August 30, 2010

 A morte prematura do Satoshi Kon me deu o empurrão pra finalmente assistir a "Paprika", o único dele que eu ainda não tinha visto e estava aqui na fila há meses. Só aumentou a sensação de perda, porque a cada filme dele me surpreendo com a riqueza visual, os personagens sólidos e quase reais, a capacidade de contar histórias improváveis e futuristas com um quê de poético. Tudo bem, eu passaria sem as sequências "filme de ação" do meio pro final, mas até entendo a escolha. E, sim, "Paprika" é o que "Inception" gostaria de ter sido. A inspiração é evidente, apesar da diferença de desenvolvimento, mas não dá pra deixar de pensar em como o Nolan poderia ter feito um filme tão melhor se tivesse deixado de lado a rigidez e embarcado mais na natureza dos sonhos. Enfim. Meu favorito ainda é "Perfect Blue", mas este merece estar entre os melhores, fácil.

August 29, 2010

E se estamos falando sobre robôs dotados de sentimentos, acho que "Air Doll" pode entrar na conversa - apesar de não se tratar de um robô, mas sim uma boneca inflável. Já assisti propensa a gostar, porque é de um dos meus diretores mais amados, o Hirokazu Kore-eda, e tem a Doona Bae, a fofa de "Linda Linda Linda", um dos meus filmes da minha vida. E não me decepcionou :) Se em "Lars and the Real Girl" o centro é o mundo ilusório do protagonista, aqui é a boneca que ganha vida e descobre o mundo, experimenta sentimentos e faz reflexões existenciais numa inocência de partir o coração. Lindo, lindo, lindo.

August 25, 2010

 E eu acho que acabei não falando aqui também do lindo "I'm Here", o curta do Spike Jonze bancado pela Absolut. Estrelado pelo fofo Andrew Garfield (do "Dr. Parnassus"), é de arrancar lágrimas e torcer o lencinho. Tão simples e tanto amor, né?
Pra quem quiser rever, continua em exibição lá no site ou em partes no YouTube.



August 24, 2010

Putaqueopariu. Tô arrasada agora, acabei de saber que o Satoshi Kon faleceu ontem. Pra quem acompanha isso aqui, deve saber que era um dos meus diretores favoritos - TUDO dele era bom. Fuck.


Li que "Coco Chanel e Igor Stravinsky" vai estrear no Brasil. Acho que só comentei no Facebook quando assisti em abril, mas gostei do filme. A Anna Mouglalis é uma Chanel muito mais impactante que a coitadinha da Audrey Tautou, os figurinos são deslumbrantes e só a montagem da Sagração da Primavera já vale a ida ao cinema. E claro, é dirigido por um dos meus cineastas do coração, o Jan Kounen.

August 14, 2010

Fui ver "L'Illusioniste" atraída mais pela promessa de um roteiro do Tati do que por ser um filme do Sylvain Chomet, já que o filme anterior do diretor, "Les Triplettes de Belleville", foi interessante, mas não me tocou. E mais uma vez, os personagens não me cativaram, mas confirmei que algo que o Chomet sabe criar maravilhosamente é ambiance, atmosfera. No final, o que me encantou mesmo foi ver as ruas de Edimburgo reproduzidas ali como pano de fundo : lindas, iluminadas e cheias de detalhes.

Não é engraçado, não é absurdo (ok, fora o coelho). Algumas vezes tenta ser, é verdade. Mas achei tudo tão, tão triste e um pouco amargo. Contudo, ao contrário de algumas críticas, vi um pouco de esperança no final, mesmo sabendo que les magiciens n'existent pas.

August 13, 2010

Adorei tanto "La Tête en Friche", do Louis Becker. Saí sorrindo e com o coração quentinho. É a vitória da gentileza sobre a brutalidade, e quem não se comoveria com isso? É um filme simples, cujo charme é a relação deliciosa e literária entre Germain e Margueritte (avec deux "t"), apesar de todos seus pesares. À savourer.

August 08, 2010

Ok, filmes.
Quando fui ver "Gainsbourg - Vie Héroïque" no cinema há uns meses, comecei um post que acabei não publicando. Mas vi de novo estes dias, e cheguei à conclusão de que gosto muito dele e precisava comentar, hahaha. Nada seria mais adequado para contar a trajetória do pequeno Lucien ao velho Serge do que animações surreais, números musicais delirantes e belas mulheres. É um filme um pouco estranho, um pouco indulgente, algo fantasioso, bastante original e muito marcante - exatamente como a quem retrata.


Vi estes dias também "Life During Wartime", o mais recente do Todd Solondz. É ok. Não sei se sou eu que estou ficando velha e chata, ou se a fórmula do Solondz se esgotou e não tem mais efeito, mas o fato é que não há muito o que se falar sobre esse filme. É como um primo tímido de "A Serious Man", acho. Anêmico. Mas como sempre, o elenco é bom.


"Je l'Aimais" foi melhor. Adaptado do livro de Anna Gavalda, é um filme francês com F maiúsculo. Chloé é abandonada pelo marido, e seu sogro trata de cuidar dela e das netas. E surpreendentemente, ele é quem se abre e despeja a história do amor de sua vida, a quem deixou escapar por inércia, acomodação e um pouco de medo. Simples e bonito, ainda que básico. Mas ver o Daniel Auteuil fazendo um avô é um pouco desconcertante.

E finalmente, o meu favorito : "Whip It!" é um filme de garotas, para garotas, feito pela garota-mor Drew Barrymore. E alguma dúvida de que eu ia adorar? Tem trilha ótima, elenco foda (Kristen Wiig! Zoë Bell!), meninas kicking ass, um menino bonitinho, amizade e aquela coisa sensacional e vibrante que é roller derby. Grrrl power à décima potência.