December 31, 2008

É uma coisa tão besta, mas eu adoro andar na Paulista, talvez por ter morado nesta região a vida toda. E às vezes eu faço o percurso mentalmente, quando estou na Holanda. Quando pus os pés de verdade lá ontem, fiquei pensando "que bom, não estou sonhando, estou aqui de verdade!") .

Determinados trechos me lembram fases diferentes da vida, que me vêm imediatamente à cabeça. A Al. Santos da Peixoto Gomide até a Augusta, por exemplo, é da época do colégio - quando a gente matava os laboratórios à tarde, ou simplesmente ia passear pra almoçar nos dias em que tinha aula nos dois períodos. O Conjunto Nacional, da época em que eu ia namorar os livros na Livraria Cultura e ia ao Cinearte (que tem um nome horrível agora). A Paulista entre o MASP e o prédio da Gazeta me lembra 97-98, quando eu dava aula de inglês numa escola no número 967. E, coincidentemente, é onde fui encontrar gente querida pra almoçar ontem. Foi uma grande ironia do destino, na verdade.

Fico imaginando quantos outros ciclos vão se fechar estes dias.

Recebi alguns telefonemas, o que me deixou feliz pacas. Gente, eu adoro que vocês me liguem, porque eu sou envergonhadíssima pra telefonar pras pessoas. Sempre fico com medo de estar interrompendo algo, ou da pessoa não saber quem está falando, e eu ter que explicar. Toda vez que alguém querido liga eu fico aliviadíssima por não ter precisado dar o primeiro passo. Sério, I'm that weird.

(e eu mandei meu número sonolentamente pra algumas pessoas, e depois percebi que faltou um monte de gente. Já resolvo isso, sorry)

Comi coxinha no Viena. Mas não estava tão boa quanto antes, blé.

E fui no Mercado Municipal comprar umas coisas, não estava tão lotado como imaginei que estaria, mas também estava meio infernal. Ir de táxi é o canal.

E, putz, vamo acabar logo com essa coisa de fim de ano e voltar à vida normal? Não agüento mais essa coisa de réveillon!

December 30, 2008

O vôo foi tranquilo, apesar de lotado. Saímos de casa com o céu ainda escuro, temperatura de -1C. E depois de onze horas no ar, cinco filmes e muita água, chegamos. Sem chuva e 23C.
Pizza, gatos e sono. Hoje consegui me arrastar pra fora de casa e descobri que ainda sei dirigir, he. Mas ainda muito sono.

December 29, 2008

Cheguei :)

December 28, 2008


E fiquei bem feliz de fechar o ano com "Entre Les Murs", do Laurent Cantet. Depois de ter passado o Natal vendo uns filmes péssimos que baixei de bobeira, acompanhar a relação entre François e seus alunos foi uma porrada no espírito, que gerou muitas reflexões sobre educação, autoridade, conhecimento, imigração, choques culturais e, claro, o ofício de professor.

O formato é impressionante : são alunos de verdade e um professor de verdade diante das câmeras, e a gente quase esquece que é um filme-quase-documentário, roteirizado e adaptado de um romance quase-autobiográfico. É o micro-universo de uma sala de aula do 20ème em Paris que reflete os problemas sociais que a França (na verdade, o mundo) anda enfrentando. É curioso como consegue ser overwhelming, sem que nada de especial aconteça : não há trama, não há explosões, seqüestros, nada. São diálogos e interações humanas, e isso é suficiente pra prender a atenção por mais de duas horas.

Os estudantes são insolentes, problemáticos e de enlouquecer. O professor é patronizing mas bem-intencionado, e se perde o controle às vezes, é compreensível. Ao mesmo tempo, a gente entende o desânimo dos alunos em aprender coisas que parecem tão distantes e inúteis para o mundo em que vivem, e quer desesperadamente pensar numa maneira de interessá-los em estudar, porque a maioria claramente tem potencial. Não existe mau e bom - tanto os jovens quanto o professor erram e acertam, mas existe a discussão do que é o correto e o errado em termos de sociedade. Filmão, mas me deixou cada vez mais convencida de que ter filhos é muito complicado - especialmente se os pais resolvem fechar os olhos e acreditar que suas preciosas crias sejam incapazes de más atitudes. E você percebe que na verdade uma boa parcela da população do mundo é assim : e pra onde vamos daí?

