September 30, 2007

E falando ainda de arte, ganhei um super presente da Beth : um livro de postcards do Yoshitomo Nara. Como não é muito provável que eu vá até Den Haag antes que a exposição termine, achei hiper sweet da parte dela me proporcionar uma olhadinha em parte da obra deste japonês muito pop que conheci através do Shonen Knife, uma das minhas bandas favoritas desde sempre.

Passei a tarde de sexta no centro com o Akira. Ficamos umas boas horas no café do Melkweg, certamente um dos melhores lugares perto da Leidseplein pra se tomar uma cerveja : sossegado (de dia, obviamente - de noite é cheio como qualquer outro, principalmente por causa da programação da casa) e com garantia de uma trilha sonora aceitável sempre.

(acreditem, a música de fundo em alguns bares daqui pode ser MUITO ruim. Geralmente, pop holandês. E que recusa a se confinar ao "fundo". Desses a gente passa longe)

(aliás, eu já disse que odeio lugar com música ao vivo? Se eu quiser ver alguém tocando, eu vou a um show, e fico quieta. Num bar geralmente a idéia é conversar, o que se torna inviável quando tem um infeliz tocando violão e cantando Legião no seu ouvido)

Uma semana dormindo seis horas por noite cobraram seu preço hoje. Acabei dormindo à tarde, coisa que eu NUNCA faço. E não foi um cochilinho - quatro horas straight. Definitivamente, meu corpo sabe a diferença entre seis e oito horas.

September 27, 2007



Fui a Rotterdam hoje resolver umas papeladas e aproveitei pra conhecer o museu Boijmans van Beuningen. Com uma exposição incrível chamada "Collection One", que reúne de pinturas medievais a Nam June Paik distribuídas num espaço grande e iluminado, eu tenho de dizer que superou minhas expectativas. A inspiração parece ser o MoMA de NY, incluindo uma seção de design industrial modesta ainda.
Há grafites e Cindy Sherman, Van Goghs e Cézannes, UM Rothko e UM Munch, Roy Liechtenstein, uma ala maravilhosa de arte flamenga do século de ouro, vários contemporâneos e surrealistas. Mas não pára por aí. Arte sacra do alta Idade Média (que eu não gosto, mas vá lá), esculturas que alternam a vitalidade de Rodin às formas suaves e fartas da Venus Victrix de Pierre-Auguste Renoir. É um grande panorama da arte mundial entre os séculos XVI e XX num só prédio. Gostei MUITO.
Mas o que fez valer a visita mesmo foram quatro coisas :

1. A incrível série de gravuras do Philippe Galle sobre as Sete Virtudes, baseada na do Pieter Bruegel - três virtudes religiosas (Fé, Esperança e Caridade) e quatro cardeais (Força, Prudência, Moderação e Justiça) retratadas antropomorficamente, rodeadas de cenas que as desafiam. A imagem da Justiça, vendada e segurando uma balança, que ainda é a que usamos hoje. A Esperança fica em meio a barcos presos em tempestade e pessoas doentes. A Prudência carrega um caixão e um espelho, porque os precavidos têm sempre em consideração a possibilidade da morte e mantêm-se a si próprios em constante vigilância. E por aí vai. Como um contraponto aos Caprichos de Goya, mas com o mesmo ar de fantasia, absurdo e terror. Achei genial.

2. Desta vez do próprio Pieter Bruegel (o Velho) : a Torre de Babel. Eu sempre vi esse quadro em ilustrações, mas de perto achei genial. Esse exposto no Boijmans é pequeno, mas ao me aproximar da tela vi os minúsculos humanos em volta, como formigas - e daí toda a proporção se revela e você imagina a lendária Torre como uma construção gigantesca e cheia de simbologias.

