September 30, 2006




Minha irmã que fez essa versão South Park minha. Não podia ter acertado mais.

September 28, 2006

Na viagem de ida consegui ler metade do "Lunar Park" do Bret Easton Ellis, e terminei assim que voltei. Transformar-se em personagem não deu muito certo pro Coupland (que parece ter usando o recurso só pra um cameo que salvasse-ops-desse uma reviravolta na história), mas no universo sexo-drogas-whatever do velho Ellis funcionou imensamente bem. O Bret-personagem caçoa da família americana, da celebridade, dos angelenos, escritores e, principalmente, de si mesmo e do mundo que sempre povoou suas obras. Usando seu "American Psycho" como base, um terror Stephen King pra movimentar a trama e algumas migalhas de verdade só pra confundir, o livro é divertido e intrigante. Um alívio depois daquele odioso "Glamorama".

September 27, 2006

Aí no final de semana Antonio e Mattia vieram fazer uma visita rápida e ficaram aqui em casa. Fizemos um jantarzinho meio brasileiro, com picanha, salada, molho de campanha, espetinhos de frango e de coração - o que agradou aos brasileiros e assustou Mattia e o Coelhinho da Bebete.

"Aqui na holanda coração de galinha é comida de cachorro!"

Hahaha. Adoro enfatizar o clichê de que no Brasil somos todos selvagens.

Desculpem a ausência. Acho que ainda estou lutando contra os últimos resquícios da Síndrome de Stendhal, citando minha querida amiga Zuzu.

Berlim é uma cidade que me dá vontade de não deixar nunca, e esta vez foi ainda mais legal - pela companhia, pelo que mudou e pelo que continua, pelo céu azul, pelo atendimento atencioso, pelas descobertas - e portanto mais difícil de partir.

Mas enfim. Pegamos o trem na quarta-feira, depois de passar pelo hall gastronômico da KaDeWe mais uma vez pra comprar salsichas, cogumelos, spätzle, queijos e outras delícias perecíveis alemãs. Encontramos o Alex Antunes na estação pra uma última cerveja e confundimos o garçom, que pensou que estivéssemos falando mongol. Afinal, dois orientais e um caucasiano estranho de rabo-de-cavalo e barba grisalhos conversariam em que língua, não é mesmo?

A viagem foi confortável, já que consegui reservar dois assentos ao redor de uma mesa e os assentos da frente ficaram desocupados até o fim. O problema foram duas alemãs sentadas um pouco pra trás, que iam e vinham do vagão-restaurante carregadas de cerveja e não paravam de falar. Seis horas, geez.

September 26, 2006

I ♥ Pipettes.

September 23, 2006

A festa foi na Kesselhaus do Kulturbrauerei. Chegamos lá às nove e toda uma muvuca na porta : tapete vermelho, câmeras de TV, seguranças e recepcionistas verificando os convites com um leitor óptico. Foi só entrar e começamos a encontrar os amigos. De repente, parece que metade da festa era só de brasileiros, e me senti em São Paulo. Nunca pensei em encontrar tantos conhecidos em Berlim, imagina.
Os shows programados eram aquela coisa esperada : Naná Vasconcelos, Yamandú Costa, Armandinho e Raul de Souza. Nem prestamos atenção na música, e acabamos indo pra um lounge no mezanino onde o som não chegava, hoho.
Foi tão legal que ficou todo mundo com dó de ir embora, mas os músicos estavam todos hospedados em hotéis fora da cidade (apelidados de "Vinhedo" e "Carapicuíba"), e os carros que iam levá-los chegaram à uma da manhã. Sem contar que a maioria tinha chegado na mesma manhã, então falamos tchau como se a gente fosse se encontrar semana que vem e fomos embora.
E como ninguém vive de canapés, paramos pra um döner kebab lindo e gordurento na esquina antes de pegar um táxi. Yum.

