August 12, 2002

Esta ida a Paris foi a mais estranha de todas. Eu, que sou normalmente tão organizada, fui embarcar sem nem saber direito se tinha conseguido todas as folgas de que precisava. Não reservei o carro que a gente pretendia alugar. Fiz a mala uma hora antes de sair, sem nem saber direito como estava o tempo. Acho que inconscientemente eu não queria muito ir. Mas fui.

Na quarta fez sol e não tínhamos nada especial pra fazer, uma vez que todos conhecem bem a cidade. Ficamos andando à tarde, descobri uma loja só da Taschen cheia de livros maravilhosos, uma sanduicheria escandinava, a Nils, e vimos a Paris Plage, uma coisa absurda montada às margens do Sena, com direito a espreguiçadeiras e duchinhas d'água. Fiz carinho num gato que tinha uma cabeça muito grande para o corpo e quase fui atrás de um garoto que assustou o gato. À noite fomos tomar sopa de cebola em Montmartre (sim, estava frio).

Na quinta, fomos ao Orsay. Minha última vez nesse museu foi há cinco anos, me assustei com as reformas. A entrada por enquanto é pela lateral, ingresso a 7 euros. Achei estranho não estar tão cheio e pensei, "enfim, não é o Louvre". Percebi o engano no último andar, onde ficam os impressionistas. Lotado de gente, que provavelmente ignora o resto do museu pra ir direto nessa parte. Não os censuro, já que é raro ver tantos Van Goghs, Renoirs, Cézannes e Degas juntos, mas é uma pena perder a exposição especial de gravuras e ilustrações de Kupka, muito boa.

Na sexta pegamos um carro na Hertz da Gare du Nord e fomos para o Mont St. Michel, entre a Bretanha e a Normandia. Só por causa disso choveu o dia todo. Das três horas de viagem, duas com certeza foram embaixo de água. Mas chegamos, saudados pelas centenas de turistas e ônibus e carros ao redor do Monte. Comecei a ter arrepios. Me sentia num parque da Disney, não numa cidade histórica medieval.
Mas ignoramos a chuva e a multidão e valeu a pena. Fora uns museus picaretas caça-turista e as inúmeras lojinhas de lembranças o passeio é bem interessante. São muitas ruazinhas e escadarias íngremes que ligam casas de pedra muito antigas empoleiradas ao longo da encosta do Monte, até culminar na Abadia. A vista é espetacular, e a Abadia é impressionante pelas suas muitas partes quase milenares.
A volta a Paris foi bem mais tranquila que a ida (pelo menos, mais seca!), tirando o número absurdo de pedágios do caminho. Aproveitamos pra fazer um passeio noturno pelos pontos turísticos, que ficam iluminados. Lindo, lindo.

Sábado, mesmo tendo dormido tarde tive de acordar cedo pra devolver o carro. Daí não conseguimos dormir mais mesmo e fomos passear pelo Quartier Latin. Compramos coisas pra comer na Mouff' , fomos até Les Halles, entramos na igreja de St. Eustache. Voltamos pro apartamento, arrumamos as coisas e voltamos pra CDG. Nem preciso dizer que está todo mundo acabado. Eu nunca dormi tão pouco em quatro dias.