3. A incrível instalação da dupla Steiner&Lenzlinger, os "Quartos de Dormir Vegetativos". Quatro salinhas com ambientes onde se pode entrar e fechar a porta, para se apreciar melhor as decorações : uma árvore feita de ossos (foto acima), uma mini-floresta coberta de cristais cor-de-rosa, um globo cheio de "sementes" e uma "rede" de flores e animais. O visual é magnífico e o conceito, intrigante. Quase comprei um livro deles, talvez da próxima vez.



4. Hieronymus Bosch. Sempre achei fascinantes os quadros povoados de figuras demoníacas e deformadas, representativas da natureza humana numa visão bem...realista? hahaha. Ouvi falar do Bosch pela primeira vez quando eu era criança, num livro, e esse nome e personalidade nunca me saíram da cabeça desde então. Quando encontro algum museu que tenha obras suas no acervo, já considero favorito.

E eu, que achava que ia poder ainda passear pela cidade depois de ir ao museu, tive que sair correndo pra ver o resto da coleção e depois, direto pra estação. Voltarei.

September 26, 2007

Ha, todo mundo já descobriu as tags/marcadores/sei lá como vcs chamam isso. Tô tentando fazer isso aos poucos, porque são seis anos de arquivos, caray. Haja saco de definir post por post.

Como eu digo, gatos são mais inteligentes que algumas pessoas.


Via Stuff On My Cat.

September 25, 2007

Tá, eu vou falar de comida DE NOVO.

Mas eu fiz pão de linguiça, hohoho. Nunca mais vou comprar o pão horrível do Albert Heijn!

*dancinha da vitória*

Aliás II, o Matt Damon tá começando a ficar com cara de homem. Progresso.

A Julia Stiles parece muito com a Franka Potente, aliás.

E por falar na Potente, o Bourne corre tanto quanto a Lola.

E last, but not least, tive palpitações quando vi o Daniel Brühl saindo do metrô no filme. Acho que só a Gal vai me entender.

Aliás, tenho que dizer que Jason Bourne faz meu lado metódico-obsessivo-compulsivo pulular de felicidade. Ele é a personificação da eficiência - nos movimentos, no raciocínio, nas reações. Absolutamente nada de supérfluo e sempre antecipando os próximos movimentos. E em caso de um ocasional erro, ele sabe corrigir/compensar as consequências imediatamente - o que eu acho uma das capacidades mais lúcidas e importantes nesta vida.

(ou seja : errou? Tudo bem, acontece. Mas conserta e segue em frente, porque ficar chorando/remoendo não te tira da encrenca)

E eficiência é tudo. Eu sempre tento pensar no modo mais eficiente de se fazer as coisas - não só no trabalho, mas nas pequenas atividades do dia-a-dia também. Exemplos :

1. Fazer lista de compras. E ir acrescentando itens à medida que acabam.

2. Planejar o trajeto de acordo com o que se precisa fazer pra não precisar ficar indo e voltando. De preferência, começando do mais longe de casa pra finalizar no mais próximo. Ou, em caso de museus/shoppings/supermercados de vários andares, começar pelo mais distante da saída e terminar nela.

3. Lavar a louça na ordem em que se põe no escorredor (menores primeiro, maiores depois).

4. Deixar objetos de uso diário e indispensável num lugar fixo. Juntos, de preferência.

5. Se informar de tudo antes de sair para algum lugar/atividade (endereço, acesso, preço, frequência, whatever).

6. Se eu SEI que tenho que apresentar alguma coisa em determinado lugar, já chegar com tudo à mão, separado - cartão do banco, documentos, dinheiro, o que for (quantas vezes no aeroporto, fazendo check-in de passageiros, não vi gente esperar numa fila sem fazer nada e chegar no balcão e gastar uns 5 minutos caçando a passagem e o passaporte dentro da bolsa...).

7. Verificar se eu tenho tudo de que preciso, aliás (a mesma gente que deixa pra caçar a passagem e o passaporte no balcão às vezes descobre que os esqueceu em casa nessa hora. Se tivesse separado antes, teria percebido antes e talvez desse tempo de ir buscar).

