September 22, 2009


Gostei de "500 Days of Summer". Afinal, como o narrador mesmo avisa : não é uma história de amor.

September 18, 2009

Aliás, pra quem for ler o "Juliet, Naked", é bom dar uma olhadinha nesse documentário antes. Não que northern soul seja essencial para a história, mas é o que a gente chama de colour :

September 15, 2009

Anita me deu de presente de aniversário o ótimo "Juliet, Naked". Que, óbvio, já vim lendo na viagem de volta.

(seis horas de trem são ótimas pra se colocar a leitura em dia)

Bacana. Nick Hornby, né - fácil, divertido, personagens gostáveis e neuróticos, uma boa dose de obsessividade, sarcasmo e atribulações amorosas. Praticamente uma Jane Austen de calças.

(e agora, com acesso a internet)

Será que todos os escritores pop vão precisar incluir conversas via e-mail e páginas da wikipedia em seus livros? Sinal dos tempos. Será que eu tenho um certo preconceito com esse recurso por achá-lo preguiçoso? Talvez, um pouco (por culpa do abuso de alguns autores). Mas é bobagem minha - afinal, no que isso é diferente da literatura de missivas de Rilke, Eça e outros tantos? Em nada. A correspondência entre duas pessoas continua sendo uma fonte rica de confissões tímidas, esperas ansiosas, delírios românticos e descobertas, via eletrônica ou não. E ah, como a gente gosta de acompanhar tudo isso - a escolha de palavras, a preocupação em ser entendido da maneira certa, o aguardo da resposta. E essa troca pode não ser o ponto central de "Juliet", mas é certamente um dos mais simpáticos. Os outros, é claro, são tudo aquilo que a gente gosta num Hornby : as referências e os personagens levemente fora do eixo. Tá tudo lá, satisfação garantida.

September 13, 2009

ccd - chic, charmant und dauerhaft

O post sobre o Museu da DDR me lembrou de que ainda não falei sobre a exposição In Grenzen Frei, sobre a moda na Alemanha Oriental. Apesar de relativamente simples, instalada no discreto Kunstgewerbemuseum, devo dizer que foi uma das minhas favoritas nos últimos tempos. Imagine ter a rara chance de ver fotos, roupas, vídeos e outros documentos da criatividade e não-conformismo de um grupo que precisava contornar restrições, repressão política e cultural e escassez de material para poder se expressar através da moda. Obviamente, esses mesmos obstáculos imbuíram esse grupo de uma identidade e presença tão marcantes que impressionam até hoje.

photo by Tina Bara (1989): „Maud-ines"

(Achei curioso ver que, apesar do isolamento, a moda ali estava a par com o que acontecia no cenário underground mundial da época - a mesma irreverência e sede de individualidade, a influência do punk, da new wave, do gótico. A diferença é que a subversão, no caso dos alemães orientais, era resposta a uma repressão real - que no resto do mundo talvez fosse apenas social mesmo)

photo by Sibylle Bergemann

Entre as séries de fotos, o destaque era evidentemente Sibylle Bergemann. Mas pra falar a verdade, minhas favoritas foram da série "Berliner Jugendliche", de Helga Paris - gente real sempre é mais interessante do que ensaios de moda, he - e os retratos do Sven Marquardt (vejam as fotos no site dele, são incríveis).

Robert Paris por Sven Marquardt, 1988

Agora, o que me comoveu foi mesmo a Allerleirauh, marca das designers Angelika Kroker e Katharina Reinwald. Tomando o nome de uma fábula dos irmãos Grimm sobre uma princesa fugitiva vestida num manto feito das peles de todos os animais do reino, elas apresentam peças ousadíssimas, transformando couro em estruturas tridimensionais, com volumes e recortes inesperados. Roupas de tiras de couro, com dentes e galhos, desfiles-performance ensandecidos, modelos rastejando escadaria abaixo, seres estranhos unidos pela cabeça. Inclassificável, e tão foda.