September 22, 2006

Na terça fomos ao Checkpoint Charlie, a duas quadras do hotel. Não entramos no museu, só vimos a reprodução da guarita e o histórico ao longo da Friedrichstraße, com fotos e uma timeline. Que triste pensar que até 1988 pessoas morreram tentando escapar do lado oriental.
Continuamos subindo a Friedrichstraße, e de repente me senti em Manhattan. Ou Paris. Lojas e lojas de marcas internacionais luxuosas, engravatados apressados, placas douradas indicando escritórios importantes. Que contraste.
Viramos no Gendarmenmarkt, atraídos pelas cúpulas da Franzözischer Dom e da Deutscher Dom. Demos de cara com a Konzerthaus e uma escultura representando colcheias de metal na praça. Ficamos admirando aquelas construções monumentais e fomos tomar uma Berliner no café do teatro.
Alcançamos a Unter den Linden e fomos andando. Passamos pela Humboldt Universität e acabamos indo parar na Museumsinsel. Andamos mais e quase chegamos em Alexanderplatz. Paramos para almoçar numa steakhouse e resolvemos voltar pro hotel, pra dar tempo de ir à festa de abertura da Popkomm.

September 21, 2006

Na segunda-feira, fomos com a Magda até a Rosa-Luxemburg-Platz e fomos descendo a pé até o Hackescher Markt. Encontramos dois prédios gêmeos na Rosenthaler Str., um virou um mini-shopping peruésimo e chique, e o do lado continuou um squat. Divertidíssimo ver os dois lado a lado. Claro que ignoramos o chique e entramos no squat que, como a maioria dos que eu conheço, tem uma ou duas galerias/ateliês de arte instalados, uma loja no alto das escadas vendendo comics, livros de arte, CDs de música eletrônica e experimental e camisetas legais, e um bar com uma ou duas mesas coletivas no pátio. E cheiro de borracha queimada vindo de algum canto.



No Hackescher Markt, paramos num bar espanhol e fizemos uma pausa. De lá, fomos para o Zoologischer Garten ver a Kaiser Wilhelm Gedächtnis Kirche e andar pela Ku'damm. Na verdade, o que a gente queria era ir até a KaDeWe conferir a seção de gastronomia da loja. E meninos, eu vi. Um andar gigante de uma loja de departamentos gigante, totalmente dedicado a comida. Produtos do mundo todo, balcões de frios, queijos, azeites de oliva, sais, chás, enlatados, temperos. O que você imaginar tem. Claro, o preço é compatível com o luxo da loja, mas é irresistível levar pelo menos alguma coisa. A minha cesta tinha um pacote de Kettle Chips (não tem na Holanda) sabor alecrim, sal marinho e alho, uma latinha de foie gras de ganso, saucisses secs francesas e bacon curado alemão. Carregados, voltamos pro hotel pra encontrar as meninas, que tinham ido a Utrecht, e fomos jantar no italiano da esquina do hotel, na Anhalter Str. Alívio, quase todo o staff do restaurante era italiano de verdade - menos um garçom croata que gostou das meninas e ficou a noite inteira fazendo comentários engraçadinhos. Mas foi divertido.
Ainda voltamos à Potsdamer Platz pra uma última cerveja dentro do Sony Center, na Lindenbräu.

Acordamos meio atordoados e fomos tomar brunch no Hannibal, em Kreuzberg. Lugar tranquilo e relax, bem na frente da Görlitzer Bahnhof. O bufê era ótimo, com queijos, pães, saladas, frios, salmão defumado, uma sopa de batata incrível, ovos mexidos, bacon, linguicinhas, torta de maçã, etc. Tudo reposto rapidinho, por módicos 8 euros.

(brunch de domingo é meio uma instituição em Berlim, pelo que entendi. Quase todos os lugares oferecem suas variações, por preços que vão de 5 a 10 euros em média, e as pessoas ficam lounging, comendo e bebendo até as quatro da tarde. Esse Hannibal eu encontrei recomendado no TripAdvisor e reservei pela internet mesmo)

Chegamos ao meio-dia e saímos rolando às duas da tarde. Fomos andando pelo bairro seguindo a linha do trem, até chegar na Warchauer Str. Subimos até a East Side Gallery, o maior pedaço remanescente do Muro, que eu considero uma das coisas mais dubiamente legais de Berlim. Paramos na Ostbahnhof pra descansar, passamos na feirinha de tranqueiras atrás da estação e fomos pra Alexanderplatz.