8. Ao fazer um pedido num bar ou restaurante, dar todas as informações ao garçom de forma concisa e clara. Num fast-food, só entrar na fila já sabendo o que se quer.

9. Ter as chaves na mão ao chegar em casa ou no carro, o que também é uma questão de segurança. Ficar marcando bobeira parada na porta procurando o chaveiro? Não, né?

E por aí vai. Pode soar meio anal retentive pra alguns, mas ter método pra fazer as coisas minimiza a chance de erro e torna tudo mais rápido, além de ser benéfico pra todo mundo. Quem gosta de esperar horas em filas ou de perder tempo? E claro, falhas e imprevistos acontecem, mas com o tempo que se ganha sendo eficiente tem-se uma margem suficiente pra corrigir. Mesmo sem ser Jason Bourne.

A trilogia Bourne entra certamente no meu rol de filmes favoritos, daqueles a que se assistem sem piscar e dá vontade de aplaudir no final. História instigante, interpretações secas e minimalistas, câmera nervosa e ágil no melhor estilo mockumentary, ritmo de tirar o fôlego, trilha sonora precisa, aquelas locações maravilhosas ao redor do mundo e...Jason Bourne, claro. A união perfeita entre cérebro e força física. Tudo que um filme de ação e suspense deve ter, aliado ao mistério que incita a velha pergunta existencialista : "quem sou eu?"

"The Bourne Ultimatum" finalmente nos dá algumas respostas, mas como fica evidente, não pára por aí. Não me surpreenderia se em breve Hollywood nos lançasse um "prequel", já que as pontas que ficaram sem amarrar se referem ao passado e à vida pessoal de Bourne.

September 23, 2007

Oba! Saiu a lista dos filmes da Mostra. Curiosamente, alguns filmes holandeses e - eeeeeee! O "Flamenco Mi Vida - Knives of the Wind", do mein lieber Freund Peter Sempel.

Os filmes que eu recomendaria, pelo visto vão passar em circuito normal anyway, já que estão com os títulos em português. Portanto, se eu fosse vocês nem perderia tempo nas filas com eles, e me jogaria nos do leste europeu. Tô especialmente curiosa com o "Senki", do Milcho Manchevski, que fez o ótimo "Before the Rain". Se alguém quiser conferir um holandês, a melhor aposta é "Ober". Passou aqui, não vi de preguiça, mas o diretor Alex van Warmerdam é bom.

E, ugh! Vai ter Manoel de Oliveira de novo. O único filme que me fez sair no meio da sessão na minha vida foi dele. Nunca consegui gostar e tenho trauma até hoje.

September 22, 2007

Eu sei que cópias são uma espécie de elogio, mas esse é o tipo da coisa que eu prefiro passar sem. E claro, só porque eu odeio isso tendo a atrair copycats.

O Akira fala pra eu não ligar, mas é irritante perceber que alguém possa ser tão desprovido de personalidade própria (nessa idade, algo preocupante) que tenha que ficar reproduzindo meu modo de falar, de escrever, de vestir, de agir - além de ficar rondando os MEUS amigos, mesmo que a afinidade com eles possa beirar o zero.

Mas tudo bem. Vou fazer o quê? Eu entendo que a ausência de gente sem noção no meu círculo de amizades seja invejável, hahaha ;) Fora o fato de todos serem extremamente inteligentes e talentosos, cada um a seu modo. Mas também tenho de dizer que tal círculo foi forjado a ferro e fogo by yours truly...me cansa ver alguém insatisfeito com a própria vida querendo uma lasquinha de outra, em vez de se esforçar pra mudar a sua situação.


Ok, foi só um breve rant porque minha paciência esgotou. De volta à pOgramação normal, shall we?