December 27, 2008

E, pensando agora, esta semana foi meio monotemática - sem querer. Li também outra graphic novel sobre adolescência, "Good As Lily" , lançada ano passado pelo agora extinto selo Minx, da DC Comics (grande perda, aliás). Com história de Derek Kirk Kim e desenhos de Jesse Hamm, é até engraçado pensar que um homem tenha conseguido captar tão bem as nuances de uma mulher em etapas diferentes da vida (evidentemente, ele é um bom observador). Como a protagonista é filha de coreanos como eu, posso dizer que tem muita verdade ali. E um pouco de humor bem distribuído.
A premissa é surreal e intrigante : Grace tem 18 anos e, como se não bastassem os problemas típicos da idade, encontra a si mesma nas versões com 6, 29 e 70 anos. Todas de uma vez, cada uma com seus issues mal-resolvidos.
E quem é a Lily do título, então? Pois é, só lendo pra descobrir.

December 26, 2008

Comprei há um tempo a graphic novel "Skim", da Mariko Tamaki, mas só consegui mesmo ler agora. Não ameeeei, mas gostei bastante. Skim é Kimberly Keiko Cameron - 16 anos, wiccan/gótica, um pouco amarga e um pouco romântica. Suas colegas de escola são as típicas patricinhas dos anos 90, e sempre a discriminaram de leve por ela ser oriental. Quando então se vê apaixonada por uma professora, Skim quase explode de tantas emoções abafadas e não ter pra quem contar.
Mas ela não é a única a sentir que o mundo não a compreende, e o suicídio de um garoto abala a escola e revira um pouco o universo seguro dos que acham que a vida tem de ser perfeita. É bem interessante ver como algumas pessoas just don't get it.
O final me fez até sorrir, apesar do tom do livro inteiro ser melancólico. E o livro está indo comigo na mala pra SP, quem quiser ler é só me falar.

December 25, 2008

Saí ao meio-dia ontem pra comprar umas coisinhas de última hora com uma amiga, tomamos chá, encontrei o Akira e fomos pra festa de Natal no restaurante do Quim, passei a noite conversando com um queniano, um chef holandês e sua namorada indonésia. Chegamos em casa às 4 e tanto da manhã, fui dormir às seis e minha mãe me ligou às onze pra agradecer as flores que mandei. Mal lembro da conversa, voltei a dormir e acordei às 14h. Levantei às 15h, vi meus emails e voltei pra cama. E agora, às 17h resolvi me vestir e comer uma romã. Se isso não for espírito de Natal, eu não sei o que é.

funny pictures of cats with captions
more animals

December 23, 2008

Obsessão do dia :

Isso não se faz, dona Lia Amâncio. Quando vi o seu post sobre o Polyvore, nem cliquei no link porque sabia que eu ia gostar e perder muuitas horas em mais um site. Aí esqueci, mas essa pane no seu blog fez o post voltar a aparecer no meu reader. E...agora tô lá. Alimentando minhas lombrigas consumistas (sim, porque ter todas as peças ao alcance do mouse é covardia) e babando nos sets dos outros. Bem que você avisou.

Alguém mais quer me fazer companhia?

Find me on Polyvore

December 22, 2008

A Dani me passou a tarefinha de listar 8 desejos. Pois então :

1. Eu queria poder me dividir em duas, estilo mitose. Duas de mim, e cada uma faria o que bem entendesse, independente da outra. Pensando bem, melhor três ou quatro.
2. Poder adotar todos os gatos e cachorros que eu quisesse. E ter espaço pra eles.
3. Ver o Christian Bale de perto uma vez na vida.
4. Que meus amigos todos tenham seus problemas solucionados.
5. Ver show dos Rezillos, dos Cramps, do Kraftwerk e do Go4
6. Duzentos e trinta milhões de euros.
7. E que o imposto de renda seja decretado obsoleto.
8. ... putz, sei lá. Sete desejos já tá bom, quem quiser fica com o último.