Rodeamos a Fehrnsehturm, e ficamos bebendo num café na frente. Céu azul, brisa, ficamos lá uma hora. Depois resolvemos ver o Portão de Brandenburgo antes que escurecesse, e no caminho demos de cara com o Holocaust Denkmal, um monumento sinistro/angustiante/curioso. Blocos de concreto alinhados como túmulos num cemitério, que vão ficando mais e mais altos no centro da instalação, dando uma sensação horrível de aprisionamento.



Tiramos fotos no Brandenburger Tor, demos uma caminhada pela Unter den Linden, comemos uma currywurst e paramos pra mais uma Berliner.

Voltamos ao hotel pra tomar um banho e saímos de novo pra jantar. Em dúvida, fomos para a Oranienburger Str., uma rua apinhada de bares e restaurantes em Mitte. Apesar do agito, não tinha nada que nos agradasse e acabamos comendo num italiano/turco mesmo (tipo os que tem aqui). Razoável, nada de memorável, mas barato (aliás, o custo de vida em Berlim é algo mais barato que em Amsterdam e no resto da Alemanha). Passamos no Café Zapata, um squat transformado em clube/bar, mas o som que estava rolando me espantou rapidinho, hahaha. Mais legal parecia o bar ao ar livre no pátio de trás do squat, mas estava todo mundo cansado e acabamos voltando pro hotel. Nessas horas é que eu odeio estar ficando velha. Se fosse há quinze anos eu ia adorar ter ficado bebendo no meio do entulho de um prédio em ruínas. Hoje eu não troco uma noite de sono por nada.

Então. Esta semana fomos pra Berlim ver os amigos que vieram pra Europa por conta da Popkomm, uma feira internacional de música e entretenimento - gravadoras, selos, distribuidores, etc. Paralelo à parte business, acontece também um festival de música, bem abrangente. Como o parceiro deste ano da feira é o Brasil, algumas bandas foram selecionadas pra fazer shows - Mawaca, Bojo&Maria Alcina, Cidadão Instigado, Wado, Clube do Balanço, Cabruêra, Sonic Jr e outros. Achei as escolhas acertadíssimas e bem representativas do que rola no Brasil estes dias. Chega de bossa-nova, MPB chata, músicos decadentes e cantoras sem sal.

(tudo bem, depois eles deram um jeito de enfiar o Eduardo Gudin, o Chico César, a Elba Ramalho e Badi Assad no programa, mas me disseram que não teve jeito)

Parte do Mawaca ficou aqui em casa uns dias antes da Popkomm e depois nos encontramos na Alemanha. Claro, todo mundo de cabelo em pé por causa das dificuldades da produção de confirmar qualquer coisa até o último momento, mas foi divertido.
Saímos de trem daqui no sábado às onze e meia da manhã e chegamos na Hauptbanhof às cinco e meia da tarde. A estação central de Berlim agora é a Lehrter Bahnhof, a duas paradas da Potsdamer Platz, o que ficou muito conveniente - a dez minutos a pé do hotel que reservamos.

(eu achei incrível ter um Etap bem no meio da cidade. Prédio novinho, banheiro no quarto, super chuveiro, máquinas de café no saguão, mapinhas grátis, S-Bahn na frente e várias estações de U-bahn por perto. Tudo por 55 euros o quarto duplo. Recomendo mesmo. Aliás, pra quem for, nem contrate o café-da-manhã do hotel, apesar de ser bom e barato - o café da frente oferece trocentas opções por quase o mesmo preço, e até as 16h)

Encontramos a Magda e fomos dar umas voltas. Ela queria ver o lugar onde o Mawaca ia se apresentar na KulturBrauerei, então fomos até Prenzlauer Berg. Descemos na Schönhauser Allee, mas na verdade o ponto certo era um antes, e andamos um mooooonte. Sem contar que a numeração das casas lá é como em Paris - cresce de um lado e decresce do outro em sentidos opostos. Ou seja, o número 6 pode muito bem ser across the street do 400. Ficamos gastando os calcanhares por uma boa meia hora até entender finalmente isso (ai meus pés!)

