November 29, 2006

Doenças japonesas : OH!Mikey!, uma série onde todos os personagens são...manequins. Daqueles, de loja. Dizem que é um sucesso no Japão, o que eu não duvido.

Semana passada finalmente fui conhecer Rotterdam (o consulado brasileiro é lá). A uma hora e pouco de trem daqui, a cidade é absolutamente o oposto de Amsterdam. Prédios altos, futuristas, muitos carros nas ruas largas, restaurantes e lojas modernos, clima cosmopolita. E aí me dei conta de como minhas origens paulistanas necessitam de edifícios gigantes e cheios de luzes e de faróis de carros para se sentirem em casa. Mas é verdade, me crucifiquem : eu prefiro o anonimato que só as grandes metrópoles podem dar a viver em vilarejos preservados e lindamente pitorescos, onde todo mundo se conhece. Mas só pra provar que ninguém nunca está satisfeito, em São Paulo eu sonhava em morar num predinho sem elevador, numa rua onde tivesse feira perto e bares e lojas legais que se pudessem acessar a pé. Nos sábados de sol faria as compras no comecinho da tarde e passaria o resto do tempo fazendo pão, cultivando ervas aromáticas e recebendo os amigos na minha casa muito aconchegante. Ironia do destino : consegui exatamente tudo isso, mas não em São Paulo. E não, não estou me queixando. Reclamar do quê? É a vida que eu queria, não é? O lugar é legal, as pessoas é que estragam. Exatamente o que dizem de Paris. E hoje me pego suspirando por apartamentos em andares altos em prédios em que você não conhece nenhum dos vizinhos, e por fazer compras em hipermercados onde é impossível ser atendido pelo mesmo funcionário no caixa duas vezes seguidas. You just can't win. Ou eu é que tenho problemas seríssimos.

(não nasci pra ser famosa, definitivamente. O meu apreço ao anonimato e à privacidade é algo mais forte do que eu. Me incomoda até ser reconhecida pelos garçons de restaurantes que eu frequento sempre em SP. É muita doença?)

Enfim, ir a Rotterdam foi quase como viajar, com a vantagem de ser muito mais perto e barato do que ir à Alemanha ou à França. Saindo do consulado, paramos no café Engels, no mesmo prédio. Cadeiras estofadas de oncinha, paredes vermelhas, um luxo. Saímos de lá e fomos andando até o Coolsingel, onde vários quiosques fazem as vezes de restaurante. Entramos no Wasabi, um japonês simpático bem na frente da prefeitura, um dos únicos edifícios sobreviventes ao bombardeamento na IIWW. O combinado de sushi e sashimi que pedimos foi ótimo, com peixes além dos obrigatórios salmão e atum. O mais interessante foi um de tobiko com wasabi, com os ovinhos tingidos de um verde vibrante, cor de gelatina de limão, mas com todo o poder do wasabi.
Andamos até o porto, lindo à noite, com todas as luzes e a Erasmus Bridge ao fundo. Achamos um bar/restaurante descoladíssimo, o Bazar, ao lado do hotel de mesmo nome. Apesar de só termos bebido cerveja, vi que o menu é basicamente turco/mediterrâneo, e pelos pratos que vi circulando, a comida deve ser ótima. O ambiente é animado, cheio de gente jovem/bonita/moderna, atendimento idem. Cool. Preciso voltar lá alguma hora.

Mas não vejo a hora de chegar em SP, pra falar a verdade.

November 28, 2006

Movida pela versão bonitinha de "After Hours" que o Gael canta vestido de ursinho no filme, tou aqui ouvindo todos os meus álbuns do VU. Tão lindo, lindo, lindo. Fico sempre arrepiada.

November 26, 2006

Sabe quando a gente tem um daqueles sonhos que envolvem algumas coisas da vida real misturadas a outros fatos levemente (ou muito) absurdos, mas que no sonho fazem super sentido? E quando a gente acorda ainda achando que faz super sentido e tenta contar para alguém o tal sonho, não consegue explicar como uma coisa se transforma em outra de repente e como os fatos seguem uma lógica truncada. E cinco minutos depois, se pega perguntando a si próprio como achou que aquilo tudo fazia super sentido.

"The Science of Sleep", do genial Michel Gondry, consegue a proeza de colocar tudo isso num filme difícil de definir ou explicar - exatamente como um sonho. Tudo é estranho. E como Stéphane (Gael García Bernal, foooofo), a gente acaba não conseguindo distinguir onde começa ou termina a realidade. Mas pra quê? Viver num mundo que tenha nuvens de algodão que flutuam com o acorde certo, água de celofane, Charlotte Gainsbourg (fooooofa) e Alain Chabat (impagavelmente pentelho), clima impossivelmente retrô e Paris me parece melhor que em qualquer outro.

