November 30, 2007

Como eu falei de horóscopo chinês no outro post, aqui vai um rápido follow-up : a wikipédia tem uma explicação bem legal sobre os signos aqui. Tinha várias coisas que eu não sabia (bom, nunca li nada a fundo sobre isso), e achei interessante.

Eu sou Porco de Metal. O Akira é Rato de Metal. O signo dele é yang, e o meu é yin - ou seja, complementares (o engraçado é que na verdade, medindo energeticamente, eu sou yang e ele é yin). E ainda somos regidos pelo mesmo elemento, a água.

(e nenhum dos dois sabe nadar! hahahaha)

(e ele tem o mesmo signo do meu pai e do meu avô materno O_O)


Não surpreendentemente, a Andrea tem o mesmo signo que eu :-)

E a Juli pediu pra eu falar algo sobre o signo do Cavalo. Bom, segundo a descrição : "Lovable, enthusiastic, romantic, independent, intelligent, creative, handsome, charming, optimistic, adventurous, tolerant, rebellious, funny, easy-going, cheerful, charmistic, and strong. Fickle, impatient, restless, hot-headed, quarrelsome, quick-tempered, vain". Eu acho que bateu perfeitamente! :-)

November 29, 2007

Tô quebrada. Dormi tarde como sempre, tive que acordar cedo pra ir à dentista lááá do outro lado da cidade. Mas também saí de lá direto pra Boekenfestijn, a feira do livro daqui.

Fui com as expectativas baixas, apesar de ter comprado montes de livros ano passado : mesmo assim, fui com uma mochila maior, sapatos mais confortáveis e já alimentada com um kebab de rua. Táticas de quem não quer se decepcionar.

Expectativas baixas o caralho. Saí com 24 livros e alguns itens de papelaria e gastei 83 euros, cinco a menos que o ano passado. Um livro sobre os Ramones, que estava na minha wishlist da Amazon; o "Oracle Night" do Paul Auster, e "Paddy Clarke Ha Ha Ha", do Roddy Doyle, que eu estava querendo há tempos. Mais uns clássicos que estou querendo ler, estimulada pela Cris A.. Mais uns mangás que parecem interessantíssimos, por 1,95. A "Trilogia Suja de Havana", do Gutiérrez. E um livro de contos dos irmãos Grimm. e mais um monte de coisa. Tá bom, não tá? Tive que carregar 10 kg de livros no final (eu pesei na balança aqui de casa).

November 28, 2007

Este ano, dois dos meus amigos mais queridos tiveram filho. O Enzo da Aline e Paul, e a Natália do Lu e Fabiane. No intervalo de um mês.
2007 é ano do porco/javali no horóscopo chinês, meu próprio signo. Melhor ainda, porco de fogo. Um ótimo ano pra se ter filhos, porque obviamente todos vão sair como eu :-) : felizes e relax. With a twist. Minha mãe mesmo estava torcendo pra que a família van der S se multiplicasse durante a regência desse signo, mas acho que não vai rolar, heh ;-)

O Lu é meu amigo há quase vinte anos. Vi várias fases da vida dele e nos divertimos muito juntos, e tenho certeza de que vai ser um pai fabuloso.

Aline eu guardo no coração há quinze - também acompanhei várias aventuras dela pelo mundo, e fiquei comovida quando soube que ela estava grávida, no começo deste ano. Outra pessoa boníssima, que vai ser uma grande mãe.

Tenho uma alegria torta em saber que a prole de amigos tão queridos vai ter o mesmo signo chinês que eu. Que se tornem pessoas felizes e completas, e que saibam o quanto têm sorte de ter os pais que lhes foram atribuídos - bons, inteligentes e grandes exemplos de seres humanos.

Ah, esqueci uma parte da exposição - a sala Silver Clouds. É que essa instalação já tinha visto em SP há uns anos, no SESC Pompéia, e muuuuito melhor apresentada. Aqui, os balões ficaram apertadinhos num canto, e poucos em número. Que sem-graça.


November 27, 2007

Não poderia haver lugar mais adequado para abrigar a fantástica exposição "Andy Warhol : Other Voices, Other Rooms". O antigo prédio dos Correios, uma construção feia, desgastada e espaçosa ao lado da Estação Central, dá o tom ideal da NY da Factory.