December 21, 2008


Vivi os anos 80 em São Paulo, e só isso não me deixa invejar quem o fez na Espanha. A situação política dos dois países era bem parecida na época, e só quem acabou de sair de um regime ditatorial pode entender toda a efervescência cultural e social que nasce da repressão. São Paulo tinha o Satã e toda uma geração de excelentes bandas, Madri tinha sua movida e Almodóvar. Então, como não amar "El Calentito", da Chus Gutiérrez? O filme é de 2005, mas a história se passa em 1981, nos dias que precederam o malfadado golpe de 23 de fevereiro. A ingênua Sara cai de pára-quedas em uma banda punk, e começa a conhecer o mundo da contracultura e o sentido da palavra liberdade. A história é fraquinha, mas a ambientação, os figurinos e a trilha sonora me conquistaram. E isso sem falar no trecho de "Laberinto de Pasiones" que foi incluído, que é um dos meus favoritos EVER : Pedrito e McNamara cantando "Suck It to Me".



Tem o filme inteiro no YouTube, e eu recomendo dar uma olhadinha, nem que seja só pra ouvir "Bailamos Fatal", que não sai mais da minha cabeça :

December 20, 2008

Tem dias em que eu acho tofu frio com shoyu, cebolinha picada e gengibre ralado uma das comidas mais perfeitas do mundo. Não sei se é porque me lembra uma época em que eu fazia um curso na FAAP (de figurinos de cinema e teatro e moda de outrora, dado pelo Patricio Bisso) e enchia meu prato disso no almoço na Biolanches Alternativa que era ali do lado, ou se é porque é bom mesmo. O fato é que eu realmente gosto de tofu, e isso é uma coisa estranhíssima de se admitir.

(mas também, do que eu não gosto?...)


(...lembrei, odeio cenoura cozida e leite condensado. ARGH)

December 19, 2008

Vi "Angus, Thongs and Perfect Snogging" enquanto fazia outras coisas no computador. É filme pra adolescentes, ou seja : COMPLETAMENTE previsível, com TODOS os clichês do gênero. TODOS. Mas é bem-feitinho, alegre, tem uns meninos lindos e trilha pop : Ting Tings, Pipettes, etc. Pelo que entendi, é baseado numa série de livros, então entendo que não seja tão bom quanto "Bend it Like Beckham", mas a Gurinder Chadha é uma diretora que entende bem os dramas dessa faixa etária - e eu adoro um filme em que tudo dá certo no final, por mais irreal que seja :) Não é imperdível, de jeito nenhum, mas legalzinho.

December 18, 2008

Vendo aquele vídeo de 92, percebi que não deixo o pobre do meu cabelo em paz desde que saí do colégio. Permanente (!), mechas estilo gambá, tintas azuis, roxas, vermelhas, pretas, curtíssimo, longuíssimo. A única coisa que nunca tentei mesmo foi passar máquina um ou dois (mas minha irmã teve as manhas - e ficava bem nela) . E quando eu aprendi a cortar meu próprio cabelo, então, vix. Até mesmo durante o emprego em que mais tinha de manter a aparência mais "certinha" (numa companhia aérea), eu não agüentei e descolori a cabeça inteira e depois pintei de preto-azulado, pra ficar azul-marinho. Também teve a fase das mechinhas vermelho pillarbox, o que teoricamente não seria permitido pelas regras da companhia, mas eu podia, ha. Pelo menos, nunca ninguém disse que não podia...

Daí ano passado resolvi dar umas férias pro coitado do cabelo. E não fiz nada, mal cortei. Fazia uma década que ele não ficava tão comprido nem via tintura. Mas o descanso dele acabou, e já tosei tudo e mandei ver no descolorante. Aaaaah, back to normal!

Esse vídeo da Miranda July é antiguinho e já rodou bastante por aí (e, pensando bem, nem sei se já postei aqui), mas eu acho bonitinho.

Are You The Favorite Person of Anyone?

December 17, 2008

Em compensação, li também o fofo "French Milk", da Lucy Knisley. Lucy vai a Paris com sua mãe, e registra a viagem, suas reflexões e idéias em forma de desenho. É um carnet de voyage gracioso e franco, cheio de meninices.