November 24, 2006

Hahaha! A Kris me passou um meme original, pelo menos : 3 autores que desisti de ler.

I.Salman Rushdie - tentei ler "The Ground Beneath Her Feet". Tentei, mas não consegui passar dos primeiros capítulos. O livro está fechadinho ali, até agora, e não tenho vontade nenhuma de abri-lo novamente. O que pra mim é equivalente a sair no meio de um filme no cinema. Aconteceu UMA vez, num filme do Manoel de Oliveira. Insuportável, pretensioso, lento, verborrágico. Argh.

II.Jorge Amado - li "Capitães da Areia". Ou foi "Tocaia Grande"? Talvez os dois, sei lá. E jurei nunca mais perder tempo com algo dele. Literatura barata, pobre. Material excelente pra novela de TV.

III.Qualquer autor português - Acho todos insuportáveis. Li vários na época do colégio, e se me perguntarem agora qual é qual, não saberia dizer. Agora tenho trauma. Sou menos culta por causa disso? Foda-se. Pelo menos não perco mais tempo. Aliás, estou começando a achar que o Salman Rushdie é português.

Paulo Coelho não entra nesta lista porque é um autor do qual decidi conscientemente ler UM só livro, só para saber do que se trata (e poder falar mal). E assim foi.

Agora tenho que passar pra alguém. Tenho? Sei lá, responde aí quem quiser. Só me avisem que eu quero saber quem são seus autores renegados!

Aw. Adieu, Philippe Noiret.

November 23, 2006

Ontem foi dia de eleição por aqui. Alguns resultados são bom sinal, outros não. Mas eu me recuso a falar sobre política, nem brasileira e nem de qualquer outro lugar - o que ímporta é que existe um Partido dos Animais aqui, e ele recebeu votos suficientes para garantir duas cadeiras no Parlamento. Nem tudo está perdido...

Ah. E eu tentei tirar fotos do show do CSS. Mas a indomável Lovefoxxx não parava quieta, e todas saíram borradas. Ela estava menos "furiosa", diga-se de passagem - mas isso eu devo ao desgaste de uma turnê longa e ao bom apoio de banda. Ana Rezende inclusive foi uma das presenças mais cool no palco, dançando a macarena com o ar mais blasé deste mundo e um cigarro eternamente pendurado entre os lábios. Com direito a subir no plateau da bateria nos últimos momentos, de costas para o público. Rock and roll.

;)

edit : Mãããs...consegui fazer dois videozinhos. A imagem não está grande coisa porque resolvi usar a resolução menor para conseguir gravar mais tempo. Mas dá pra ter uma idéia. "Alala" e "Off the Hook".



November 22, 2006

Fui ver "The Black Dahlia" hoje. Jeeeesus, por onde começo? Roteiro confuso, com milhões de pontas soltas, personagens que aparecem do nada e vão a lugar nenhum, elenco mal escolhido? Ou talvez pela cenografia e figurinos bonitos, que se perdem em meio a elementos inexplicáveis, como os personagens assistindo a filmes mudos da década de 20 em 1947 e a coreografia de showgirls lésbicas? Ou então o fato de quererem convencer o público de que a Hillary Swank é sósia da Mia Kirschner? (juro, esse foi o pior na minha opinião. Cheguei a me sentir culpada por não achar nenhuma semelhança entre as duas, o que era um ponto crucial no plot - somado ao fato de que não gosto de nenhuma das duas). Em resumo? Um desperdício de Scarlett Johansson.

(quem, QUEM achou que o Josh Hartnett poderia fazer um detetive de filme noir?)

Pra falar a verdade, só gostei da k.d.lang cantando "Love for Sale". Mas eu adoro a k.d.lang anyway, então não é um grande mérito.

Fomos ver o CSS no Paradiso, finalmente! Os modernos saíram de suas tocas (onde será que eles se escondem?) e encheram a casa. E claro, ficaram cativados porque sinceramente, foi um PUTA show. A banda, depois de tanto tempo de turnê, está à vontade e com o som redondinho, pesado e punchy. A fofa Lovefoxxx, como sempre, carregou a platéia around her little finger. Falou bobagem, jogou colheres de plástico para o público, reconheceu gente que tinha ido ver o show em outras cidades. Minha gente, ela fez a holandesada fazer dancinha!
Fiquei emocionada, sério. Quando todo mundo vibrou ao reconhecer "Let's Make Love...", que acho que é a música de trabalho para o mercado internacional, fiquei pensando que gostaria de ver as caras de todo mundo que gongou MUITO a banda no começo. Tsc.

Eu só acho que eles deveriam fazer um álbum ao vivo. Sinceramente, e como eu já disse antes, o CD não faz jus ao som. Akira disse que definitivamente não é a mesma banda.