A primeira sala conta uma vida em fotos : Warhol criança, jovem, em drag, antes e depois da plástica no nariz, retratado por Avedon, Mapplethorpe, auto-retratos, fotos de festas e a infame tentativa de assassinato por Valerie Solanas, como garoto-propaganda, com Miles alguns dias antes de falecer. Nas outras paredes, projeções de 4 filmes sobre o artista : dois Jonas Mekas, um Marie Menken e o famoso "Andy Warhol's Explosive Plastic Inevitable", de Ronald Nameth. Caos de imagens em p&b ao som de Velvet Underground.

A sala Cosmos é a ala das artes gráficas : mas aqui, as latas de sopa e Marilyns coloridas não são a grande atração, e sim a chance de ver gravuras, rabiscos, contatos, recortes de jornal, capas de discos, polaroids e até uma coleção da revista Interview, criada por Warhol como um zine sobre cinema e que se tornou um ícone fashion nos anos 70 e 80 (tinha até no Brasil, lembram? Não sei se era related ou só cópia) com as suas capas lindíssimas. Além disso, há estações com diversos vídeos realizados na Factory - os Factory Diaries - registrando desde processos de criação a uma visita da Liza Minelli, passando por uma "carta a Man Ray", onde ele não sabe mais o que falar depois de um ponto e repete "Man Ray" sem parar pra preencher o tempo. E cabines de áudio, com gravações de conversas variadas e, claro, uma gravação de Nico cantando "I'll Be Your Mirror", nonstop. Confesso que parei mais de uma vez nessa :-).

Mas o melhor ainda não era isso! A sala seguinte, Filmscape, exibe 19 filmes dentre a extensa produção do papa do pop. O clima da instalação é de uma certa cacofonia, dos fragmentos de áudio que escapam das estações e as dezenas de imagens flutuando em telões iluminados, misturados aos comentários assombrados ou divertidos dos visitantes. Fui direto ao centro e me sentei diante do emblemático "The Chelsea Girls", exibido segundo o conceito original - tela dupla, com duas "histórias" exibidas simultaneamente e lado-a-lado. As histórias não têm relação entre si e nem nexo - a maioria são improvisações on-camera (recorrentes em toda a filmografia do Warhol), mas visualmente são hipnotizantes. Assisti a uma boa meia hora (são mais de 3h), e por sorte peguei justamente a da Nico e a do Gerard Malanga.



Mas os outros filmes são igualmente mandatórios - "The Naked Restaurant", onde a Viva comanda um restaurante...nu. Todo mundo nu, discutindo assuntos do dia, como Cuba e Castro; "Kitchen", com a Edie Sedgwick mostrando os pernões numa discussão nonsense numa cozinha; "Mrs. Warhol", estrelando a mãe do Warhol, o imperdível "The Velvet Underground & Nico: A Symphony of Sound", mostrando uma jam do VU na Factory interrompida pela chegada da polícia (chamada pelos vizinhos que reclamaram do barulho); "Henry Geldzahler", uma "entrevista" de 99 minutos, onde Warhol nem esteve presente na maior parte do tempo, e Geldzahler foi deixado em frente à câmera - interagindo com ela no começo, e depois simplesmente parado até o filme acabar (gênio, analiso melhor em outro post); e um dos que achei mais brilhantes, "Outer and Inner Space", que coloca a Edie Sedgwick falando, tendo ao fundo/ao lado uma tela mostrando a própria numa outra gravação, falando outras coisas. Isso tudo gravado por duas câmeras diferentes, portanto a imagem é quadruplicada. Peguei um trecho em que a Edie "gravada" espirra, seguida de um espirro da "real" e achei incrível, ensaiado ou não.



Acabou? Não! A sala seguinte, TV-Scape, mostra os 42 episódios de uma série de TV criada pelo Warhol de 79 a 87, "Andy Warhol's TV". Esses programas são a maior síntese da cultura pop do século XX, hands down. Todos os nomes da música, moda, cinema, TV, literatura e arte que conhecemos estão lá : Debbie Harry, Marc Jacobs, Yoko Ono, Rob Lowe, Diana Vreeland, David Hockney...you name it. Até a Betty Lago.

Mas o ícone máximo do pop sempre será o próprio Warhol. Até sua morte, não existia veículo que ele não tivesse explorado, movimentos que ele não tivesse influenciado, personalidades que ele não tivesse conhecido. Faz vinte anos de sua morte, e ainda há tanto o que explorar em sua extensíssima obra que eu poderia falar aqui horas. Certamente essa exposição é uma das mais completas fora do The Andy Warhol Museum, e uma grande chance de sentir um pouco da NY fervilhante e criativa daqueles anos loucos.