Também foram exibidos vídeos de mais dois desfiles do coletivo ccd, um de 1983 e outro de 1985. É tudo tão vibrante, pulsante, forte, passional - fascinante. Mas achei as fotos do backstage desses desfiles ainda mais reveladoras e mais apaixonantes ainda. Elas estavam expostas na parede ao lado da projeção, e fiquei indo e voltando, comparando momentos, figuras, carões. Anotei nomes : Frank Schäfer, Angelika Kroker, Sabine von Otteginen, e fiquei imaginando aquele clima de efervescência em meio à austeridade comunista, e não pude deixar de rir sozinha. Que época, senhores, que época.

Sibylle Bergemann
Allerleirauh, 1989
Portrait: Katharina Reinwald
© Sibylle Bergemann, 1989

A exposição terminou estes dias. Mas não se desespere, tudo isso é retomado no documentário "Comrad Couture - Ein Traum in Erdbeerfolie". Preciso urgentemente encontrar uma cópia para assistir, já que acabou de ser lançado na Alemanha. Por enquanto, o trailer.

September 12, 2009

Eu sempre fui fã incondicional do Almodóvar, e vi todos os filmes dele. E, inexplicavelmente, estava sem vontade alguma de assistir a "Los Abrazos Rotos". Não tinha lido crítica alguma, nem visto o trailer, mas fiquei embaçando mais de uma semana pra ir ao cinema. Mas acabei indo, com o sentimento de quem vai para cumprir uma obrigação. Not good.

E, de fato, underwhelmed não descreve exatamente minha reação. Os elementos familiares estavam todos lá, mas a impressão que tenho desde "Todo Sobre Mi Madre", a de que Pedrito está vestindo roupas que não lhe pertencem, perdura. Não sei se ele quer provar que pode ser um cineasta sério (como se precisasse), ou se foi um acaso sem inspiração - mas a minha maior sensação foi a de uma pessoa sob medicação : com as emoções abafadas, controladas, e algo sem foco. Ele tenta fazer referências ao passado, com uma participação jogada da Rossy de Palma e um metafilme que remete a "Mujeres Al Borde de Un Ataque de Nervios". Mas é isso que parecem, meras citações. As atuações são boas, a história razoavelmente intrigante. Mas se estende e não chega a lugar algum. Pena.

September 11, 2009

Bom, tirando as agruras de hotel, passar meu aniversário em Berlim foi bacanérrimo, obviamente. Além de cada vez mais querer morar em Kreuzberg, a Sta. Cecília local, pude encontrar a querida Anita que estava na cidade pra ver o ídolo Mark Lanegan. Fomos ao Museu da DDR, que é um bom jeito de saciar os surtos de ostalgie à la "Adeus, Lênin". De embalagens de produtos a uma sala e cozinha completas mobiliadas, passando por programas de rádio disponíveis para audição, quase tudo é interativo e manuseável. Incluindo um autêntico Trabant, que pra mim foi o ponto alto da exposição, he. O mais engraçado é que a maioria dos objetos poderia tranquilamente estar na casa de alguma avó ou tia da Móoca ou Bela Vista. Acho que não foi só a Alemanha Oriental que parou nos anos 50/60 em termos de design.

Também comemos bem pracaralho, sem gastar quase nada.

Weisswurst, sauerkraut e Weissbier na KaDeWe. Ok, não foi exatamente barato (uns 15 euros pros dois?), mas o sauerkraut foi de chorar.

Spätzle com lentilhas e salsicha, e com cogumelos e queijo, no Spätzle Express. Com uma cerveja, cada um gastou 5 euros. E essas eram as porções médias. Imagina a grande.

Meio franguinho assado, com fritas ou com salada, no Hühnerhaus. Por 3,50 cada um, é um salvador da pátria nas madrugadas após uma noitada.

O grill turco na frente da Görlitzer Bahnhof. Um prato de carne, um de frango (ambos fartos), com couscous turco, a salada imensa da foto, um cesto cheio de excelente pão turco saído da grelha, cervejas - vinte euros. Inacreditável.

E teve mais, mas não tiramos foto de tudo. Fomos na famosa Rogacki, mas não fomos arrebatados. Tony Bourdain teve mais sorte (aos 8:00 do video).



Foi um bom fim-de-semana.