Senti uma certa agulhada num dos jornais daqui dirigidos à comunidade de expatriados, que comentou que o CSS é a única banda vinda de São Paulo que já fez sucesso internacionalmente, mas que o show vale a pena porque as meninas são bonitinhas. Er, juro que não consegui pensar NUMA banda holandesa que tenha chegado ao mesmo ponto recentemente (Focus não vale). Aliás, não consigo pensar em nenhuma banda holandesa BOA. O Bettie Serveert, que começou bem na década passada, hoje está um porre de chato. Então, holandesada e outros com dor-de-cotovelo, shut up.

November 19, 2006

Resolvi testar a técnica de brining este fim-de-semana, e coloquei um frango totalmente imerso numa vasilha com água fria e sal. O truque é experimentar a água, que deve ter um gosto parecido com água do mar. Acrescentei uma folha de louro esmigalhada, algumas folhas de tomilho, algumas pimentas-do-reino, fatias finas de alho, um pouco de açúcar e uma metade de limão espremido, e deixei na geladeira por 24 horas.
Retirei a ave do brine, sequei bem com toalhas de papel e esfreguei uma mistura de manteiga, tomilho, alecrim, sal e alho por baixo de toda a pele. Recheei com uma cebola cortada, meio limão e uns ramos de tomilho e alecrim. Espremi suco de limão por toda o frango, polvilhei com sal e pimenta e coloquei no forno a 220 graus por 30 minutos, com o peito virado para baixo. Virei o peito para cima e deixei mais 30 minutos. Mais uns 15 minutos para dourar a pele, e voilà : um frango macio, suculento e bem temperado. YUM.

Graças ao Antonio, em Barcelona comprei o lindo "La Catedral del Mar", do Ildefonso Falcones. O livro acompanha a saga de Arnau Estanyol, um homem íntegro e corajoso na Catalunha medieval, onde guerras, feudalismo, fome e a Inquisição põem à prova o direito de ser livre. Super bem baseado historicamente, é um page-turner delicioso, mais ainda por quase todos os lugares descritos ainda existirem atualmente. E acima de tudo, ter toda a construção da Igreja de Santa María del Mar como pano de fundo. Essa é a igreja que me emocionou ao ponto de me debulhar em lágrimas sem nem saber o porquê. Hoje acho que sei - tanta dedicação e devoção por parte de um povo não podem passar batidas, e com certeza aquelas pedras ainda carregam uma vibração emocional imensa. Não vejo outra explicação. E agora, mais que nunca, tenho vontade de voltar a Barcelona e explorar novamente todos esses lugares.

Aliás, este ano foi particularmente feliz em termos pessoais. Pude conviver um pouco com alguns dos meus amigos mais amados (que por algum motivo estranho moram quase todos fora do Brasil) - e consequentemente, Akira também os conheceu, o que é totalmente importante pra mim. Além disso, recebemos MUITAS visitas e vimos MUITA gente. As conhecidas se tornaram ainda mais queridas, e as desconhecidas (amigos/família de amigos) se mostraram ótimas surpresas, pessoas absolutamente queridas e especiais.

Snif. Fico até emocionada. Isso porque não tô nem falando dos amigos que vi no Brasil. E dos que faltou ver. E dos amigos que moram aqui. E dos com quem retomei contato, graças à grande rede e ao Orkut. E dos que estou esperando aportarem aqui algum dia.

E não vou citar nomes, vocês todos sabem quem são.

Aline queridíssima me mandou de presente o novo livro do Giorgio Locatelli. Uau. Uma verdadeira bíblia de 600 páginas de cozinha italiana, alternando histórias, receitas e fotos fantásticas. Autografado, ainda por cima. Estou lendo pouco a pouco, e a minha vontade é ou ir passar um mês na Itália ou me trancar na cozinha pelo mesmo tempo executando aquelas receitas maravilhosas.

A coincidência é que chegou no dia do aniversário dela. Mandei flores, que acho que não conseguiram ser entregues porque claro, ela foi comemorar! ;)

November 16, 2006

Ê! Nasceu o Théo, sobrinho!
(eu que nem gosto de criança, tô aqui comemorando, vê se pode)

Minha mala chegou, depois das feriazinhas no Faro.... ¬¬

Fui assistir a "Clerks II" antes que saísse de cartaz (Kevin Smith não faz sucesso aqui na Holanda, caralho?). Uau. Clerks em crise de meia-idade, curioso. A eterna questão "crescer e encaretar ou fazer o que se tem vontade", vendo todo o universo ViewAskew meio caidaço fisicamente, mas o cineasta mostrando que cresceu. A cinematografia muito mais elaborada que em "Clerks", mas mantendo o mesmo espírito. Idéias ótimas como sempre. Humor de fazer rolar de rir. Sarcasmo no talo. E colocando as gerações "Star Wars" e "LOTR" em luta. NERD até o fim.