Achamos o lugar, que parece um SESC Pompéia gigante. Era uma cervejaria que virou um complexo de bares, clubes, teatro, cinema, etc, todos ocupando os antigos galpões que um dia funcionaram como casa das máquinas, centro de engarrafamento e distribuição, refeitório...Dez da noite e tudo calmo, porque ainda era cedo. Demos umas voltas, comemos um bratwurst com mostarda, tomamos uma cerveja e fomos embora. Ai, a idade que pesa.

September 15, 2006

Aproveitando as visitas interessadas em música étnica, fomos ao Tropenmuseum, que reúne uma boa coleção de artefatos indonésios, além de vários showcases culturais da América Latina, países islâmicos e Sudeste Asiático. O passeio é mesmo recomendado para crianças inclusive, porque muita coisa é mostrada de maneira lúdica, como reproduções de tendas marroquinas, salas paquistanesas, botecos sulamericanos e outras variedades.
Claro, o museu na verdade é uma tentativa da Holanda de aliviar a consciência pela exploração das suas colônias, mas a gente finge que não percebeu.

September 14, 2006

Tããão cansada.

(fisicamente, claro. Meus pés doem. Experimentem andar com três mulheres al borde de um ataque de consumismo aqui em Amsterdam)

September 12, 2006



E claro, toda a população japonesa da cidade estava lá. O melhor foi uma menina vestida de quimono pular no palco e começar a dançar, queria ter tirado uma foto. Rude girls rule.

"A Quick Drunkard" é uma das músicas mais legais ever. O último show de ska em que me diverti tanto foi o dos Toasters, há muitos e muitos anos. Nem me lembre que eu perdi os Skatalites em julho aqui.

Fomos ao Melkweg ontem ver a Tokyo Ska Paradise Orchestra. Dez japoneses de terno cor-de-rosa e óculos escuros fizeram o melhor show que vi nos últimos tempos. Ska de dançar pulando, jazz à Miles Davis, surf-rockabilly digno de trilha do Tarantino, energia inesgotável e casa lotada. Pra quem tem o álbum "On Tour", é mais ou menos o mesmo setlist. Puta show. Puta banda. Gotta love these japs.

September 11, 2006

Comprei um DVD que eu nem sabia que existia : "Jan Kounen - 4 Films". Eu assisti a dois longas dele na minha vida, "Dobermann" e "Blueberry" e achei bem interessantes, porque não são muito comuns, nem visualmente nem no ponto de vista (se bem que tenho que confessar que o maior atrativo neles pra mim é o Vincent Cassel, hahaha). Mas não são filmes que alguém possa amar - no máximo achar divertido ou incômodo.
Já nos curtas fica mais evidente o punch surrealista à moda Jeunet (não por acaso, a parte visual de um dos curtas, "Vibroboy", é do Marc Caro). Fica evidentíssima a influência do Shinya Tsukamoto e seus "Tetsuo" - algumas sequências são iguais, como os personagens correndo em "Gisèle Kérozène", e o surgimento do "Vibroboy", montado a partir de pedaços de ferro-velho. Achei "Capitaine X" bem legal, com uma câmera subjetiva a partir de um cara "duro de matar". Falta ver "Le Dernier Chaperon Rouge", com a Emmanuelle Béart, mas promete ser bom.

September 09, 2006

Depois de alguns meses na prateleira, li o "A Long Way Down", do Nick Hornby. Gosto dele, mas por algum motivo nada do que ele escreve fica muito tempo na minha cabeça. De "How to Be Good" eu não consigo nem lembrar qual a história, preciso reler. Os outros, se não tivessem feito filmes a partir deles, me fugiriam também. Este pelo menos me deu something to hold on to, por conseguir fragmentar a narrativa entre tantos pontos de vista diferentes com sucesso, e cada um deles ser razoavelmente interessante. Não é lá uma grande obra, mas é uma boa leitura. Coisa que se aplica a todos os outros livros dele, I'm afraid. Mas tem humor e alcança bem algumas questões - como lidar com o que somos, com os outros, etc. Tô guardando os não-ficção pra ler em outra fase.