November 25, 2007

Ler "The Book of Illusions" do Paul Auster logo em seguida do "The New York Trilogy" me causou uma sensação opressiva de andar em círculos, de presenciar uma sequência de fatos em loop, de ter de assistir passivamente à cobaia presa na gaiola repetir seus movimentos ad eternum. Afinal, mesmo publicadas com 15 anos de intervalo e com pequenas variações, todas são a mesma história : o escritor contando sobre o escritor levado ao isolamento total e à anulação do eu por conta de uma obsessão, resultando num livro que, por final, é o tema do livro que você lê. Que não é necessariamente o livro que você está lendo na realidade. Mas também o é.

(I love mind games)

Personagens e autor se (con)fundem intencionalmente o tempo todo, trançando referências reais e ficcionais - o que torna a ficção um pouco verdade, e a realidade um pouco irreal. E a narrativa (exclusivamente em primeira pessoa) toma ares confessionais mas ao mesmo tempo distanciada - como quando nos descrevemos pelo reflexo num espelho ou nos assistimos em um filme : vemos nossas ações, mas do lado de fora. Assim, apesar de ser sempre em retrospecto, nada é revelado antes da hora, e o narrador-personagem se dissocia : o narrador obviamente conhece o desfecho, mas o personagem ainda não. E nós tampouco, o que nos obriga a ler continuamente em busca de respostas. O segredo do bom page-turner ;)(sem contar, é claro, os personagens geniais e as histórias intrigantes)

Enfim, essa análise toda é viagem minha - na verdade é tudo mais simples e objetivo que isso. Mas não importa de que maneira você leia, o Auster é genial.

November 24, 2007

Tem post novo no StatsQuê?. O cerumano é uma caixinha de surpresas.

November 23, 2007

Aaai. Bom, a Beth me passou uma corrente (já disse aqui que isso NÃO é meme - aliás, pronunciado como gene). Como é a Beth, eu respondo. Mas já aviso : não passo pra frente nem a pau.

Uma hora: 22h30 (faz diferença?)
Um astro: Vênus (ui)
Um móvel: Estante (merecem, guardam meus livros, DVDs e CDs)
Um líquido: Água (base pra tudo, vida)
Uma pedra preciosa: Jade (vale?)
Uma árvore: Cerejeira ou ameixeira (por causa das flores(. Pode ser ipê-roxo também (meu pai curtia).
Uma flor: Margarida. Ou Gardênia.
Uma cor: Vermelho. Ou Roxo.
Um animal: Gato
Uma música: "Blitzkrieg Bop", Ramones. Ou "I'm a Believer", Monkees.
Um livro: "Little Women", Louisa May Alcott.
Uma Comida: Carne crua. Com mostarda, molho inglês, alcaparras e batatas fritas (é, é steak tartare).
Um lugar: Paris.
Um verbo: Observar.
Uma expressão: Putz.
Um mês: Setembro (todo mundo coloca o mês do aniversário?)
Um número: 13
Um instrumento musical: A Telecaster amarela do Olga dos Toy Dolls.
Estação do ano: Outono
Um filme: Chacun Cherche Son Chat. Ou Little Women, do Mervy LeRoy. Baseado no livro.

Alguém me conheceu melhor com essas informações? Ok, I knew it.

November 22, 2007

E por falar no Vincent Lindon, morri de ódio quando ele casou com a Sandrine Kiberlain, que eu achava a atriz mais sem sal da França. Mas agora resolvi ver o que ela anda fazendo, e pelo jeito ela aderiu à moda de virar cantora. No site e no myspace tem umas amostrinhas do último álbum, e não é que é legal? As músicas são mais ou menos, mas bonitinhas e boas pra se escutar descompromissadamente. "La Chanteuse" é uma graça.

November 21, 2007

Assisti a "Vendredi Soir", da Claire Denis. Um encontro ao acaso numa Paris paralisada pela greve do transporte público. Acompanhando o trânsito caótico, o ritmo da cidade se torna lento mas com uma pressão discreta e cumulativa. Poucos diálogos, muitos olhares - curiosos, entediados, lascivos, impacientes, enigmáticos. Imagens quentes, close-ups que fazem quase sentir o cheiro e o calor da pele. Uma mulher de quem sabemos muito pouco e um homem de quem não sabemos nada. Duas pessoas comuns, sem passado e sem futuro, vivendo um relacionamento completo que dura uma noite.