September 21, 2007

Ontem passou na TV5 "Chouchou", um daqueles filmes que eu "queria-ver-ma-non-troppo-mas-já-que-tá-passando-vamos-ver". Em termos de história não apresenta absolutamente nada de novo - é "Cinderella" meets "Priscilla" (Cinscilla? Prinderella?). Chouchou (o hilário Gad Elmaleh) é uma travesti marroquina que chega a Paris fingindo ser chileno (!) e consegue abrigo numa paróquia de um padre do bem, que tem um auxiliar neurótico que tem visões da Virgem Maria. Logo ela consegue trabalho num consultório de uma psicanalista e também num club de drags, onde conhece Stanislas (Alain Chabat), un mec bien de família rica que se apaixona por ela. Clichê, né? O interessante mesmo é notar que quase todos os atores e o diretor são hetero e de origem magrebina - não exatamente a mais tolerante em relação a homossexualidade (to put it lightly). Por isso, é divertido ver um filme completamente gay-friendly com drags montadíssimas exibindo o narigão :) Chouchou é caricata, mas o toque humorístico é calcado no fato dela ser marroquina (carregada no sotaque), e não por ser trans.
Enfim, o filme é mais uma curiosidade do que qualquer outra coisa, mas me fez rir com algumas piadas bestas como : "Ah, eu adoro Shakespeare! Ricardo III! Se bem que não entendi muito bem, porque não assisti o I e o II". Dã.

September 20, 2007

Terminei de ler "After Dark", do Murakami. Como o nome indica, é o relato de uma longa noite insone. A Tóquio noturna pulsa independente da diurna, com sua fauna e redutos próprios - prostitutas chinesas, músicos,restaurantes 24h, grupos de jovens festejando, motéis, trabalhadores noturnos, bares, lojas de conveniência, solitários em geral - cada um com sua razão para existir apenas enquanto os outros dormem.
Um pouco de mistério, um outro tanto de absurdo, alguma desesperança e um final esperançoso. Boa leitura, como é costume do autor em histórias mais longas.



Tenho que dizer que o pão é um arraso. Melhor veículo para manteiga ever.

Aaaah!
Resolvi encarar o famoso "No-Knead Bread", o pão que não precisa ser sovado. Achei uma panela ideal, toda de metal com tampa, e lá fui eu.

E...tcharã!



Pra quem quiser tentar, estes dois blogs têm tudo explicado (o Chocolate&Zucchini inclusive tem tudo convertido em medidas de peso, o que é mais exato). É muito fácil. O único inconveniente é ter de usar uma panela que possa suportar altas temperaturas e que tenha tampa (o segredo da crosta crocante é o vapor da água da massa), mas vale a pena.

Outra das minhas felicidades : ficar em casa quando chove.


(o que me torna uma pessoa completamente satisfeita neste momento. Precisava ir a Rotterdam e até deixei o despertador preparado, mas quando vi o tempo...daqui eu não saio, daqui ninguém me tira, lalalala)

September 18, 2007

Vocês querem saber uma das coisas que mais me dão alegria nesta vida?

Acender a luz em casa quando escurece lá fora. Mas tem de ser luz amarela, quente. Luz de lâmpada fluorescente não rola.

*rolando de rir*

Que busca no Google genial! Já mandei pra minha irmã.

September 17, 2007

Fez sol ontem e eu fiquei com dor de cabeça. Em vez de ligar o computador resolvi terminar de ler o "The Informers", do Bret Easton Ellis. Que, infelizmente, é apenas uma variação fraca do ótimo "Less than Zero" - pequenos retratos da sociedade amoral da Los Angeles dos anos 80. Jovens lindos, ricos e entediados, donas de casa neuróticas e viciadas, drogas, sexo vazio, Porsches e Hollywood. Pra quem é familiar com as obras do Ellis, pode ser MUITO cansativo. Muito do mesmo, you know. Mas tem pequenos detalhes divertidos, como o conto sobre um vampiro e as referências a outros personagens do universo do autor. Pra quem nunca leu nada dele, o essencial é "American Psycho" mesmo. Ou seja, "The Informers" é totalmente dispensável. De repente a adaptação para o cinema se sairá melhor, já que "The Rules of Attraction" virou um filme bacana.