You Are 71% Bitchy

While you may not think of yourself as the ice queen, admit it, you're often in a bad mood.
And it's those around you who often bear the brunt of your annoyance, even if they haven't done anything wrong!


Wow. Como eles descobriram?

Your Toes Should Be Black

A total rulebreaker (and heartbreaker), you're always a little punk rock.

Your flirting style: Wacky and a bit shocking

Your ideal guy: An accomplished artist, musician, or writer

Stay away from: Preppy guys looking for a quick bad girl fling


Vi na Juli and said, "why not?"
Tá quase, minhas unhas são roxo metálico.

September 08, 2006

Okay, mais um momento propaganda-coruja :

Vi umas fotos e algumas resenhas, parece ótimo. E Gabriel Vilela dirigindo o meu xodó, eu assistiria todo dia. Se não estivesse aqui, claro.

LEONCE E LENA, de Georg Büchner. Comédia romântica. As montagens do diretor mineiro Gabriel Villela têm marca própria dentro da dramaturgia brasileira. De Shakespeare a Chico Buarque, não importa, os autores que ele encena ganham um inconfundível – e coerente – toque circense. É o caso da adaptação da peça do alemão Georg Büchner (1813-1837). Numa arena revestida de papelão pelo cenógrafo J.C. Serroni, o público acompanha o encontro romântico dos príncipes Leonce (Luiz Päetow) e Lena (Ana Carolina Godoy), em fuga de seus reinos. Cobertos por máscaras e um figurino extravagante, os onze atores do elenco desfiam humor e sátira política, até mesmo da atualidade brasileira (90min). 14 anos. Estreou em 4/8/2006. Sesc Avenida Paulista – Espaço 10º Andar (100 lugares). Avenida Paulista, 119, 3179-3700, Metrô Brigadeiro. Quinta, 17h; sexta a domingo, 20h. R$ 15,00 (qui.) e R$ 20,00 (sex. a dom.). Bilheteria: 9h/22h (ter. a sex.); a partir das 10h (sáb. e dom.). Ingressos também no CineSesc e nas demais unidades do Sesc. Até dia 24. (Vejinha online)

September 07, 2006

Na verdade, apesar do Costello ter uma história antiga com o jazz, quando ele casou com a Diana Krall eu fiquei com medo. Ela é tão chata que poderia influenciar o trabalho dele. A época que ele foi casado com a baixista dos Pogues, a Caitlin O'Riordan, foi quando ele produziu a maior parte das minhas músicas favoritas. Mas enfim, if he's happy... *shrugs*

Ontem fomos ao Heineken Music Hall ver o Elvis Costello com a Metropole Orkest. O show é resultado da parceria no North Sea Jazz Festival de 2004, onde as músicas do velho McManus foram executadas em arranjos jazzísticos e orquestrais. Deu tão certo que virou disco (eu quero!).

O lugar é novo, talvez um pouco maior que o Palace em São Paulo (nem sei como se chama agora, da última vez que fui lá era DirectTV Music Hall, argh), com um pé direito alto e acústica razoável. Claramente feito pra shows de-grande-porte-pequenos-demais-pra-estádios, ou seja, a maior parte do espaço é uma grande pista. E o show era sentado. O que eles fizeram? Colocaram filas e filas de assentos. Todos no mesmo nível.