O Brian O'Halloran tá ficando a cara do Stephen Root (Newsradio), que tem uns 15 anos a mais. E o Jeff Anderson tá inchado, esquisito. Dá pra perceber os dentes falsos do Jason Mehr. O Jason Lee incorporou o Earl, pelamordedeus (and to think he was so hot). E Jesus, acabei de ver que a mulher do Kevin Smith tem a minha idade. O único que não sentiu o peso do tempo foi o próprio Silent Bob. E a LINDA da Rosario Dawson, aff. Mas o que vale mesmo é ver o Trevor Fehrman e seu Elias absolutamente impagável. Novo clássico.

November 15, 2006

Segunda-feira, acordamos tarde, arrumamos a mala, tivemos um check-out elegantemente britânico e saímos em busca de algo para comer antes de ir ao aeroporto. Acabamos parando no Café Brood (é, pão em holandês!!!), onde comemos um lamb kebab e um beef kofta feitos na hora por uma mocinha muito rápida. Andamos um pouco mais e o café "Support British Food" das linguiças por £3,50 estava aberto, crap.
Fomos para Gatwick naquele trem que, por mais rápido que seja, demora séééculos para chegar (tá, meia hora) e fizemos o check-in cedo na EasyCrap, conseguimos entrar no grupo B de embarque e tomamos mais umas no café do aeroporto. Chegamos em Amsterdam, e guess what? Minha mochila não chegou. Foi para o Faro, em Portugal. EasyCrap.

Domingo acordamos tarde e fomos tomar café da manhã num bar da estação. Yum, english breakfast comanda. Depois fomos andando até a Tower Bridge e estava uma movimentação danada por lá. Entendi que era uma maratona patrocinada pela Nike. Resolvemos então atravessar a ponte (aquele bolo de noiva liindo, hahaha) e passar na Tower of London pra comprar perfume de rosas pra minha mãe. O problema é que pra voltar foi uó, andamos e andamos até conseguir atravessar o Tâmisa de volta. Ufa.
Pegamos o trem até o Pappon Manor e passamos o resto da tarde lá. Eu curto, as crianças são lindas e super bem-educadas, a casa é uma delícia, a senhoura P. é uma querida absoluta sem frescuras e o Thomas preparou uma galinha d'angola matadora. Quer mais?
Pensamos em ir para o centro depois, mas : 1. Domingo à noite 2. Quase dez da noite = não ter muita coisa acontecendo. Fomos ao bar do hotel mesmo e tivemos uma noite super agradável. Depois que ele fechou, compramos crisps (lamb with moroccan spices, tasty!) no off-licence na frente da estação, mais duas latas de Guinness e we were happy for the night.

Aline foi com a gente até o Tube, e de lá seguimos para a Roundhouse, na Chalk Farm Rd., perto de Camden Town. A fila para o show do Herbie Hancock estava assustadoramente longa (tipo, dobrando duas esquinas), mas como já tínhamos ingressos reservados resolvemos não esquentar e fomos comer um kebab na frente enquanto não abriam as portas.
O lugar é grande, e mesmo com lotação esgotada dava pra ficar mais para o fundo sem acotovelamentos. O som é que não era grande coisa, mas enfim, depois que o show começou vimos que não ia fazer muita diferença mesmo. Que repertório mais estranho! Nos entreolhamos várias vezes, e quando HH anunciou que iam tocar uma música do Stevie Wonder, meu cérebro em pânico disse : "só falta ser I Just Called to Say I Love You!". Era. Saímos correndo e fomos tomar uma cerveja no terraço de fora. E assim foi o show inteiro. No bis, finalmente, veio aquilo por que Akira esperou o show inteiro - HH na sua forma original e conhecida, e não um arremedo de jazz pop para ouvidos infantis. Mas o bis foram duas músicas, e acabou.
Meio frustrados, resolvemos fechar a noite comendo algo e descemos na Leicester Square. Já eram dez e alguma coisa, então não pudemos pensar muito. Entramos em outro japonês em Chinatown e pedimos sashimi e sakê. Foi ótimo, a variedade de peixes surpreendente e a qualidade bem boa para o preço. Minha única decepção foi a tobiko salad que pedi. Pela descrição seria maravilhosa - pepinos e ovas de peixe-voador - se não tivesse vindo com maionese. Eew. Mas tudo bem, happy stomachs e fomos dormir.

Sábado dormimos até tarde e fomos de novo ao Borough Market for some breakfast. Estava absurdamente impossível de se andar (vá às sextas, definitivamente) lá dentro, mas conseguimos dar uma olhada nas barracas perto da Catedral. Acabamos dando sorte e comemos num café na Stoney St. que vendia 3 sausages no pão por £3.50, com mesinhas e tudo. Cumberland sausages are YUM.
Continuando pela vizinhança, fomos pela margem do rio até a Tate Modern. Como esse pedaço é agradável! O tempo bom, a Tower Bridge ao fundo, vários cafés e restaurantes, o Globe Theatre, e de repente a gente chega naquele colosso de museu. Estava cheio, claro, mas transitável. Fiquei com muita vontade de escorregar naqueles tubos prateados do Carsten Höller, mas as filas de crianças com seus pais eram quilométricas, hahaha.