O filme é basicamente isso. E muito bom, e vale por ter a Valérie Lemercier num raro papel não-cômico, e o Vincent Lindon, que eu acho mesmo lindon. Tudo nele grita "homem!" - as mãos, orelhas, nariz, voz. Mas com uma atitude sensível e gentil que é de matar. Uf.

(mas isso sou eu, porque eu tenho lá meus motivos pra achá-lo maravilhoso)


"30 Days of Night" é sinistro, sangrento, efeitos ótimos e boa direção. Não li a graphic novel, então não sei quanto à fidelidade ao original, mas é um programão.

Vampiros nunca estiveram no meu top 10 de coisas assustadoras - grande parte por culpa da imagem sedutora e aristocrática propagada pelo Bram Stoker, gótica demais, teatral demais. Sinceramente, me enche o saco esse viés erótico que tomou a lenda (a melhor notícia dos últimos tempos foi a Anne Rice encontrar Jesus, haha). Graçazadeus, não é o caso aqui. Os ataques são animalescos, impiedosos, a tensão é enorme e bem explorada. Os vampiros aqui parecem realmente com o tipo de criatura que alimenta pesadelos e lendas.

Saí do cinema e dei de cara com uma noite fria e prematuramente escura. Fui rapidinho pra casa...

November 17, 2007

Ontem tive meu próprio momento proustiano. Encontrei no supermercado petits pains suédois, que são pãezinhos cortados ao meio e torrados. Lembrei que gostava deles, fiquei toda alegrinha e comprei um pacote.
Cheguei em casa e já fui experimentando um. Hm, crocante e nutty. Mas fiquei meio decepcionada, porque não parecia a mesma coisa. Deixei o pacote pra lá e fui fazer outra coisa.

Mais tarde, fui tirar os queijos da geladeira pra fazer fondue, que era o jantar programado. Gruyère, emmental, e comecei a ralar. No finzinho do emmental, me deu um clique e pensei : hm, isso deve ficar bom com um dos petits pains. Cortei um pedacinho dele e comi com uma das torradinhas suecas.

Era isso! A combinação de sabores me emocionou, e de repente lembrei o porquê : foi a primeira coisa que comi em Paris, na minha primeira vez na cidade, há mais de dez anos. Um fato que eu tinha esquecido completamente, encoberto por tantos outros que se seguiram nesse tempo todo. Mas que, pelo visto, nunca deixou de ter importância.

Em 96, fui a Paris pela primeira vez, para fazer um curso de verão na Sorbonne - Langue et Civilisation Française. As residências estudantis já estavam todas ocupadas, mas consegui alugar um apartamento normal no 7ème através de um anúncio pregado não lembro onde. Cheguei na cidade num domingo, e fui pegar a chave com o administrador, um senhor brasileiro muito tranquilo. Ele foi comigo me mostrar o apartamento e como funcionavam as aparelhagens, código da porta, etc.

Fiquei pasma, porque o lugar que aluguei sem ver era um apê grande, lindo, com quarto, sala, cozinha equipada e banheiro - na verdade poderia ser dividido com mais gente, mas consegui alugá-lo sozinha. Das janelas se via a Torre Eiffel, e a rua tinha a mistura exata de movimento e calma. Não podia querer mais nada.

O administrador então se despediu e explicou que, por ser domingo à noite, ele previu que seria difícil eu conseguir comprar comida naquele horário - e deixou umas coisinhas pra que eu não ficasse sem nada.

Abri a geladeira e encontrei - sim, um pedaço de emmental e um pacote de petits pains suédois. Fiquei comovida com o cuidado inesperado, e senti que aquele período ia ser um dos mais felizes da minha vida.

E assim, na minha primeira noite de verão em Paris, sozinha frente às janelas abertas mostrando a Torre iluminada contra o céu escuro, consciente da minha tremenda sorte de estar ali, tocada pela beleza e gentileza, comi queijo suiço, pão sueco e água - e nada pareceria mais gostoso.

November 15, 2007

"Dig for Fire - a Tribute to Pixies", pra ouvir online (sim, mais um tributo!). Em geral, bacana.

Mas claro, nada como o original.



(Via Ilustrada no Pop)



"Chocolade Haas", um curta do holandês Sander Plug.



(Via SeriousEats)

November 14, 2007

Hoje foi um dia bizarro. Post, só amanhã.

November 13, 2007

Ainda pelo Orkut, notei que duas profissões são o alvo de sonhos de muita gente : comissário de bordo e locutor de rádio. Chega ao ponto de ter gente dizendo que trabalharia sem pagamento, se tivesse uma chance.