E pesquisando pra saber se foi lançado no Brasil, acabei achando uma outra artista com trabalho na mesma linha, a Samanta do Cornflake. Os Toscomics são MUITO fofos e bem desenhados, num traço delicadíssimo. Valem uma visitinha (e o blog também).

December 16, 2008

Como achei "The Lovely Bones" e "Lucky" excelentes, obviamente minha expectativa em relação a "The Almost Moon", o livro mais recente da Alice Sebold, era alta. E comecei a ler.

O primeiro capítulo é intrigante, porque já abre com uma declaração : "...matar minha mãe foi fácil". E por algum tempo é interessante acompanhar a dinâmica entre mãe e filha : Clair, agorafóbica, dominante e egocêntrica, e Helen, apática, submissa e reprimida. Duas neuróticas infelizes.

Mas o gás acaba, e de repente todas as páginas começam a parecer iguais. É uma viagem ao interior de Helen (a filha), mas a paisagem é monótona e cinza, e você fica observando porque espera que aquilo tudo chegue em algum lugar, alguma hora. Mas sabe quando você tem a impressão de que pegou o trem errado? Pois é.

December 15, 2008

Todo mundo que já perdeu alguém querido conhece a sensação : de que podia ter feito mais, se dedicado mais, aproveitado melhor o tempo, tratado melhor a quem se foi. De se ver obrigado a encarar um espaço vazio e, de repente, perceber que tudo que lhe resta é lembrar e relembrar e temer o dia em que as memórias começarem a esvaecer.

"Kirschblüten-Hanami" traduz bem esse misto de tristeza e amor numa maneira bem delicada, com alegorias e simbolismos pinçadas aqui e ali. E eu fiquei feliz por ter visto em casa, e não no cinema, porque só eu tive de agüentar a minha choradeira :)

(ou melhor, eu só tive de agüentar a minha choradeira - sabe-se lá quantas outras manteigas derretidas estariam na sala comigo)

trailer :



imdb

December 14, 2008

Acho que o assunto da última semana foi a minissérie "Capitu" - pelo menos entre meus amigos. Como a internet é o poço dos desejos do século XXI, acabei de assistir ao primeiro dos 5 episódios agora.

Já pela abertura, nota-se que é coisa boa : pelo menos, diferente do padrão da Globo. Mas o resto não deixa a desejar. As referências são inúmeras : Saura, Antunes Filho e, por que não, até "Il Gattopardo" do Visconti. Mas a influência inegável mesmo é Peter Greenaway. Da teatralidade nos textos ao tratamento da imagem como quadros estáticos, tá tudo lá. Um bom exemplo é um dos vídeos do Greenaway, "M is for Man, Music, Mozart", que vocês vêem aí abaixo - mas eu poderia dar vários outros. Coloquei também um trecho de uma montagem do Antunes para "Romeu e Julieta" pra vocês compararem.





Mas nessa riqueza também reside o problema : um excesso de estímulos visuais que acabam roubando o foco do texto. Que, convenhamos, já não é fácil. Linguagem de TV e cinema DEVE ser diferente da literária, sob o risco de se perder o ritmo - ou mesmo o sentido. Frases longas e rebuscadas decididamente não combinam com o circo de imagens que foi criado aí. E sem o sentido, como fica a história? A não ser que a intenção fosse mesmo desconstruir o romance de Machado em sensações - mas aí, então pra que usar o texto integralmente? Em alguns momentos funciona, em outros não.

Outro problema foi a visível diferença entre escolas de interpretação no elenco. Alguns puramente teatrais (o que combina com a concepção geral), outros com formação claramente televisiva, com uma informalidade se esgueirando nas enunciações que nos lembra, de repente, que aquilo é uma produção global. Não sei se esse contraste foi intencional, e não estou dizendo que um estilo é melhor que o outro, mas criou um certo desbalanço.

De qualquer jeito, achei ousadíssimo lançarem uma série TÃO cheia de conteúdo, numa linguagem tão anti-convencional para o grande público. E se uma das concessões para alcançar esse público foi transformar alguns pedaços de "Dom Casmurro" em longos videoclipes, que seja. É um bom começo.