O acervo é fantástico, uma boa coleção de arte moderna e contemporânea dividida em 5 andares. Não consegui me ater a detalhes por causa da multidão (pra mim), mas vi Giacometti, Miró, Duchamp, Warhol, Liechtenstein, Rothko, muitos Georges Braque e alguns Picasso, Léger, Francis Bacon. Tinha até uma bailarina do Degas. Pelo menos dois móbiles do Alexander Calder, alguma videoarte. A sala do Joseph Beuys foi uma das minhas favoritas, e algumas coisas que vimos no MACBA em Barcelona, semana retrasada : as figuras risonhas de Juan Muñoz e a arte da palavra no papel de Marcel Broodthaers. As caixas da Susan Hiller também achei fantásticas, and I could go on and on. Imagine se eu tivesse tido o tempo de apreciar tudo com calma.

(tenho que observar : esse site da Tate é absolutamente maravilhoso, lista quase tudo que está em exibição!)

Queríamos poder ter ficado no restaurante do último andar, que tem uma vista espetacular, mas de novo o problema de haver gente demais no mundo : tudo lotado. Ficamos andando por ele, então, vendo Londres pelas paredes envidraçadas. A Millenium Bridge vista do museu é um quadro futurista, com centenas de pessoas cruzando o rio entre a Tate e St.Paul.



Liguei pra Aline, minha amiga que mora há alguns (muitos!) anos na cidade, e marcamos de nos ver mais tarde. Akira e eu então fomos andando, andando, andando e quando vimos estávamos perto do Edgar Wallace. Entramos e resolvemos esperar lá. Entretanto, às cinco horas começou uma queima de fogos de artifício e o trânsito lá fora começou a ficar complicado. Damn, comemoração do Remembrance Day! O pub acabou fechando e tivemos que seguir andando até Covent Garden. Aline me ligou e combinamos no The Wellington, mas esse também estava cheio. Acabamos indo a um pub canadense, porque afinal o importante era conseguir botar parte da conversa em dia. ;)

Atravessamos a Southwark Bridge e fomos caminhando em direção à City. Engraçado, nos últimos meses parece que houve uma explosão de fast-foods japoneses vendendo sushis e bento boxes. Os sushis vêm embaladinhos individualmente em celofane, parecem docinhos. Na Cannon e na Fleet St. vi pelo menos umas três casas dessas, devia ter tirado umas fotos.
Chegamos no Strand bem na hora de encontrar com o Thomas saindo da BBC, e fomos comemorar o aniversário no The Edgar Wallace, um dos pubs mais simpáticos que já conheci.
Ainda era relativamente cedo quando saímos de lá, então paramos no Brewmaster. Ligamos para uma amiga do Akira que veio nos encontrar. Saímos em direção ao Soho para tentar um dim sum no Ping Pong, mas estava lotaaado (que pena, eu realmente queria ir lá). Ficamos meio que vagando pelo pedaço, conversando. Acabamos então entrando no Ramen Seto, perto da Carnaby St. E pedimos, claro, ramen. E edamame. E sashimi. E guiozas. Achei o caldo do ramen uma delícia, mas acho que já estava meio drunk demais (só no Edgar Wallace foram 4 ou 5 pints) e não consegui acabar meu prato. Shame.

Ufa. Toda viagem, mesmo que seja pra lugares a 45 minutos de vôo daqui, me deixa acabada e com preguiça de postar. Hã, talvez o fato de andar pelo menos seis horas sem parar todo dia tenha algo a ver com isso. Enfim.

Então, na sexta-feira foi aniversário do Akira, e fomos comemorar em Londres. Saímos daqui ao meio-dia de EasyCrap e chegamos mais ou menos no horário (ai, que saudade da Vueling). Fomos para o hotel, perto da estação London Bridge. Uau, lugar genial, atendimento elegante, altamente recomendável. Deixamos as bolsas e fomos direto ao Borough Market, na rua de trás (não escolhi esse hotel por nada). Uau duplo. Se na Boquería o forte são os pescados e frutos do mar, queijos e presuntos ibéricos, aqui o negócio são as especialidades gourmet- de linguiças de javali a cidra. Frutas e verduras? Tem, mas juro que nem prestei muita atenção (deixo isso para os restaurateurs que vão se abastecer lá). Queijos, chás (ah vá!), faisões ainda com as penas dependurados, foie gras, pães, salsichas, tudo oferecido por produtores do país inteiro.



