March 21, 2010

Vi trocentos filmes nesses últimos meses, mas, pra falar a verdade, poucos dignos de nota. A única coisa que eu realmente preciso dizer é que "Up in the Air" é a adaptação de livro que NUNCA devia ter sido filmada. Conseguiram transformar um livro neurótico e estranho numa água açucarada com cunho conservador. Óóóóóó, quer dizer que viver sem vínculos torna você infeliz? Pointless e imbecil. Não tem nada disso no livro do Walter Kirn- e não que eu tenha gostado particularmente dele, mas QUALQUER coisa é melhor que essa bomba de filme.

                                 é, Georgey, era essa a minha cara durante o filme.

E de "The Lovely Bones", então, nem se fala. Um livro legal virou uma confusão visual e narrativa, sem propósito e sem juízo. Não tem absolutamente nada gostável nesse filme. Junto com "The Fourth Kind" e "The Men Who Stare At Goats", está na lista das decepções do ano. "The Informant!" nem conta, porque me fez dormir no meio. Todos eles, premissas interessantes que se perdem pelo caminho e terminam porcamente. "Men Who Stare at Goats" deve ter sido feito com o único propósito de fazer piadinhas sobre Jedis para o Ewan McGregor, só pode.

                                 Eu sei, Georgey, another bad movie with you in it. Get over it.

To tentando lembrar do que mais vi, mais pra arquivo pessoal mesmo. Obviamente, não escrevo sobre TUDO que vejo ou leio, mas deveria tentar. Minha memória horrível agradece algum tempo depois.

Os filmes de que mais gostei são todos ambientados nos anos 60. Sintomático.
"A Single Man" - passei o filme inteiro boquiaberta com a beleza, e como o Tom Ford é um cineasta que estava faltando, e quis fazer um post só pra ele na época, mas acabei fazendo uma micro-resenha pro Goma e ficou por isso mesmo. Mas o negócio é : quanto homem lindo, cacete. "A Serious Man" - também acabei falando dele no Goma, e é interessante, apesar de não ser antológico. O questionamento da fé e da ideia de destino e controle são coisas que não se veem todo dia, ainda mais tratadas com humor. Mas a cada desgraça que se abatia sobre o pobre Larry, fui me enterrando na cadeira querendo que acabasse logo. Assim como "Precious", é muita miséria pra um ser humano só. E gostei de "An Education" também. Reprodução de época bem feita, bom elenco. Derrapou no final, com a mensagem edificante "sofri mas sou uma pessoa melhor", e o fundo feminista foi meio forçado, mas curti.

                                Matthew Goode, good god.



 "Chloe" fui assistir porque tinha a Julianne Moore. Só no cinema vi que era do Atom Egoyan. E que onda de Amanda Seyfried, hein? Acho que tem pelo menos dois filmes dela em cartaz ao mesmo tempo, e vem mais por aí. "The Imaginarium of Dr. Parnassus" é bem bonito e curioso. Assistir sabendo que o Johnny Depp, o Jude Law e o Colin Farrell trabalharam por amizade ao Heath Ledger me fez ficar emo. "Case 39" é bem nada. Assim como "The Box" - interessante, mas não conseguiu chegar aos pés de "Donnie Darko". E eu gostei de "Paranormal Activity". Pra uma produção tosquinha, se saiu bem em criar um clima tenso. Mas é igual aos programas de fantasmas do Zone Reality na TV, really.


"Daybreakers" é bacana. Vampiros com sci-fi, muita ação. "Sherlock Holmes" foi divertido, mas não é Sherlock Holmes. "Orphan" é mais do mesmo. Criança malvada, bla bla bla. Assim como "Jennifer's Body". Esquecível. "Capitalism : A Love Story" é mais um Michael Moore.

E...putz, chega. Acho que vou desistir do cinema e assistir a "Lost".

March 13, 2010

O que você faz quando a primeira coisa que lê ao acordar e abrir seu email é "RIP Glauco"?

Minha primeira reação deve ter sido a mesma de muita gente : incredulidade e depois tristeza. Não só pela maneira brutal com que aconteceu, mas também pelo súbito entendimento de que algo indefinível e importante nos foi tirado. Nunca o conheci, mas o consenso de que era uma pessoa boa é geral - e a perda se torna maior ainda.


Não o conheci pessoalmente, mas seus quadrinhos fizeram parte da minha vida num período tão importante - entre as décadas de 80 e 90, entre a USP e a Vila Madalena dos velhos tempos, entre descobertas de bandas, livros, lugares, tudo que eu podia fazer e nem imaginava. E hoje, pensar que um pouco disso chegou ao fim me aterroriza. Eu podia nem mais achar tanta graça nas tirinhas de um tempo pra cá, mas elas eram sempre um vínculo com um pedaço de mim de que gosto pacas.

O que nos resta? Reler as revistas, as tiras, os livros, e sempre manter na memória o humor abusado, absurdo e ultrajante que inspirou tanta gente  :) Valeu, Glauco, e descanse em paz.

March 12, 2010

Só pra dizer que fui ver "Alice in Wonderland" morrendo de medo de ser um fiasco total. Mas não! Curti imensamente a parte visual, uma sensação de encantamento e estranhamento, com distorções bem de sonho e muitos detalhes incríveis. It's all in the details.

A história virou um mini-LOTR, com direito a quest, espada e armadura. E tem o final edificante-pró-mulher-independente (damn Victorians!). E tem o Mad Hatter do Johnny Depp, que não passa de um Edward Scissorhands on acid. Amável, amoroso, solitário. E que faz uma dancinha vergonhosa no final. WTF. É um filme Disney, antes de ser Tim Burton - e isso faz uma diferença brutal, mes amis. Mas o resultado é longe de ser pavoroso como eu esperava. É assistível. É delicado. E os figurinos são sensacionais.

E tem as vozes do Alan Rickman e do Stephen Fry. Se todo o resto falhasse, ainda valeria o ingresso IMAX 3D. Portanto, quando estrear por aí, vão sem medo. Mas sem esperar um grande filme, hein?