(a altura média das pessoas aqui é 1,80m. Vários passam bastante disso. Eu tenho 1,60m. Tenho que me conformar com o fato de que nunca vou conseguir enxergar direito um show aqui ¬¬ )

Comecei a achar que ia ser um grande mico. Comprei os ingressos há dois meses e mesmo assim, nossos lugares eram na fila 20, razoavelmente no meio. A fila na nossa frente estava totalmente preenchida por holandeses cabeçudos e altos, alguns comendo cachorro-quente, outros tomando cerveja. O casal do nosso lado eram uma mulher genérica e um homem imenso e gordo, carregando um pedaço de pizza de pepperoni (!) e um copo de cerveja. Ele sentou do meu lado. Sorte que as luzes se apagaram na hora que ele começou a comer, porque senão ele teria visto a minha cara de horror. Mas horror mesmo foi quando ele terminou...e começou a limpar os dentes com a unha. Rezei pra que ele parasse logo, mas ele devia estar com algum pedaço de pepperoni preso no maxilar inferior, e ficou cutucando entre os dentes lááá no fundo, enfiando o dedo o máximo possível. Discretamente limpando a mão na própria camisa (do lado oposto ao meu, graçasadeus).

A orquestra começou a tocar a abertura, um e eu resmungava com meus botões sobre o lugar, os vizinhos, a farofada, com medo do resto da noite. E aí o Costello explica que fez um arranjo pra esse show durante um dia chuvoso em Honolulu, e nos primeiros compassos eu já tenho um troço.

"All this Useless Beauty". Uma das minhas preferidas ever. Ouvindo aquela voz quebrada e característica cantar essa música ali, de repente, me senti a pessoa mais sortuda do mundo. O gordo do lado podia comer uma pizza quatro queijos inteira ali que eu não ia estar nem aí.

E o show foi realmente lindo. Rock 'n roll, jazz, pop, blues, todos se alternando, acompanhados por aquela grande big band ou pela cozinha básica. E aquela voz. Ouvi "The Birds Will Still Be Singing", "Almost Blue", "Alison", e não parava de me arrepiar. A maioria dos fãs do Costello não gostam de "She", porque foi a culpada da súbita popularidade dele entre um público, er, "indigno", mas eu tenho que dizer : ele canta muito bem essa música. O sucesso dessa interpretação da música do Aznavour não vem do nada.

Os arranjos de jazz me soaram muito Billy Strayhorn, por isso não foi surpresa quando tocaram "Blood Count", a última composição do Strayhorn, para a qual ele escreveu a letra. E realmente, é uma match made in heaven. As partes bluesy são influência do trabalho com o Allen Toussaint, certamente. A veia pop e rock 'n roll sempre estiveram lá, obrigada.

Depois do terceiro bis e quase duas horas e meia de show, a platéia continuou exigindo encore!. Ele, então, disse que a casa precisava desligar o som, mas ele iria cantar "acústico". E foi o que ele fez, cantou "Couldn't Call It Unexpected", sem microfone, sem acompanhamento. Foi impressionante, não se ouvia um pio do público. A certa altura, o piano entrou, também sem amplificação. E mais outro instrumento, e mais outro, todos emitindo seu som natural. Ele então convocou a audiência a cantarolar junto, e o silêncio se quebrou, finalmente. Foi um grand finale.

September 06, 2006

Aproveitando um presente de casamento muito generoso, fomos jantar no Yamazato, um dos melhores restaurantes japoneses daqui. Fica dentro do Hotel Okura, e apesar da decoração carecer de charme (como a maioria dos restaurantes de hotel), o menu é um arraso : você pode escolher entre os kaiseki ou à la carte (bom, num restaurante com uma estrela Michelin imagino que qualquer opção seja boa).

Começamos com um gyu sushi - na verdade, um sashimi de carne. Muito fresco, em fatias finas e servido com um molho parecido com marinada de bulgogi (shoyu, mirin, óleo de gergelim, açúcar e gengibre, provavelmente). Depois pedimos um sashimi moriawase - cinco tipos de peixe e um tiquinho de ikura (ovo de salmão). Claro que dois dos peixes eram os indefectíveis salmão e atum (até aqui, pô?), mas os scallops e os ama-ebi compensaram.





Depois, pedimos um sukiyaki de Wagyu beef (aquela carne especial, de boi mimado e massageado) e um tempura de lagosta (uma cauda de lagosta inteira cortada em seis pedaços). "Absurdo de bom" me parece um understatement pra descrever esses pratos, mas me faltam palavras.