Primeiro : quer trabalhar sem ganhar dinheiro, vai ser voluntário pra alguma instituição útil, que PRECISA da sua mão-de-obra gratuita. Deixa quem tem capacitação pra exercer a função ganhar o salário devido e tirar um pouco de grana das grandes corporações. Porque SIM, eles ganham dinheiro, mesmo que não te paguem.

Segundo : as duas carreiras precisam de treinamento especializado E uma certa vocação. Mas acima de tudo, um certo senso de realidade. Tá bom que você quer ser comissário porque acha nasceu pra servir os outros e acha o máximo da recompensa um sorriso de um passageiro (!). Eu sei que o que você quer mesmo é fazer o circuito Elizabeth Arden e conhecer o mundo. Não há problema nenhum nisso. Da mesma forma, o sem noção que fala que o dinheiro não importa, ele quer é se comunicar com o mundo, na verdade quer é ser famoso, um Eli Corrêa da vida (quem?). Encarem isso que fica mais fácil. Em 90% dos casos, é isso que acontece. E quem ganha são esses cursos fuleiros que cobram uma grana dos sonhadores incautos.

(o curso de locução do SENAC é bom e confiável, e quanto aos aspirantes a comissário...bem, nenhum dos meus amigos que foram contratados por companhias internacionais - AF e LH - jamais pisou numa dessas escolas de aviação. Cada empresa tem seu treinamento específico e te dá um tempo pra tirar o certificado geral, já contratado. Mas o pior mesmo é gente que faz curso de agente de solo - pagar pra aprender a fazer check-in, embarque e desembarque, sendo que cada companhia aérea tem um procedimento e sistema diferente?!)

O foda é que eu vejo nego achando que comissário/aeroviário não tem que falar outra língua e aspirante a locutor não sabendo falar nem português. Sério : se você acha que o passageiro estrangeiro não se importa de não ser capaz de se comunicar com você verbalmente e se satisfaz com a sua simpatia, precisa realmente viajar mais como pagante. E se você acha que tudo que o ouvinte quer é ouvir a sua bela voz falando "as árvere somos nozes" ou levando a palavra de Jesus, tem de criar um pouco de noção. Senão o máximo que você vai conhecer do mundo vai ser o Rio de Janeiro e a palavra de Jesus não vai passar do boteco da esquina.

* finalmente a temperatura vai chegar perto de zero grau. Não chovendo, tá bom.

* finalmente o Orkut viu a luz e não me obriga mais a ver se fulano adicionou vídeos, mudou o profile ou resolveu andar de quatro. Fora updates!

* finalmente decidi não comprar mais NADA de roupas, sapatos ou cosméticos até eu usar tudo o que tenho. O armário transbordante agradece, e meu bolso também.

* frutas aqui nesta estação são um tédio : maçã, pêra, pêra, maçã. O que salva são os morangos holandeses (que são ótimos) e as ocasionais frutas importadas. Mesmo assim, as mangas não têm cheiro algum (!) e as bananas são Chiquita.

Eu acho que só gosto do verão pelas cerejas.

* Dean&Britta não vão tocar aqui. Tem show de TUDO quanto é banda aqui, mas não vai ter Dean&Britta. Merde.

* Eu tenho um twitter, mas prefiro postar essas coisinhas aqui, ué.

November 12, 2007


(sim, a capa é do Yoshitomo Nara)


Snif. Agora não sobrou nenhum livro da Banana Yoshimoto pra ler, até ser lançado o próximo. Terminei "Hardboiled/Hard Luck" ontem, e achei muito bom. Obviamente, porque o tom fantástico de "Hardboiled" lembra um Murakami mais melancólico e feminino. E "Hard Luck" é lindo e simples, principalmente pra quem passou por situação semelhante. As duas histórias giram em torno do mesmo tema - a morte de alguém querido - mas o tom nunca é depressivo, e sim reflexivo. De fato, eu diria que são mesmo sobre a vida em si e uma de suas grandes verdades : perdas e despedidas fazem parte da existência. Não se deve encarar o vazio que fica quando alguém morre, e sim perceber em si o quanto dessa pessoa ficou, e o quanto esses fragmentos de presença - lembranças, vestígios, ensinamentos - transparecem ou influem no que fazemos pelo resto da vida. Ou seja, vão sempre ser parte de nós. Quem entende isso é capaz de seguir vivendo e ser feliz.

