December 19, 2010

Lisa Cholodenko & Julianne Moore <3
Ok, mais filmes, antes que eu esqueça deles (er, já esqueci de alguns)

- Another Year -Conheço alguns casais como Tom e Gerri (!) e algumas mulheres como Mary. Mike Leigh conseguiu fazer outro filme onde todos os personagens são detestáveis, o mundo é cruel e os ingleses amargos. Ou seja, novidade não é, mas vale assistir, especialmente se você anda com vontade de sair um pouquinho deprimido do cinema.

- The Social Network - Bom filme, com boas atuações. Mas é só. É um exemplo onde o tema é mais importante que a realização - que no caso, explora as tensões pessoais entre o criador do Facebook e o resto do mundo, se permitindo algumas licenças roteirísticas pra enfatizar o drama. O Jesse Eisenberg fez um Zuckerberg quase autista muito bem e, na verdade, todos os outros personagens acabam se tornando irrelevantes e monodimensionais na história. Mas Andrew Garfield é sempre WIN.



- Potiche - O Ozon tem uma faceta muito Almodóvar e uma faceta muito Fassbinder (e Bergmaniana talvez?). Este é um almodovariano legítimo - temática gay-feminina, um absurdismo com um quê de campy, sexo, sarcasmo e crítica social, tem alguns dos meus atores favoritos no elenco (Fabrice Luchini, Karin Viard, Sergi López...) e é uma delícia. Donas-de-casa reprimidas, uni-vos!
Ah, a cinematografia e os figurinos são impecáveis. De verdade, impressionantes.

- The Kids Are All Right - já devo ter dito isso umas 500 vezes : mas eu AMO a Lisa Cholodenko. E fiquei felizaça desse último filme dela ter tido tanta exposição e tantos elogios, finalmente. E não tem nem mais graça comentar os filmes dela, porque são sempre tão bons e relevantes. Ainda gosto mais de High Art e Laurel Canyon, mas este tem a Julianne Moore :D

- Scott Pilgrim vs. The World - o filme mais besta do ano. Fim.

- Allt Flyter vi no voo de volta de Tóquio, e gostei tanto que vi de novo. É totalmente um The Full Monty sueco, com o strip-tease trocado pelo nado sincronizado. A diferença é que a trilha não vai ser hit de festinha da firma.

E fui a uma mini-maratona de documentários especial durante o IDFA. Achei ótimo ter sete filmes selecionados do festival à disposição num só dia, mas só assisti a três.

- Marathon Boy - Surpreendente. Eu esperava só uma história edificante sobre o menino que começou a correr aos 3 anos de idade, e tudo descambou pra luta do treinador dele com o governo, com direito a corrupção, intrigas, golpes baixos e violência. A Índia é dramática.

- You Don't Like the Truth -  Bem interessante e muito relevante. É composto por cenas captadas pelas câmeras de segurança durante o interrogatório de 4 dias de Omar Khadr, um jovem canadense preso em Guantánamo, acusado de ter atirado uma granada em soldados norte-americanos no Afeganistão. A questão principal não é ele ser ou não culpado (eu acho que não), mas sim o tratamento dispensado a ele, que viola todo e qualquer direito humano. Espancado, torturado e detido sem ter tido um julgamento adequado, ele desaba emocionalmente nesses quatro dias sob a pressão dos interrogadores, desesperados pra ouvir algo que ele não tinha a dizer.

- The Two Escobars - Curioso e envolvente, apesar da produção meio tosquinha. Cruza as histórias de Pablo Escobar e de Andrés Escobar, jogador de futebol da seleção colombiana. Fascinante e revelador, mostrando o alcance do poder dos carteis de drogas na Colômbia e sua influência em áreas da sociedade que a gente nem imaginaria. Quero dizer, pra quem é brasileiro não é revelação nenhuma, infelizmente. Mas vocês entenderam, vai.

December 01, 2010

Definitivamente, desapaixonei de Paris. Meu coração não dança mais quando desço na Gare du Nord. Mas pode ter sido também pelo atraso de 85 minutos do Thalys na chegada, vai saber. E o frio. Mas a verdade é que acho que a cidade não me desperta mais curiosidade, após esses anos todos e incontáveis visitas. Tudo já é familiar demais, tanto os defeitos como as virtudes, e perdi o interesse.

Percebi isso este fim de semana, ao ir encontrar uma amiga que está lá pela primeira vez. Gosto de ciceronear pessoas, talvez pra poder reencontrar um pouquinho da sensação de novidade por tabela. É sempre gostoso rever os velhos pontos da cidade sob uma luz diferente quando alguém querido se emociona com eles. Mesmo que a gente mesmo esteja meio entediado.






E Paris, como que percebendo o distanciamento, tratou de jogar surpresinhas no meio do caminho, só de birra. Como assim, cansada de mim? Então, a visita à St. Eustache acabou tendo um final de missa incrível com órgão de tubos como bônus; a Notre-Dame, um ensaio de orquestra, coro e solistas bem no meio da Catedral. Se eu sempre senti falta de uma trilha sonora em alguns lugares do mundo, ali ganhei o mais adequado : um oratório de Natal de Bach, com o som ecoando pelos arcos enquanto eu admirava os vitrais.

Atravessar a Pont Neuf à noite, ir ao Marché des Enfants Rouges e encontrar uma feirinha de antiguidades e cacarecos no caminho, comer no L'As du Falafel, ver a cara de surpresa das visitas ao ver a Torre Eiffel piscando no começo da noite, dar de cara com uma aglomeração na Champs-Elysées e descobrir que era o lançamento de um filme com a presença do Brad Pitt (pena que a gente não o viu, queria ter dito "BuongioRRRno" pra ele), perceber que já tinha passado em frente da Chapelle Notre-Dame de la Médaille Miraculeuse (!) várias vezes e nunca ter se dado conta...

Ok, Paris, você provou seu ponto. Uma visita nunca é igual a outra. E posso não estar mais apaixonada, mas continuaremos bons amigos ;)