September 15, 2007

Demorô. Com umas buscas como a do João, "cronograma da granola", a "quero simpatia para amenizar rugas do rosto" da Ana e o "Onde faço para encontrar fotos de borboleta no jardim?" da Andrea, temos é mais que fazer uma compilação das melhores. Mandem pra mim os stats do mês que eu compilo.

Imaginem o que é entrar numa sala de concertos pequena, intimista, praticamente um cubo com apenas quatro fileiras de cadeiras centrais e outras tantas laterais, todas ocupadas. Quem senta na primeira praticamente põe o pé no palco. Que é um tablado quase ao nível do chão.

Agora imaginem subindo ao palco uma big band com um naipe de metais completo (trombone, trompetes, sax soprano, alto, tenor e barítono), gaita, um baixista, dois bateristas, dois guitarristas, uma percussionista, uma tecladista, uma flautista, uma go-go girl, três bailarinos de butô, um pintor, um violinista, um bandleader que bebe vodka no palco e um MC de sunga e quimono enlouquecido. São 26 pessoas.

Claro, a isso tudo acrescentem o fato da banda ser japonesa.

Imaginem que a big band toca free jazz, Zappa, baladas com arranjo à la Burt Bacharach, rock e ska com a mesma energia, com solos dignos do Ornette Coleman e John Coltrane, guitarras metaaaaaaal, vocais doces e etéreos e grooves à James Brown. E durante todo o show, a go-go-girl dança sem parar em seus figurinos e perucas coloridas, uma mulher dança segurando duas bananas de plástico como se fossem katanas, os bailarinos de butô fazem suas coreografias baseadas em histórias criadas em suas cabeças e o pintor cria um quadro no fundo do palco. Os músicos páram de vez em quando para sacar as câmeras digitais e tirar fotos dos colegas e do público, e o bandleader sinaliza convenções nada convencionais. A flautista veste asas de anjo, um dos guitarristas usa longos dreadlocks e chinelos e o outro parece um modelo de bom moço japonês. O MC conta uma história sobre pescadores japoneses e incita a platéia a cantar junto, enquanto os dançarinos portam tendas em formato de guarda-chuva.

Não é sonho, mas é bem próximo disso : é uma apresentação da Shibusa Shirazu Orchestra. O nome quer dizer algo como "foda-se o cool", e cada show pode ser diferente, mas nunca menos que espetacular. Acho difícil chegar ao Brasil, já que o custo de se levar uma equipe enorme do Japão para a América do Sul é bem alto, mas torçam para que alguém enxergue a luz. Ou veja os vídeos do site oficial, ou os meus tosquinhos no YouTube (quando eu tiver tempo de fazer o upload).

September 14, 2007

Fui ao cinema ontem. Durante os trailers, fiquei pensando em como estou cansada de certos gêneros - épicos, de época, filmes "sérios" hollywoodianos (oxymoron, I know), filmes britânicos mostrando looooongas tomadas de campos verdejantes e costumes vitorianos, filmes sobre guerra (TODAS elas), filmes sobre o mundo cão do terceiro mundo feitos e estrelados por americanos, filmes americanos com UM ator europeu para dar aquele ar de cosmopolitismo exótico, filmes holandeses querendo copiar os americanos, adaptações americanas de sucessos europeus/asiáticos/whatever, filmes brasileiros endossando a estética da fome, comédias italianas sem graça, filmes sobre mulheres loucas pra casar mas que não admitem, filmes sobre adolescentes problemáticos, filmes sobre julgamentos...af. E por uma horrível coincidência, a maior parte do que está em cartaz aqui se enquadra em alguma dessas categorias aí. Tudo encheção de linguiça, seguindo fórmulas seguras enquanto o sucessor de "Matrix" não vem, ou pra cumprir contrato.