(Foto: Divulgação/TV Globo)

December 13, 2008

E como a Cris A. e o Guilherme no Goma bem lembraram, pra quem quiser saber um pouquinho sobre a Bettie Page, eu recomendo o filme da Mary Harron, "The Notorious Bettie Page". O comentário fiz num outro post. A caracterização da Gretchen Mol está tão bem feita que tenho visto até gente se confundindo e postando fotos dela como se fossem da Bettie, he.

E já tô vendo, agora a moda pin-up vai decolar de vez...ou já teve editorial na Capricho? hahaha

December 12, 2008


E eu não poderia deixar de dizer : RIP, Bettie.

December 11, 2008

Uma coisa que me deixou intrigada foi um grupo morrer de rir durante uma sessão de "Vicky Cristina Barcelona". Senti que do alto da holandesice deles, acharam Maria Elena caricatíssima e impossível. Ou então eles são daqueles que acham que algo do tio Woody TEM de ser engraçado.

Já eu achei o filme bonzinho, mas sem grandes desafios. Nada de diálogos memoráveis, nem personagens sensacionais. Burocrático, preguiçoso e fácil de digerir. A melhor coisa do filme é, justamente, Maria Elena. E mesmo assim, ela é apenas aquilo : um mito, mulher-fantasma/fantasme.

De resto, o que me fascinou foi ver na tela uma personagem que pensa como eu viver um episódio da minha vida. Meu Juan Antonio era francês e se chamava Z., mas tão lindo, alto, gentil, talentoso e ladykiller quanto o personagem do Javier Bardem - e igualmente assombrado por uma mulher da qual o destino o separou. Ele também me fez estender minha estadia na Europa e correr pra Barcelona, me levou pra passear no parque Tibidabo, e fez daquele verão um dos mais inesquecíveis da minha vida - com direito a ex maluca (não o amor da vida dele, uma outra mais recente) querendo se matar. No meu caso, ela se jogou da janela : não morreu, e quebrou o pescoço. Coisa de espanhola?

Enfim, para desespero dos meus pais, eu sempre fui muito Cristina, tanto os traços positivos como os negativos. E muito Maria Elena também. Agora, tenho de dizer que até conheço algumas Vickys, mas os tipos como o marido dela não têm espaço algum na minha vida. Não que sejam más pessoas, mas é muita limitação pra um ser humano NA MINHA OPINIÃO. Não falam a minha língua e são a personificação do desinteressante. Mas não importa, porque esse tipo geralmente também quer distância de mim, então estamos quites :)

Ah - e baseada na minha experiência, podem acreditar que a Cristina do filme acabou descobrindo o que queria.

*wink*

December 10, 2008

Fui ver "Pride and Glory" só por causa do Edward Norton. E porque o trailer pareceu interessante. Quando consegui me concentrar no filme (depois de mudar de lugar, porque no começo BROTOU um sujeito na cadeira do meu lado perguntando se a minha pipoca estava boa. Medo), achei bem bom. Ainda acho o Colin Farrell inexpressivo, mas ele encontrou o nicho em que ele se dá bem : sujeito simpático, moral duvidosa ("In Bruges", "Cassandra's Dream", "Miami Vice", and the list goes on) - e de qualquer jeito o personagem dele é meio bidimensional mesmo. O resto da família é bem melhor desenvolvido (o suficiente pra um drama policial, pelo menos) e prende um pouco mais o espectador. Tem uns buraquinhos de roteiro, mas é nessas horas em que entra a suspension of disbelief. A história tem de andar, afinal. E anda bem, no final das contas, quando engata : tem drama, tem violência e algumas questões interessantes de moral e ética. Não vai mudar a vida de ninguém, mas entreter por duas horas, sim.

December 09, 2008

Hahahahahaha, essa eu preciso dividir com vocês, por mais que seja mico. Pesquisando um negócio pra uma outra coisa, acabei achando um video que eu nunca mais imaginei ver : o Indaka, um dos grupos do CoralUSP, no programa Primeiro Movimento em 92. Eu devo ter isso em VHS, mas esqueci totalmente nesses anos todos. Daí, depois da primeira música, aparece a platéia - e quem tá lá, bem na primeira fila? Eu, de cabelo comprido e vinte aninhos. Chorei de rir.