Afinal, sentir saudade não deixa de ser uma forma de poder carregar consigo um pedacinho de quem a gente perde.

November 11, 2007

Olhei na geladeira e encontrei os seguintes restos mortais olhando pra mim : um cubinho de manteiga de 2cm x 2cm; UMA fatia de presunto cozido; vários pedaços de queijo (comté, tomme noire, manchego, grana padano e boursin); meio vidro de champignon em conserva; umas ervas frescas já não tão frescas assim (alecrim, tomilho, sálvia) - eles estavam PEDINDO pra virar molho, nénão? Ainda mais porque no armário tinha meio pacote de fusilli moscando há meses sem ninguém dar atenção, coitado.

Derreti a manteiga em fogo baixo, joguei a sálvia picada. Depois, meio pacote de Boursin (alho e ervas), os queijos ralados, algumas folhas de tomilho e alecrim. Um pouco de leite (uns 200 ml?), os champignons e o presunto picado. Mexendo sempre, ainda botei um pouquinho de vinho branco, pra aromatizar, e de maizena, pra engrossar um pouco. Pimenta-do-reino, deixar cozinhar e pronto! Um quase-romanesca pra servir com pasta. Ou será parisiense? Anyway, não tinha ervilhas. Eu lembro que adorava pedir ravioli à parisiense na Cantina Roperto no começo dos anos 90, e jogar um mooonte de parmesão ralado em cima. Good times.

(se eu não tivesse o Boursin, eu faria um molho branco básico - manteiga, fritar um pouco de farinha e misturar leite - e depois acrescentaria o resto)

Só não tirei foto porque ficou Belmondo. Mas aproveitei imensamente.

November 10, 2007

Gente simples rula. Abaixo a pretensão.



O privilégio de ter conhecido alguém de tantos talentos e com um coração tão grande quanto o seu foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida. Por isso, obrigada por existir.

"Stupeur et Tremblements" é a versão cinematográfica do livro da Amélie Nothomb. Semi-autobiográfico, ele conta como a jovem Amélie, belga nascida no Japão, retorna para trabalhar no país do qual guarda lindas lembranças de infância e um certo fascínio. O cotidiano corporativo japonês acaba por se mostrar massacrante, não fisicamente, mas psicologicamente - pressão extrema pela perfeição, humilhação e subserviência, obediência acima da iniciativa, competição acirrada. Mas nada disso demove Amélie, que, em busca de se tornar um pouco japonesa, assume uma das posturas mais características - a de não perder a dignidade. Pedir demissão seria uma vergonha maior do que se submeter aos abusos dos chefes, e ela encara tudo com um certo espírito zen-masoquista - até mesmo ser mandada cuidar dos banheiros. Sua educação ocidental e sua cara de estrangeira entram em choque o tempo todo com a cultura tradicionalista e xenófoba do Japão, resultando em insights interessantes e críticos. Obviamente, referências a "Furyo" não faltam, sendo citadas até diretamente.

É um filme belo e um pouco fabulesco, imagino que para tirar um pouco do peso da neurose, mas imperdível pra quem quer conhecer um pouco a outra face desse país, a que não é mostrada em "Lost in Translation". Amélie sim, sofre com a falta de comunicação. E eu gosto muuuuito da Sylvie Testud.

November 09, 2007

De todos os nossas capacidades, acho que sonhar é uma das minhas preferidas. Mas sonhar mesmo, daqueles quando a gente dorme e o inconsciente toma conta, misturando acontecimentos, medos, desejos, frustrações e pirações em pequenas cenas com um mínimo de coerência pra dar liga. Mínimo mesmo, só pra não virar uma maçaroca desconexa.

(Chris, Klein, Hector e tanta gente que falou sobre o assunto ultimamente e mais o Gondry podem atestar)

Pra falar de novo em Star Trek (I know, I know - pode chamar de nerd que eu gosto), fiquei emocionada quando num dos episódios o Data desenvolve a capacidade de sonhar. Não entende a princípio - mas depois percebe como é um privilégio. E como não encarar como um presente a chance de correr por lugares estranhos e que não existem, conversar com pessoas queridas distantes de você, viver situações que na vida real seriam arriscadas ou, melhor ainda, impossíveis? Eu adoro.

Às vezes os sonhos me consomem - acordo cansada fisicamente, quebrada mesmo, depois de sonhos onde corro ou ando sem parar (como o de hoje, em que eu andava de bicicleta numa avenida imensa em SP, que não existe, mas ligava o Anhembi à zona leste passando pelo minhocão, com alguém que não lembro quem era na garupa). Como pode?