Sexta e sábado são os dias abertos ao público normal, e muita gente vai é para comer. Hambúrgueres de avestruz, falafel, sanduíches de pernil assado, salted beef com mostarda de dill ou raiz-forte, raclette, beef and guinness sausages, souvláki de cordeiro - é só seguir o cheirinho de carne na chapa.
Acabamos decidindo por uma barraca que fazia sanduíches de filé fatiado com salada no ciabatta. Com mostarda à l'ancienne e cracked black pepper em cima é fantástico.

November 10, 2006

November 08, 2006

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA




Mais aqui.

November 07, 2006

Comprei pelo bol algo irresistível : a Hitchcock Collection. Duas caixas de DVDs com 15 discos, cobrindo boa parte da filmografia do mestre. Por 30 euros cada.

Wow. O Muziektheater está anunciando pra abril uma montagem do Woyzeck pelo grupo islandês Vesturport Theatre/Reykjavik City Theatre, com música do Nick Cave. Os ingressos começam a ser vendidos em janeiro. Vou até postar aqui no blog pra não esquecer.

November 06, 2006

Putz, tô tão atrasada com os posts. Mas com visitas em casa as coisas vão se acumulando, a gente acaba saindo todo dia. Aí uma viagem aqui, um show ali, ir pra cama às seis da manhã várias vezes na semana e outras coisinhas não ajudam nem um pouco no time management. Mas vamos lá tentar atualizar.

* Vi "Little Miss Sunshine" com a Beth. Poderia ser só mais um filme-indie-americano-sarcástico-com-temática-losers-são-gente (pleonasmo!), mas de alguma forma os personagens são tão adoráveis e têm momentos tão inesperados que acabou se tornando uma das boas produções do ano. A famosa coreografia da Olive ao som de "Superfreak" vai ficar gravada na minha mente por um bom tempo.

* Eu adoro receber gente que vem pra cá pela primeira vez na vida. Adoro mais ainda quando é a primeira vez que a pessoa viaja ao exterior. Gosto de saber das impressões e do sabor que essa primeira vez dá, já que é algo que perdi há muito tempo. Gosto de imaginar a sensação do encantamento da descoberta, do friozinho no estômago que deve dar a cada situação nova. Esse thrill, infelizmente, só tem força total na primeira vez. Depois, como qualquer droga, precisa de doses cada vez maiores pra causar alguma sensação.

* Li "After the Quake", do Haruki Murakami. Histórias curtinhas, quase polaroids de algumas vidas afetadas pelo terremoto que atingiu Kobe em 95. Curtinhas, adoráveis e melancólicas, mas como sempre com um bittersweet aftertaste. Ótimo para se iniciar em Murakami, eu diria.

* Li também "The Man Who Ate Everything" do Jeffrey Steingarten. Achei divertido o estilo, algumas informações interessantes e algumas receitas boas, mas os food bloggers hoje em dia fazem um trabalho muito melhor. É, eu sei, deveria ter lido antes.

* Uma surpresa : ontem, antes do show do Gong propriamente dito, arriscamos jantar no Dim Sum Palace, na Leidsestraat. A localização, mais turística impossível, assusta. Mas a comida é ótima. Na minha opinião, melhor que alguns chineses consagrados da cidade. Preciso voltar e experimentar o dim sum.

O fim de semana foi de lua cheia, e por isso mesmo escolhido para a Gong UnConventional Gathering 2006 - uma maratona de 3 dias de bandas relacionadas ao Gong, das 4 da tarde às 3 da manhã. Hippies de toda parte, especialmente ingleses e franceses, lotaram o Melkweg em meio a projeções de luz psicodélicas, incensos indianos e claro, muito THC.

Seguir a maratona mesmo é coisa para fãs hardcore. Akira e eu fomos só ao primeiro dia, ver a performance da incrível Glissando Orchestra, da qual participa o grande Fabio Golfetti, do Violeta de Outono. Todos os guitarristas do evento num palco, tirando - ah vá! - glissandos de seus instrumentos, num evento único mesmo. Pra vocês terem uma idéia, um minutinho do show aqui :



Foi uma das coisas mais interessantes que vi nos últimos tempos. E mais interessante ainda pelo Gong ser uma banda criada em 1970, com o malucão Daevid Allen, do alto dos seus 68 anos, participando de todos os shows e ainda criando momentos como esse. O que só me faz ficar mais e mais inconformada com a falta de criatividade e originalidade na música hoje em dia. Na verdade, falta de genialidade, ousadia, sei lá. Quem hoje faz coisas como o Zappa, ou Pere Ubu, ou o James Chance/James White, ou o Kraftwerk (isso pra ficar só no rock)? Tô aqui gastando o cérebro, e a única ocorrência digna me parece ser a Björk. O resto é coisa pra vender disco. Se alguém lembrar de alguma coisa, comenta aí. Eu preciso recuperar a fé na humanidade.