(eu tenho a impressão de que o meu grupo gravou esse programa também, mas sinceramente NÃO LEMBRO. Só buscando nas minhas fitas antigas pra saber, essa época eu fazia MUITA coisa e my mind is a blur. De qualquer jeito, a gente era tudo amigo e todo mundo assistia às apresentações um do outro)

De qualquer jeito, também vale assistir porque era um espetáculo beeem bacana. Eu adorava o Roberto Rodrigues, como amigo e como músico, e a direção cênica do Reynaldo Puebla certamente foi um dos grandes marcos da história do coral.

December 08, 2008

Les Valseuses, fofinhas. Amei "Saturne", que se enquadra bem na categoria de earworm.



via Filles Sourires.

December 07, 2008

"I'm perfect! But nobody in this shithole gets me, because I don't put out!"

Li sobre "Ladies and Gentlemen - The Fabulous Stains" há uns meses numa Bust, e já toquei a procurar o filme pela rede. A minha é uma versão ripada de VHS, mas por sorte/coincidência, ele acabou de ser relançado em DVD, depois de um longo sono nas prateleiras da Paramount Pictures. Ou seja, tá fácil de achar. E o post tá lá no Goma.

December 05, 2008

* Ando tão produtiva! Em dois dias já entreguei meu último texto pago deste ano, postei no Goma, comprei quase todos os presentes (pra mim mesma, inclusive - ha), resolvi umas pendências (ainda faltam algumas), fazendo a minha parte num projeto novo (ha) e mandei as locuções que tinha de fazer :)

* E sei lá por que, estes dias me deu vontade de assar algo com chocolate. O que foi bom, porque consegui usar uma barra de chocolate amargo que já tinha completado dois aniversários (eu sou do tipo que compra, come um quadradinho e esquece do resto. Quem veio aqui em casa deve ter visto a cesta cheia de coisinhas doces abertas, semi-consumidas e mumificadas, hahahaha). A quantidade dava certinho pra fazer esta receita de brownie que, além de indicar quantidades precisas em gramas, ainda é facílima de fazer. Juro, de pesar os ingredientes até colocar a assadeira no forno e lavar a única tigela utilizada, não passaram 20 minutos. Obviamente, fiz uns ajustes e cortei o açúcar pra 200g, em vez de 300g. E damn, ficou inacreditável. Fudgy, dark and not too sweet. Só não assem demais - assim que o centro solidificar, desliguem o forno.

* Também preciso dividir com vocês minha nova obsessão, o blog do Michael Azerrad. Jornalista musical e autor de alguns dos livros mais relevantes do rock, ele é inteligente, sarcástico, culto e escreve muitíssimo bem. Além de ter bom gosto, gostar de comida e de gatos, claro. E toca bateria!



I've Got My Love to Keep Me Warm - Irving Berlin

The snow is snowing and the wind is blowing
But I can weather the storm!
What do I care how much it may storm?
For I’ve got my love to keep me warm
I can’t remember a worse december
Just watch those icicles form!
Oh, what do I care if icicles form?
Oh, I’ve got my love to keep me warm
Off with my overcoat, off with my glove
I need no overcoat, I’m burning with love!
My heart’s on fire, the flame grows higher
So I will weather the storm!
What do I care how much it may storm?
Oh, I’ve got my love to keep me warm


4 years, baby!

December 03, 2008

Ok, então "Der Baader-Meinhof Komplex" não é propriamente ruim. Começa bem, situando o começo da RAF no zeitgeist turbulento dos anos 60, mostrando uma manifestação de estudantes contra o Xá Reza Pahlevi em Berlim sendo brutalmente reprimida, a movimentação política da época (que só deixa mais evidente a apatia generalizada de hoje em dia) e o clima de tensão predominante. Dá um ligeiro background nas histórias de Ulrike Meinhof e Gudrun Ensslin (mas bem ligeiro mesmo, só o suficiente pra apresentar o que elas deixaram pra trás. E mesmo assim, ligeiro demais). O tema é explosivo (ha), o elenco competente, a produção é excelente.