Outras vezes, são tão bons que fico verdadeiramente chateada ao acordar - de que outra forma eu poderia abraçar meu pai e resolver a saudade de perguntar coisas triviais como "você quer que eu vá buscar uma pizza?", como se ele ainda estivesse por aqui?

E por isso mesmo, sonho legal é sonho absurdo. Como bem disse a Chris, sonho com coisas normais é mau sinal.

November 08, 2007

Ouvindo umas velharias de que gosto tanto. Dylan, claro. Itamar BeneditoJoãodosSantosSilvaBeleléuvulgoNegoDitoCascavé Assumpção, tanto cantando Ataulfo como "Sampa Midnight". Renaissance, "Carpet of the Sun" e "Let it Grow" tentando seguir os agudos da Annie Haslam (num passado distante eu conseguia). Nico e sua voz peculiar em "I'll Keep it With Mine". Lembrando que comprei CDs dos Seekers e do Manfred Mann e mal ouvi (especificamente por causa de "Georgy Girl" e de "Doo Wah Diddy Diddy", confesso - mas eu adoooooooro essas músicas).

Me intriga o fato de eu gostar mais de coisas produzidas no máximo até a década de 80 do que das de agora, não importa o gênero - que eu não me prendo a essas coisas. Tudo hoje parece releitura de algo (hm, na verdade é). Esgotou a fonte? Há menos paixão? O talento se diluiu na vida moderna? Sei lá.

November 07, 2007

Experimentei fazer empanadas hoje. Bem gostoso - a massa ficou bem elástica e deu pra esticar bem fininho, e o recheio ficou bom. Da próxima vez, contudo, acho que vou usar filé picadinho no lugar da carne moída, echalotes em vez de cebolas e juntar um pouco de vinho tinto e tomilho (será que é muita heresia?).


November 06, 2007

Assisti ontem a um episódio de "Star Trek : TNG" bastante interessante, porque tratava de algo que temos (hã, dizem) mas não se sabe totalmente como funciona : a memória. Um dos personagens, o Data - pra quem não conhece a série - é um andróide - e como tal, tem a memória toda organizada e catalogada, como um computador. Ô, que sonho. Tudo dividido em pastas, com datas, tags - pra acessar e localizar algo seria facílimo.

Infelizmente, nossa condição de humanos estabelece que a nossa memória seja armazenada segundo padrões totalmente subjetivos. Você pode coçar o cérebro até gastar, mas não vai lembrar do nome daquela música, ou daquele filme de que gosta na hora que quer. Da mesma forma, lembranças daquele namoro bom ou ruim vão aparecer do nada, quando menos foram chamadas. Ou ainda, sentindo o cheiro de água salgada, por exemplo, vai se lembrar de algum momento crucial da sua infância, esquecido até então. Sem querer.

Eu me considero uma pessoa com memória seletiva - costumo enterrar bem fundo as lembranças indesejáveis, e ao mesmo tempo sou capaz de desenterrar épocas apenas com um cheiro ou visão de um lugar conhecido. Não costumo ficar imersa em memórias em geral, porque pra frente é que se anda. Mas há momentos que certamente gostaria de manter num lugar protegido, como 2046...

November 05, 2007

E já que eu falei de festivais, neste final de semana rola o International Amsterdam Film Festival, o antigo RESfest de Amsterdam. O destaque é o filme novo do Hal Hartley, "Fay Grim", continuação de "Henry Fool", de 1997. Só por isso eu já iria, porque eu AMO HH e desde "The Book of Life", dos últimos filmes dele não vi nem sombra.

Fay Grim

Além disso, vão ser exibidos também os documentários "Good Copy, Bad Copy", sobre copyrights e pirataria (e que, coerentemente, tem download disponível no próprio site), "Inside/Outside", sobre grafite, vandalismo e street art e inclui a cena de São Paulo, e "Mr. Catra o Fiel", que mostra uma das faces da cultura funk das favelas cariocas. Os três são do dinamarquês Andreas Johnsen, que tem mais alguns que parecem igualmente bons no Rosforth.com. Acho que vale a pena conferir.


Se eu me animar a enfrentar as hordas de modernetes e de holandeses paga-pau de terceiro mundo que provavelmente vão encher o centro cultural, eu conto pra vocês.

November 04, 2007

Só porque eu fiz pouco caso de quem compra cebola já picada no supermercado.