Por sorte, o que fui ver é uma bela prova de que ainda existe vontade de se fazer cinema comme il faut - com cuidado, com um bom roteiro, com bons atores, sem artifícios para se prender a atenção a não ser uma trama bem elaborada, que não se prende a um formato pré-definido. No excelente "La Sconosciuta", Giuseppe Tornatore nos apresenta um enigma : quem é Irena? O que ela quer? De onde vem? Presa ou predador? Por quê? E o que mais me intrigou : como nos solidarizamos tanto com ela, mesmo sem saber nada sobre seus motivos? Será a bela trilha do mestre Morricone?

Não posso falar muito sobre o filme sem entrar na história e nas respostas, dadas a conta-gotas - e analisá-lo seria redundante. Portanto, o que me resta dizer é : assistam.

Aw, essas late entries são sempre as melhores. Depois que eu postei a lista daí de baixo, me vem essa :

"em hollywood eu era assim mas envelheci e fiquei assim- atores dos anos 80"

Hã...se você conseguir achar alguma coisa procurando desse jeito, let me know.

Pensando bem, não me avisa não. Medo.

September 12, 2007

Lendo o post da Andrea, lembrei que é hora da sessão "Ó Poderoso Google", pra alegria da Chris. A de julho ainda é a pior, e a de maio eu ainda estava boazinha e respondi alguns, então este aqui ficou meio-termo.

"adaptação de churros para carro" - umas rodinhas, talvez?...

"churros non tatuapé" - então é o da Móoca.

"casa noturna/entrar descalços" - why, lord, oh why?

"companhia aerea mybaby" - eu conheço a bmi. Hahaha, bmi, bmi baby...

"filhotes da raça bag" - eu juro que não entendi. Pochete? Moedeiro?

"hel potter o que as pessoas acham desse filme" - alguém quer mesmo que eu me jogue da janela.

"homem nao gosta muito de mulher gravida"

"jogos de criadas e cozinheiras" - how fun.

"letra da musica que tenha palavra cogumelo"

"lista de ingrediente para fazer quantidade grande de cachorro quente" - quantidade grande de pães. Quantidade grande de salsichas.

"musica de dawson screek , começa com a palavra - hello musica é hello..." - canta no ouvido do Google pra ver se ele sabe.

"need shoes" - vai falar com aquele que quer entrar na casa noturna descalço.

"o que tem para fazer em tatuí" - tem Lonely Planet : Tatuí? Não? Então não tem nada.

"o que é uma terceira felina" - quando você tem duas gatas e pega mais uma.

"para que serve semente de girassol" - para...plantar...girassóis?

"poblemas de auto-afirmação" - acho que não só de auto-afirmação.

"porque o sal de cozinha tem o nome de iodado?"

"qual a problematica tratada pelo filme paradise wow" - a diferença entre "wow" e "now".

"receita torcicolo" - eu costumo dormir de mau jeito. Sempre funciona!

"red light district garotas cobram" - que vc acha?

"tattoos de faróis" - se achar, me mostra.

"textos cheios de interjeições" - ai! ui! ufa! epa! oba! xi! (tá bom ou quer mais?)

"woodstock o filme,eu preciso encontrar um lugar"
- Tomara que você ache. E fique por lá.

September 11, 2007

Aw, a Anita Roddick se foi. Eu sou cliente de carteirinha (literalmente) da Body Shop, e adorava a postura dela - admitir que nenhum produto de beleza faz milagres e que qualquer hidratante serve, ao mesmo tempo que procurava usar só ingredientes fair trade e não testar produtos em animais. Sem contar que os produtos são bons mesmo.

Mas isso me fez lembrar uma coisa que descobri em NY no começo deste ano. Já tinha lido sobre a miraculosa Mane 'n Tail, que produz shampoos e condicionadores...para cavalos. E que podem ser usados por humanos também, sem problemas. Achei um frasco pequeno e resolvi experimentar pra ver qual era, finalmente. Meninas, the hype is true. Vão por mim.