O que falhou, então? Justamente essa ligeireza excessiva, o ritmo inconstante e o que parece ser uma indecisão na hora de se retratar os terroristas. Eu entendi que o diretor tenha buscado talvez uma visão neutra, sem romantizar nem demonizar o bando, mas também entendi que ele não conseguiu. Ora ele ressalta a beleza, a juventude e o idealismo dos terroristas, e ora eles são completos babacas arrogantes auto-centrados com a ilusão de que estão fazendo algo grande pelo mundo, e não para seus próprios egos. Entre idas e vindas, bombas, atentados e assassinatos a sangue-frio, o foco se alterna entre "hip, edgy and daring contra o sistema" a "um dia de fúria", sem dar base pra nenhum dos dois, na verdade. Pra mim, eles foram babacas arrogantes do começo ao fim, e as pequenas tentativas de mostrar outro lado pareceram irritantes e perdidas.

É um filme para quem sofre de déficit de atenção. Seqüências curtas em várias partes do globo, com ação, histeria, explosões, entremeadas por citações em off de textos de Ulrike. Milhões de cenas desnecessárias, esse posicionamento esquizofrênico que não sei se é culpa do livro (não li), personagens que vão brotando do nada, e mesmo assim ficou arrastado. Certo, entendi que a idéia era mostrar como a situação foi saindo do controle com as gerações seguintes da RAF, mais violentas, mais radicais e mais afastadas da ideologia original (não é sempre assim?), mas sem entender de verdade as motivações do grupo (além da idéia de "precisamos agir") isso se perdeu.
Um ponto interessante foi o Horst Herold do Bruno Ganz como a única pessoa ponderada e lúcida nesse caso, com excelentes insights. Mas mesmo essa participação ficou diluída entre cenas repetitivas do quarteto principal na prisão e demonstrações infantis de rebeldia num campo de treinamento de guerrilha.
E o final...bem, concordo que é uma história difícil de terminar - especialmente porque ela vai muito além dos anos 70. Enfim, nesse caso não é culpa nem do livro, nem do filme.

Eu tinha grandes expectativas sobre esse filme - primeiro, porque há muito tempo que não vejo um filme alemão de que não tenha gostado. Todos a que assisti nos últimos anos estão na minha lista de favoritos. Segundo, porque teria sido foda se bem dirigido (o diretor Uli Edel é o mesmo de "Christiane F"). Terceiro, porque eu adoro o Moritz Bleibtreu. Mas enfim, pra quem tiver curiosidade, o trailer tá aqui. E se gostarem, vejam o filme - que, como eu disse, não é ruim. Mas alcança menos do que eu esperava, e me frustrou enormemente.



bônus - aqui, uma entrevista com a verdadeira ulrike, antes de chutar definitivamente o balde :

pergunta : o que é pior que um filme ruim?

resposta : um filme ruim com DUAS fuckin' HORAS E MEIA de duração.

December 02, 2008

O tempo anda horrível, os cinemas só estão passando coisas que já vi ou que não quero ver ("Quantum of Solace"? "Rocknrolla"? No thanks, pelo trailer são umas bombas), as lojas online estão cada vez melhores, tenho conexão de fibra ótica e um HD externo lotado de filmes - fora os 14kg de livros comprados outro dia. Portanto, vontade/necessidade de sair de casa = quase zero.

(e, como eu comentei na Lia, eu ADORO trabalhar em casa sozinha)


E por falar em chiclete, amanhã o Goma de Mascar completa um ano! Eu considero uma enorme honra fazer parte de um coletivo tão criativo e antenado, capaz de produzir conteúdo pop sem apelações e tosqueiras.

(ok, apelações não, tosqueiras sim - mas elas é que são divertidas :)

Aguardem os posts comemorativos!

December 01, 2008

Heh, eu sou tão fácil de agradar. Um saquinho de chiclete de bolinha, daqueles que vendem em máquina, e pronto! Mas tem de ser sabor tutti-frutti.



(já masquei metade do pacote, caçando as bolinhas rosas e azuis - alguém quer as outras? Chiclete não pode ter gosto de limão e maçã verde, ugh)