August 31, 2009

Berlim tem MUITOS cinemas. E as salas alternativas são todas cheias de personalidade, acho incrível. Vi que estava passando o novo do Jarmusch, "The Limits of Control", em versão original (procure pela indicação OV, OF ou OmU) no Hackesche Höfe Filmtheater e dei pulinhos de alegria.
Como sempre, fui sem ter lido absolutamente nada sobre o filme - e gostei. Mas entendo quem tenha saído irritado. Tem gente que espera ação, uma história, um sentido. Ele não tem nada disso. É conceitual, minimalista e fabulesco. Os personagens não têm nomes, porque não representam pessoas, e sim noções e outras coisas abstratas: o cinema, a música, o sexo. E claro, o controle.


E assim, esse argumento vago serve de fio de ligação entre performances boas - poucas estelares - de gente como Tilda Swinton, Bill Murray, John Hurt e Gael García Bernal, pontuadas por visitas silenciosas ao Museo Reina Sofia, em Madri. Tudo faz parte de um quebra-cabeça, e apesar do ritmo lento, é impossível desgrudar os olhos da tela, na esperança de finalmente desvendar a ligação entre eles. Há um senso de repetição que traz à mente a matrioska russa, onde cada uma que se abre revela outra menor, e que contém outra menor, e assim por diante. E as situações se repetem, mas não são sempre a mesma. Variações sobre um tema. São duas horas, e durante três quartos disso, não resta absolutamente nada ao espectador a não ser assistir passivamente e só absorver cada elemento apresentado. É agoniante. E dá a chance de apreciar devidamente a cinematografia lindíssima do Christopher Doyle.
Normalmente, esse tipo de manipulação é fácil de pegar, e logo a gente já começa a prever o que o diretor quer que a gente entenda. Nesse, eu realmente fiquei no escuro até quase o final.


A resolução, contudo, me pareceu um pouco infantil. De repente, porque ela não era o principal, e sim apenas uma necessidade estrutural. É um ensaio, é possível entender uma história nisso tudo, se a gente quiser - mas obviamente, o mais importante aqui é o trajeto, e não o destino.
O filme é estranho, um pouco inquietante (mas não a ponto de ser perturbador) e consegue a proeza de permanecer na lembrança por um bom tempo. O mundo ainda não está perdido. Recomendo.

August 29, 2009

O Ramones Museum é uma homenagem sincera de um grande fã da banda. Pelo menos, é essa a imagem que me passou. Por 3,50 euros, ganha-se acesso às incontáveis camisetas, recortes, pôsteres e tranqueiras variadas relacionadas aos garotos de Forest Hills, acumuladas por Florian Hayler, que viu mais de 100 shows deles (é, por mim, por você e por todo mundo aqui). Pra quem é fã, resta morrer de inveja dos objetos autografados, fotos e vinis. Pra quem não conhece muito, é um bom jeito de imergir na imensa contribuição ao pop e ao rock que Joey, Johnny, Tommy e Dee Dee deixaram.
É meio como quando a gente é criança, e o amiguinho te convida pra ver a coleção de brinquedos dele. Você se divide entre a cobiça profunda e a admiração, mas de qualquer forma, sai de lá feliz por ele ter dividido aquilo com você.
(mas que eu fiquei com vontade de pegar tudo pra mim e sair correndo, fiquei)
Pra completar, o café é um lugar tranquilíssimo e agradável, com um chai maravilhoso e poltronas confortáveis, onde se pode relaxar após o burburinho do Hackescher Markt e da Oranienburger Str, ali perto. E tem lojinha! Comprei uma camiseta do museu por 17 euros, mas mesmo os bolsos rasos não vão sair vazios. O ingresso inclui um mini-broche com o emblema clássico dos Ramones, em preto ou em branco :)








August 27, 2009

O que foi que eu disse? Pelo jeito a questão tá no ar mesmo, e não é chatice minha. A ale acertou na mosca no comentário, he.

É o fim dos blogs ou só da blogosfera?

Morte dos blogs, menos barulho e mais foco.

via @trabalhosujo.

Em Berlim, ficamos no Best Western Am Spittelmarkt. Eu tinha reservado outro na mesma área, mas na madrugada antes da partida resolvi dar mais uma procurada, e esse estava mais barato ainda : 157 euros por 3 noites. Além disso, prometia internet de graça e é na frente de uma estação de U-Bahn. E eu adoro um hotel novinho em folha (o Etap Potsdamer Platz, que eu sempre recomendo, já estava meio gastinho da última vez, então também cancelei).
De fato, ele é tudo que promete - o único inconveniente é ficar numa área curiosamente morta à noite, mesmo próxima a Mitte, mas isso não faz muita diferença com o U-Bahn (especialmente aos fins de semana, quando o metrô vai até tarde) de qualquer jeito. O quarto era bem grande, elegante, com cofre (importantíssimo, um dos meus requisitos pra escolher um hotel), ar-condicionado, suporte aquecido para toalhas, etc, etc. Não é luxo, nem charme, mas achei muito bom para um hotel de rede. A internet via adsl é que não estava funcionando, e nem os fucionários se mexeram pra resolver, mas resolvi deixar pra lá, porque de qualquer jeito não estava com saco pra ver email mesmo.
Se eu ficaria de novo? Acho que não - a localização é legal pra quem está indo pela primeira vez (dá pra ir a pé ao Checkpoint Charlie, à ilha dos museus, a uma parte de Kreuzberg, Unter den Linden, Brandenburger Tor, etc - ou seja, o roteiro turístico), mas eu prefiro ter vida noturna por perto, e não preciso ir a esses lugares de novo. Mas não tenho reclamações não.

August 21, 2009

Uuuuuaaaaah. Preguiça de postar. Desde que cheguei do Brasil, em maio, foram três meses de trabalho intenso, apesar de fácil. E eu ainda inventei de fazer viagenzinha no meio, e a correria foi maior. E aí, quando acabou, me senti completamente esgotada. Tô há dias me arrastando, cansada. Mas felizaça.

Juro que tem um post em rascunho datado do dia 6 de agosto, sobre a viagem pra Berlim - uma hora ele vê a luz do dia. E filmes, e shows, livros, blablabla. O caso é que não ando achando nada disso relevante o bastante. Tô achando tudo e todo mundo extremamente repetitivo e redundante (e nisso eu me incluo). Ultimamente só os itens compartilhados no reader e no Facebook têm se salvado, e eu curto as fontes novas de informação que tenho achado. Fora isso, o resto é ruído, e tem me irritado, pra falar a verdade. Bicho, eu não quero saber se você tomou banho, ou se você se sente incompreendido, ou o que você acha dos relacionamentos humanos. O Twitter tá aí pra isso. É muito achismo, pseudo-filosofismo e umbiguismo pra minha cabeça, cansei. Tem algo interessante pra compartillhar, põe na roda. Não tem, fica quieto. Tô seguindo esse princípio.

August 03, 2009











Sometimes I feel like screamin
Sometimes I feel I just can't win
Sometimes I feelin' my soul is as restless as the wind
Maybe I was born to die in Berlin

("Born to die in Berlin", Dee Dee Ramone)

Foi minha terceira ida a Berlim. E a cada vez, eu tenho a certeza de que é um dos lugares mais foda do universo. Ainda.