Depois, a atração foi a Acid Mothers Gong, uma derivação dos japoneses psicodélicos do Acid Mother Temple, liderados pelo cabeludão Kawabata Makoto. Barulheira das boas, destruíram o Melkweg. Como eu digo, sempre se pode confiar nos japas.

November 04, 2006

November 03, 2006

Finalmente, na segunda acordamos cedo e fomos ao supermercado perto do hotel antes de fazer o checkout. O Condis é meio um Extra, com os básicos e sem produtos de luxo. Mas no caso, o que a gente queria mesmo eram os básicos : queijos espanhóis (comprei duas bandejas de degustação, com cinco tipos diferentes em cada uma, além de um pedaço de manchego maturado), boquerones no vinagre, latas de vários tipos de mariscos, azeitonas verdes gigantes, molho de pimenta local, anchovas, etc.
Enfiamos tudo nas mochilas, pedimos para o hotel guardá-las até o final da tarde e saímos para o Mercado da Boqueria. Ainda eram onze e meia da manhã, então o movimento estava tranquilo, sem as multidões do sábado. Resolvemos comer no Kiosko Universal, que tinha os camarões mais atraentes expostos. Pedi uma parrillada mista de frutos do mar (Gambas, almejas, calamares, navajas e peixe) e Akira gambas a la plancha com aspargos. Tudo preparado ali na chapa com um pouco de sal e um molho de salsinha e alho. A foto do meu tá aqui, a das gambas não saiu, mas asseguro vocês de que estava lindo o prato.



Com uma cerveja e uma água com gás, a conta saiu 38 euros. Pros dois. Juro que não acho caro.

Começamos então a fazer as compras - um pedaço de jamón serrano aqui, uns fuets ali, morcilla de cebolla, chorizos frescos, chás, atum defumado. Satisfeitos, fomos de novo à Plaça Reial tomar uma cerveja, e eu não resisti - tive que pedir umas patatas alioli. Batatas fritas crocantes com maionese de alho, hum! Ficamos um tempo no sol ali e depois fomos andar mais. Na Plaça de Sant Miquel, paramos pra mais cerveja, desta vez uma San Miguel especial, e mais boquerones e azeitonas com manjericão. Andamos de novo e voltamos à Boqueria porque queríamos sardinhas (acho que estou assustando vocês). Àquela hora, o mercado já estava lotado de novo, então fomos num dos bares da frente, o Petit. Não tinham sardinhas, mas fizeram um outro tipo de peixe na plancha pra nós. Não sei o nome, mas achei muito bom. Algo entre uma anchova e uma sardinha, tanto no sabor como no tamanho.
Finalmente, resolvemos voltar ao hotel. Andamos, passamos por outro mercado, o de Sant Antoní, que tem na sua área externa uma série de barracas vendendo roupas baratas e outros trecos. Passamos rapidinho por ele, e continuamos andando. A certa altura, notamos que estávamos na direção errada. Achamos então a Plaça de Espanya e fomos descendo de novo. Como já estava em cima da hora, acabamos pegando um táxi, o que foi uma ótima decisão. Por 20 euros, chegamos em 15 minutos ao aeroporto, onde de novo não pegamos filas de espécie alguma e ainda conseguimos comprar duas garrafas de cava. Uma delas é ótima, a Juvé y Camps, e a outra ainda não abrimos, mas promete.

Enfim, foi tudo isso e muito mais, mas seria impossível anotar tudo. Minha primeira vez em Barcelona foi há dez anos, em 1996. Os lugares são os mesmos, as ruas continuam no mesmo lugar, a Sagrada Família permanece imóvel. Mas eu era mais jovem, não tinha blog, não existia câmera digital portátil, não tinha o meu corintiano querido, não morava aqui. Na época, era a segunda cidade européia que eu conhecia e eu tinha a firme convicção de que eu nunca esqueceria aquela viagem.

E, claro, hoje até eu me surpreendo agora do tanto que esqueci. Acabei vendo tudo desta vez como se fosse pela primeira vez, mas óbvio que quem mudou não foi a cidade.

