984. Adoro, pattern clash nas paredes, Chus Lampreave louca como sempre, Carmen Maura emboletada surtando, diálogos de Mortadelo e Salaminho, muito sexo, Verónica Forqué linda, menina telecinética...

Sou só eu que acho essa fase mais interessante do que os trabalhos atuais?

July 07, 2006

CARALHO
As Pipettes vão fazer showzinho de lançamento do CD na HMV da Oxford Circus em Londres dia 17, às 18h. E eu vou estar de volta às 16h...merde!

The World e-book Fair. Por um mês, livros para download de graça, de clássicos a manuais técnicos. Tem até partituras!

July 06, 2006

Tinha começado a ler o "Kafka on the Shore", do Murakami, mas ontem achei um livro que eu PRECISEI comprar - "Air Babylon". Só quem trabalhou com aviação sabe que sim, é possível num só dia de trabalho ter de lidar com um cadáver, um ilegal sem documentação, polícia em casos de air rage e o pior - um menor desacompanhado.
E isso é só o começo. Sorry aí, Kafka.

E a uma semana do 14 juillet, fui ver "Marie Antoinette". Mesmo não gostando da Kirsten Dunst, se a intenção foi a de retratar uma Marie Antoinette jovem, despreparada e desorientada, acho que foi uma boa escolha. Um filme bem ambicioso - historicamente fiel e largamente baseado no livro da Antonia Fraser, com figurinos absurdamente maravilhosos, Versailles em toda sua glória e opulência, muito ênfase no modo de vida perdulário e luxuoso da nobreza francesa. Contudo, não é uma produção Merchant-Ivory, e sim Sofia Coppola, e por isso a trilha sonora é pra lá de cool, com mais Gang of Four, Air e Siouxsie and the Banshees e menos minuetos. E pra aumentar a aura rock 'n roll, um elenco jovem americano (Dunst e Jason Schwarzman), pitadas de humor (Molly Shannon, do SNL e Shirley Henderson, a garota fantasma em "Harry Potter"), uma atriz cult (Asia Argento), um britânico empertigado (Steve Coogan, de "24 Hour Party People") e a ex-musa, agora matrona Marianne Faithfull.

Sofia pode.

July 04, 2006

Disturbingly funny. Japoneses não batem muito bem da bola, isso é sabido. Mas esse programa de TV superou qualquer idéia de absurdo que eu teria. E aí eu chorei de rir, comecei a ver os outros com legendas e agora...


Hado gay hooooooooooo!


(o que ele invade uma reunião no Yahoo Japan, e o que ele tenta fazer crianças gostarem de pimentão são os melhores!)

July 03, 2006

Terminei o "On Beauty" ontem. Vida acadêmica x vida pessoal, liberais x conservadores, amor x sexo, beleza exterior x interior, negros x brancos, velhice x juventude, Inglaterra x Estados Unidos, chiaroscuro, etc - as dicotomias regem a vida da família Belsey. Como nos outros livros da Zadie Smith, os personagens são gente normal, com várias neuroses (o que os torna ainda mais normais, hahaha) normais, lidando com suas vidas e identidades raciais. É bom, mas não gostei tanto como de "White Teeth" e "The Autograph Man". Às vezes me senti lendo cenas não-engraçadas do "The Cosby Show".

Vi o trailer do novo Superman.

*bocejo*

July 01, 2006

Bom, a Copa já era. Mas com o Brasil jogando como estava, não ia rolar mesmo, mais cedo ou mais tarde. O que me irrita é ter perdido pra França.

Finalmente assisti ao "Da Vinci Code". Nada a acrescentar, já que o livro já é estruturado como um filme mesmo. Claro, o Ian McKellen fez um Leigh Teabing ótimo, que me fez ficar triste com a prisão dele, porque afinal de contas ele estava certo (ou pelo menos me convenceu de que estava!). Overall, foi legal, entertaining mas não life-changing. Exatamente como o livro, então acho que funcionou. E pelas imagens de Paris, minha cidade mais querida. E foi muito constrangedor ver o Jean Reno num papel tão idiota.

E Tom Hanks não dá, né?

E a internet é uma coisa fabulosa. Há algum tempo, por acaso, acabei achando o blog de uma amiga que conheço há dez anos, e não via pelo menos há cinco. Contato reestabelecido, coincidentemente ela trabalha num navio de passageiros e uma das rotas passa por aqui. Tudo bem, ela só tinha algumas horas em terra, mas foi o suficiente pra colocar uma parte do assunto em dia e matar a saudade. Ainda tô te esperando pra uma visita mais longa, Ju.

Demos uma volta pelo centro da cidade, paramos pra uma Hoegaarden no Poco Loco, um bar no Nieuwmarkt. Um dia de verão quente, de céu azul, que mais? Claro que passeando pela zona da luz vermelha, encontramos todos os outros crew members do navio. Acho que a atração-mor de Amsterdam é essa mesmo. Acabei fazendo compras, passei muito calor, comemos falafel e batata frita e pegamos o bonde de volta ao porto. Odeio despedidas.