September 10, 2009

Acabamos mudando de hotel, e fomos para o ótimo Hotel Gates Berlin City East. A uns 10 minutos a pé da Hauptbahnhof, ele era o extremo oposto do Michelberger - clássico e extremamente silencioso. Tudo que a gente queria, hahaha. Claro, foi bem mais caro (135 euros a diária, contra 55 do Michelberger), mas dormir em paz não tem preço, gente. E, de qualquer jeito, com antecedência os preços podem cair drasticamente.
Como foi só por uma noite, e reservado em cima da hora (e pagando a tarifa de balcão), demos sorte e ganhamos uma suíte, num andar com apenas outros dois apartamentos. Abri as cortinas e dei de cara com isso :


ÁRVORES! SILÊNCIO! O Museu de História Natural! Ninguém na rua! hahahahaha.

Definitivamente, estou ficando velha.

September 07, 2009

Eu queria muito ter gostado do Michelberger Hotel. Da assessora de imprensa até a recepcionista, todo mundo foi muito simpático, provando que o objetivo é ser uma experiência diferente, menos fria. O lugar é lindaço (tem fotos aqui) e numa posição incrível, em Friedrichshain, de frente pra estação de U- e S-Bahn Warschauer Str. Ainda tem um ponto de tram na porta, que liga diretamente com Prenzlauer Berg. E como se isso não bastasse, é só cruzar a ponte que você chega em Kreuzberg. Sério, eu moraria ali.

Mas o grande problema foi justamente ser um lugar tão badalado - ele tem um pátio interno enorme, que abriga FESTAS. Daquelas, com palco, caixas de som, DJs e tum-ts-tum-ts-tum a noite toda. E claro que a janela do nosso quarto dava DE FRENTE pro dito pátio.

Calma, na hora da reserva isso me foi avisado. Fui sabendo das festas, mas sinceramente achei que fosse ser mais suportável. E eu também achei que fosse ter energia pra ficar na rua até tarde, e isso não ia importar. Mas de fato, mesmo chegando no hotel às 3 da manhã, ainda tivemos que esperar o som ser cortado às 5 horas pra poder descansar direito. Porque o som é MUITO alto. Enfim, burrice minha mesmo, mas eu estava curiosíssima a respeito dele, e queria ver se rendia uma notinha pra alguma revista. Render, rende, mas desisti de escrever porque minha experiência foi meio traumática, haha. Certamente em noites em que não há eventos, deve ser uma estadia muito legal. Ou, claro, pra gente mais jovem que eu :)

Ah, e quem for compartilhar o quarto pequeno com alguém, é bom ter bastante intimidade - o chuveiro tem uma janela transparente colada à cama, hahaha.

September 03, 2009

E pelo Facebook/Twitter da Cissa Giannetti chegou o link do Wolfgangs Vault, com uma tonelada de áudios de shows ao vivo pra ouvir de graça, de rock a jazz. Passei o dia ouvindo The Runaways e Mink DeVille, mas podia também ter sido um Return to Forever de 1973.

Tá esperando o quê?

September 02, 2009

Como ainda devo mencionar "Inglourious Basterds" por aqui nas próximas semanas, só quero aproveitar agora pra comentar que esse é um Tarantino puro-sangue.

(pun intended, eu não resisto)

Como de costume, vingança, mulheres lindas, tiros, muitas referências cinematográficas, acontecimentos improváveis e diálogos antológicos. Eu realmente não entendo como as pessoas podem se decepcionar com um filme desses.

A vocação do Brad Pitt pra interpretar personagens idiotas cai muito bem aqui. Aliás, o elenco é uma coisa incrível. Aliás, o filme é quase todo do elenco alemão. Meus dois atores alemães favoritos do momento, Til Schweiger e Daniel Brühl estão de babar - um lindaço como sempre, e o outro soltando um francês de cair o queixo.

(vocês têm noção? Daniel Brühl falando francês? Isso é muito sério!)

Muita, muita coisa do roteiro original ficou de fora , infelizmente. Como resultado, o filme é ágil (passa voando), mas algumas coisas ficaram no ar. Sem problemas - cada um ainda vai sair do filme comentando sua cena preferida - e há várias dignas de nota.

They ghoulishly giggle.