November 01, 2006

Domingo de madrugada acabou o horário de verão, então acabamos acordando uma hora mais cedo. Tomamos café e um bocadillo no bar galego da esquina e decidimos ir até o Museu d'Art Contemporani de Barcelona, o MACBA. A entrada custa 6 euros e disseram que dava direito a visitar o primeiro e o segundo andares. O negócio é que não existe nenhum outro andar, então não entendi a observação. Mas tudo bem, os dois andares ligados por rampas super clean já são suficientes. O acervo em si achei fraco e muito pouco representativo, com algumas instalações interessantes, MUITA arte conceitual (demais) com os dois pés no pop e videoartes pouco inspiradas. A parte dedicada à Galeria Cadaqués é mais divertida, com alguns Duchamp e outras ousadias expostas na cidade nos últimos 25 anos. Man Ray, Richard Hamilton, Dieter Roth. O segundo andar tem algumas surpresas, comío obras dos brasileiros Cildo Meirelles e Jac Leirner, e algumas boas instalações de videoarte (inclusive uma sobre a Síndrome de Stendhal, a qual mencionei aqui outro dia).
Paramos no café do museu, que na verdade é do vizinho CCCB, e ficamos tomando cerveja e curtindo o sol da tarde.
Saímos do Raval, passando pela sempre legal Santa María del Pi e voltamos ao Born. Entramos no El Xampanyet, um buraquinho na Carrer Montcada especializado em cava. Pedimos uma garrafa da xampanyet da casa (um vinho gaseificado semi-seco) e uma série de tapas. O pessoal, simpaticíssimo, nos arranjou uma mesa e ali ficamos entre anchoas, atum defumado, boquerones e azeitonas. Pedimos então uma cava, desta vez brut e uma garrafa muito superior. A conta foi bem razoável considerando tudo que pedimos, e lá fomos nós cambaleando por La Ribera.
Entramos na Santa Maria del Mar, e fui acometida de um ataque de choro inexplicável. Saí e nos degraus da entrada um senhor de idade sentado sorriu, me estendeu a mão e disse que chorar era bom. Sentei do lado dele e continuei me debulhando em lágrimas, ao mesmo tempo em que conversava com ele. Me contou que era sozinho, que só tinha um filho que não via muito, então gostava de passar as tardes ali na escadaria da igreja. Akira veio me encontrar e o velhinho disse : "lo debes querer mucho, y él a ti". Me deu um abraço e um beijo e nos despedimos. Fomos para o La Vinya del Senyor, um bar especializado em vinhos atrás da igreja e bebemos mais duas garrafas de uma boa cava. Quando passamos de novo em frente à Santa Maria, olhei as escadas esperando encontrar aquele senhor de novo, mas obviamente ele não estava mais lá.

Sábado, fomos tomar um espresso num café no caminho pro centro e fomos até o Mercat de la Boquería. Lotado até a boca, conseguimos circular um pouco mas desistimos logo. Mas tantos peixes, cogumelos, frutas, presuntos e queijos pareciam irresistíveis e resolvemos voltar outro dia.
Andamos pelo Barri Gòtic, passando por todas as vielas tortas medievais e admirando as construções de pedra. Uma das que achei mais interessantes foi a Carrer de Sant Domenech del Call, mas a Carrer d'Avinyò, frequentada por Picasso, também faz jus à fama, com lojinhas descoladas e bares. Seguindo a Carrer Ferran, achamos o Vildsvin, um restaurante/bar moderninho e com ostras ótimas. Andamos mais e achamos a Plaça de Sant Miquel, atrás da Generalitat de Catalunya.
Acabamos indo parar no Port Vell, andando todo o Passeig de Colón e Passeig de Joan Borbó. Achei muito triste as pessoas comendo nos restaurantes carésimos nas arcadas do Museu Histórico de Catalunya sendo olhadas pelos camelôs africanos do outro lado da rua, em frente à praia. Resolvemos ir até a Barceloneta, e paramos num boteco para uns boquerones e uma porção de bacalhau no alho e óleo inesquecível.
Fomos então passear por La Ribera, nas vizinhanças do Passeig de Born. Lojinhas lindas, Museu Picasso (não fomos), Carrer de la Princesa, Carrer Montcada. Fiquei impressionada com a Església de Santa María del Mar e botei na cabeça que deveríamos voltar no dia seguinte.
Voltamos pro hotel pra um banho e um descanso, e saímos de novo. Pegamos o metrô até o Passeig de Gràcia e ficamos andando por essa outra Barcelona, de avenidas amplas e prédios luxuosos como em Paris. Ver as casas Battlò e Milá (La Pedrera) à noite é uma experiência que recomendo, porque a genialidade das curvas de Gaudí ficam ainda mais evidentes com a iluminação apropriada.
Fomos até o bairro de Gràcia, na Plaça de Rius i Taulet que normalmente abriga uma boa vida noturna, mas por algum motivo (ou por causa das obras ali) estava bem parado, mesmo sendo sábado à noite. Pulamos então de novo no metrô (6,65 euros o T-10, um bilhete múltiplo de 10 multipersonal, a good deal sendo que um bilhete individual custa 1,10 euros) e descemos nas Ramblas, perto do Liceu. Acabei comendo um sanduíche por ali mesmo e voltamos para a Av. Paral.lel, onde surpreendentemente o movimento estava mais animado do que em Gràcia. Fomos de novo ao Bar Zodiac pra uma saideira, quase fomos massacrados por um grupo de portuguesas peruas faladeiras e fomos dormir.