Regamos tudo a várias doses de saquê, que só fizeram efeito quando terminamos o jantar e saímos do hotel. Mas como as pessoas que moram nas nossas cabeças cuidam bem da gente, chegamos em casa direitinho. Eu acho.

*Aniversário serve pra receber mensagens tri-queridas de pessoas tri-queridas. Por isso, ficar mais velha até que é um preço justo ;)

*Serve também de desculpa pra uma auto-retrospectiva rápida. No meu caso, foi fazer o backup dos arquivos do blog. Li cinco anos no espaço de duas horas.

*Eu era mais engraçada antes. Agora tô uma pedância só. Como vocês ainda lêem isso aqui, hein?

*Eu descobri que tem outra pessoa morando no meu corpo. E ela cuida de mim quando eu estou inconsciente. Isto é, bêbada. É ela quem guarda as minhas roupas no lugar, tira fotos com a minha câmera, me faz chegar em casa direitinho mesmo que eu não lembre nem de ter saído do restaurante e me coloca na cama, de maquiagem tirada e tudo. E foi ela quem guardou as compras e mandou os scraps aquele dia. Só preciso perguntar pra ela onde ela guardou o par do brinco que eu estava usando ontem, porque só achei um.

*Já os vexames, esses fui eu mesma. Shhh.

September 03, 2006

Como "Art of the Devil 2" foi uma ótima surpresa, fomos atrás do 1. Com o mesmo tema de magia negra como vingança, "Art of the Devil" é um pouco mais fraco, menos demência cruel-"Audition" e mais demência assassina-"The Grudge", acho. Mas ainda assim um filme de terror interessante.

Vimos "Lady Snowblood" ontem. O filme, de 1973, é baseado num outro mangá do autor de "Lone Wolf and Cub", e foi uma das fontes que inspiraram "Kill Bill" (mais o 1 do que o 2), do Tarantino. De fato. É como olhar para o filho e ver a cara do pai (no caso, mãe? hahaha). Muito sangue espirrando, corpos cortados ao meio com um só golpe de espada, uma vida dedicada à vingança, história em capítulos, uma trilha sonora incrível. E acima de tudo, muito bom.

September 01, 2006

Atualizações rapidinhas :

* Semana passada teve o Uitmartkt, um festival com música e performances espalhados em diversos pontos da cidade. Passei rapidinho por dois dos palcos, já que estava no centro mesmo, mas não achei nenhuma atração que me chamasse a atenção.

* Normalmente não tenho muito contato com adolescentes. Mas nossos hóspedes foram a comprovação de que idade não é documento. Educados, inteligentes e divertidos sem deixarem de ser jovens típicos, achei lindo. Ouvem de Thelonious Monk a Cartola, dormem como pedras, acham o máximo poder fumar em qualquer lugar, pedem por favor e dizem obrigado, gostam de ler e também de sair pra um lugar qualquer até as seis da manhã, comem qualquer coisa que não os morda primeiro, podem viver de Burger King mas apreciam boa comida, se preocupam se estão atrapalhando, não se importam de andar na chuva nem de viajar 15 horas de ônibus. E o mais importante, têm aquele frescor da descoberta, de tudo ser novo. Matu e Dani, voltem sempre.

* Era pra gente estar em Londres agora, pra ver o show do Gang of Four. Mas eles adiaram, e eu fiquei frustrada. Já estava planejando o roteirinho básico. Inferno astral é inferno astral, afinal de contas.

* Vi "In Her Shoes" em DVD. Gracinha de filme, me faz lembrar que minha irmã é a pessoa que mais me conhece neste mundo. E uma das que eu mais amo. Descobri que a Toni Colette é mais nova que eu, mas não parece. E o mais legal dos extras do DVD é descobrir que eles fizeram questão de colocar um vira-lata no elenco pra estimular a adoção. Todo cachorro de raça que aparece em filmes gera uma corrida às lojas e criadores atrás de um igual, e a equipe deste filme quis evitar isso, preferindo mostrar ao público que salvar um mutt de um abrigo pode ser muito mais legal. Só por causa disso, sou capaz de comprar tudo que diz respeito ao filme, só pra apoiar.