Achei um livro que, mesmo se não tivesse sido editado pelo Michael Chabon, eu levaria de qualquer jeito, só pela capa :




É uma coletânea de contos, como diz o título, astonishing. Fantasmas, mistérios ou simplesmente histórias esquisitas inéditas de autores como Stephen King, Margaret Atwood, Roddy Doyle e outros. E como se não bastasse, ilustrações do Mike Mignola! Achei muito, muito bom. Às vezes dá certo julgar um livro pela capa ;)

September 10, 2007

Não há muito o que falar sobre "No Reservations" além de ressaltar que só acrescenta açúcar ao original alemão e que a melhor atuação é da Abigail Breslin. Mas o que importa mesmo é que é a representação do que eu disse ai embaixo. Kate (Catherine Zeta-Jones) é uma chef que se refugia em regras - nada surpreendente que a sua especialidade seja cozinha francesa, sofisticada, cheia de técnicas e precisões. A única vez em que deixa aflorar sensualidade é descrevendo uma codorna perfeitamente preparada, suculenta e saborosa - que mesmo assim, DEVE ser acompanhada de trufas, senão não merece ser degustada. Uma verdadeira dominatrix fetichista. Não gosta nem de provar algo da colher dos outros (saliva, yuck!). Nick (Aaron Eckhart) é o sous-chef passional, emocional, espontâneo e dado a improvisos - claro, especialista em culinária italiana, rústica, quente, pé-no-chão e associada a conforto. Quem aproveita mais a vida?

...
...
...


O Anthony Bourdain, óbvio! :)

A associação de comida ao sexo não é nem de longe nova - é primal e óbvia também. Ambos têm várias formas de serem aproveitadas, e cada uma delas oferece um prazer diferente. Às vezes queremos algo bonito de se ver, mesmo que não desça muito bem. Outras, algo confortável e familiar. Outras ainda, temos vontade de algo picante e excitante. Mas a verdadeira satisfação que ocorre quando todos os sentidos são estimulados é algo excepcional - texturas, temperaturas, cheiros, cores, sabores, sons. E pode acontecer tanto com algo cuidadosamente preparado como com algo rapidamente improvisado, sem planejamento. Às vezes, oh! Até com algo que achamos que não gostamos. Vai saber.

Portanto, não interessa se você come de tudo ou quase nada, se gosta de sorvete de mangostão ou de baunilha, de BD&SM, de homem, de mulher, whatever. O importante é : enjoy. Senão não tem graça.


(na verdade, todo esse blábláblá aí eu poderia resumir em : eu não deixaria de comer um caranguejo maravilhoso por ser necessário comê-lo com as mãos e sujar pratos, dedos, toalha de mesa, etc. É gostoso? Tô dentro, não sendo balut nem leite condensado. But that's me)

Por falar em gostos, uma teoria que sempre defendi é que os hábitos alimentares refletem a vida sexual de uma pessoa. Picky eater, picky partner. Quem se aventura menos em gostos e texturas tenderia a ser mais conservador na cama. Que vcs acham?

(imagina o Anthony Bourdain! hu!)

September 08, 2007

Af. Estamos fazendo curry de frango pra comer com uns rotis surinameses que compramos, e o cheirinho tá me matando. Será que tem alguém que não gosta dessa mistura maravilhosamente aromática que é o curry? Pode ser, já que tem gente que não gosta de comida muito temperada. Ouvi falar que holandês não curte alho - já vi que nunca vou poder convidar nenhum pra comer aqui em casa, porque eu AMO alho, tento colocar em tudo.

Mas eu entendo quem tem restrições alimentares. Eu mesma não comia nada que tivesse leite ou creme quando criança. Manteiga e queijo nem pensar, só de sentir o cheiro tinha vontade de vomitar. Tomate cru tampouco. Chantilly, então, irgh! Eu não gostava do McDonald's porque os hambúrgueres tinham aquele queijo amarelo e os sorvetes eram sempre de creme - não tinha nada que eu comesse lá.