Ontem fiz zás! no meu polegar. Como o entusiasmo não era muito e existem as unhas, pelo menos fiz um talho no dedo através da unha e não fatiei fora a ponta. Mas dói do mesmo jeito.


(note to self : quando dizem que a gente tem de dar tudo de si em tudo que faz, não significa literalmente. Dedos fazem falta)

November 02, 2007

Eu sou incapaz de jogar comida fora, traço que certamente puxei da minha mãe. A geladeira e a despensa da casa dela são o equivalente doméstico à ala egípcia do Louvre - pacotes e containers de coisas ressecadas, congeladas, empoeiradas e mumificadas. Algumas coisas nem devem ter data de validade, e sim teste de carbono 14.

Aqui em casa só não acontece o mesmo porque a gente tem um pouquinho mais de controle sobre o que é comprado e usado e o Akira é um neat freak, mas mesmo assim a nossa tendência a fazer comida pra um batalhão sempre resulta em sobras. O que é comemorado, porque significa que não precisamos fazer comida por uns dias.

(eu não sabia, mas descobri ao longo dos anos que tem gente que nem cogita consumir sobras - felizmente, nunca tive esse problema)

Daí que por acaso tínhamos um pedaço de atum cru na geladeira. Não fresco o suficiente pra fazer sashimi de novo, mas bom ainda. E um purê de batatas com alho-poró da semana passada também. A idéia é fazer um tartare de atum (cortar em cubinhos, misturar com suco de limão, shoyu, gengibre, cebolinha picada, wasabi e umas gotinhas de óleo de gergelim e deixar na geladeira por uma hora) com potato fritters (juntar um ovo e farinha de rosca ao purê, temperar com sal, pimenta, azeite, mostarda e pimenta vermelha. Formar panquequinhas e fritar em óleo quente). Colocar o tartare sobre as panquecas de batata e servir tudo sobre uma salada verde.

Parece bom, né? O problema é que antes disso eu tinha decidido fazer oden (um cozido japonês com batata, nabo, ovo, tofu, konnyaku e bolinhas de massa de peixe, que se come com mostarda japonesa). Tem um panelão no fogo e vai durar uns 3 dias, pra nós dois.

Que será que se pode fazer com resto de oden?...




Novembro também é hora do festival Crossing Border, em Den Haag. A programação deste ano não me interessa terrivelmente, mas ver quem esteve nas outras edições é de babar : Nick Hornby, Holger Czukay, Can, Tindersticks, Douglas Coupland, Lou Reed e Laurie Anderson, Norman Mailer, Zadie Smith...gah. Literatura, música e outras formas de arte, tudo junto. Uau.

(spoken word não é muito minha praia, mas combinado com outras atrações até vai)

Em 2007 os destaques são o Salman Rushdie e o Rufus Wainwright, and I couldn't care less por nenhum dos dois, mas tem Patti Smith, Chuck Palahniuk e Roddy Doyle, que eu curto paca. E putz, o Norman Blake e a Emma Pollock na noite escocesa.

(tem ainda a Soko, SFA e BRMC, mas esses não me tiram de casa)

Hum. Eu ainda não sei se vou, mas fica a dica pra quem for da área.

November 01, 2007

Se bem que tenho que confessar que essa minha determinação toda de "no presents" sente os joelhos tremerem toda vez que vejo o JBox.

Novembro já? Pra onde foi o ano que eu não vi?


Bom, já que na cabeça de todo mundo Natal é época de presentes, é hora de ir lá nos Correios escolher uma cartinha e fazer a sua boa ação anual. Em São Paulo, geralmente as cartas ficam à disposição na agência da Lapa - mas é só ligar que eles informam certinho. Parece que agora eles se encarregam pela entrega dos presentes (ano passado ou retrasado disseram pra minha irmã que não, mas ela argumentou que seria o mínimo que eles poderiam fazer, e no final das contas não cobraram o frete - vocês não devem ter esse problema este ano).

Em casa ninguém liga pra datas comemorativas, então sempre combinamos que em vez de gastar com presentes pra nós mesmos, cada um escolhe uma carta pra atender.

(claro, quem for olhar as cartas vai se deparar com pedidos espertinhos, como notebook ou consoles de videogame, mas também tem gente que pede caderno e lápis pra poder ir à escola, cesta básica, essas coisas - obviamente escolhemos os pedidos razoáveis)

Tinha esquecido como queijo manchego é bom. Damn.