Não sei como, hoje em dia virei esse monstro que varre as gôndolas de queijos no supermercado e compra sempre umas 4 variedades, adora uma salada caprese (tomate, mozzarella e manjericão), não vê sorvete sem chantilly e fica discutindo que país produz a melhor manteiga (França, Irlanda ou Escócia? A holandesa é medíocre, das brasileiras só Aviação). Ainda não tomo leite de jeito nenhum, e ainda odeio creme de leite e leite condensado puros, mas posso dizer que fora isso, em comida eu topo quase tudo. Gosto de língua de boi, timo (sweetbreads), peixe cru, ovas de peixe, algas, salada de água-viva, escargots, todos os frutos do mar (incluindo ouriço-do-mar), haggis, carne crua, miúdos de galinha, fígado - até miolo, que era algo de que eu tinha o maior nojo, estou considerando. Ainda não tentei, mas vou alguma hora. Só não encaro mesmo balut, chapulines e cuitlacoche (respectivamente, ovo de pato fertilizado, comido nas Filipinas, Camboja e Vietnã, e gafanhotos e milho fungado, especialidades mexicanas).

September 07, 2007

Esqueci de escrever uma coisa que me marcou no casamento da Gaybee. A frase "Finding someone you can live with is nice, but finding someone you can't live without is special". Achei lindo, real e explica tanta coisa. Explica por que alguns relacionamentos podem ser legais, mas não duram. Por que algumas pessoas se casam e se separam. Porque às vezes é necessário algo a mais, mas a gente só descobre o que é quando encontra.

Pra ilustrar, fica o videozinho tosco da first dance. Primeira de muitas, esperamos.

September 06, 2007

E "Planet Terror" é muito bom. Não só pela linda da Rose McGowan no melhor papel da carreira dela, mas por todo o conceito de Grindhouse - trailers falsos, estética 70's com tecnologia 00's, zumbis, gore, peitos de fora, pulos propositais no roteiro (quem precisa de história?), cinematografia tosca. É entertainment do começo ao fim - e nem pense em encontrar sentido ou mensagem no negócio. Genial.

O que acontece no quarto 1408?

(assista sem ver trailers ou spoilers antes - o grande mérito do filme é o fator surpresa. E o John Cusack, é claro)

September 05, 2007

Bom, então não tenho mais 35 anos. Daí resolvi que festa de aniversário não tá com nada - o negócio é fazer comemoraçãozinha particular e fechar o ano bem ;)

(e com as mensagens de todos vocês, fechou do melhor jeito possível! Merci!)

September 04, 2007

today is my caturday whenz yours

(via I Can Has Cheezburger?, of course)

September 03, 2007

Falando em "sexo x gênero", impossível não falar de um filme que pega TODOS os clichês, mitos e preconceitos envolvendo o assunto, mistura com senso de humor, uma dose de kitsch, um elenco cheio de gente legal e uma trilha sonora adorável : o já clássico do cinema gay "But I'm a Cheerleader".
Megan (Natasha Lyonne) é enviada para um "reformatório" heterossexualizante, porque a família e amigos acham que ela é lésbica. O "tratamento" segue seis etapas, e é a coisa mais engraçada do mundo ver o quão ridículo é delimitar gender roles, e que nem tudo é o que parece.

(mas o elemento MAIS gender bender do filme é a participação de RuPaul - ganha um doce quem identificar a poderosa de cara)

Adorei a presença de Mink Stole, claramente uma homenagem ao papa John Waters, cuja influência é inegável. Fora isso, ainda tem a fofa da Melanie Lynskey (de "Heavenly Creatures"), a Clea DuVall e a Julie Delpy numa ponta. Só ficaria melhor se tivesse a Guinevere Turner também, hahaha.

Apesar de ser triste notar que as famíias dos "internados" existam exatamente daquele jeito na vida real, o tom geral é alegre e a mensagem totalmente positiva - "seja você mesmo". Que, espero, seja possível pra todo mundo num futuro próximo. Ficou curioso? Dá pra ver mais ou menos no tv-links, aqui. Ou procura o DVD.