Sessão dupla hoje - é, exagero mesmo. Mas assisti "Hable con Ella". Na verdade, é um Almodóvar tão maduro que nem parece Almodóvar. Pedrito deixou de ser personalidade-curiosidade para se tornar cineasta. Não que isso seja ruim, pelo contrário - está fazendo o caminho inverso de muita gente, eu diria. Mas eu sinto falta da acidez e rebeldia perturbadoras dos velhos tempos. Em "Hable con Ella", tudo é muito elegante, delicado, sensível. Personagens comoventes, e não bizarros. O que resta de identificável é a participação de vários membros da velha trupe, como a Chus Lampreave, que parece até estar remoçando, Loles Léon muito gorda, Marisa Paredes e Cecilia Roth na platéia do Caetano (aliás, que babação é essa? Dez horas de Cucurrucu-meu-cu Paloma?), além da linda Paz Vega (de "Lucia y el Sexo", de Julio Medem). Pô, e a Geraldine Chaplin e a Pina Bausch. Que moral, pas mal pra um ex-enfant terrible.
E o segundo filme foi "Être et Avoir", de Nicolas Philibert. Um documentário informal sobre um ano escolar no interior da França, foi elogiadíssimo pelos franceses. Meio "neto camponês" de "L'Argent de Poche", do Truffaut (que é um dos meus filmes preferidos), faz rir e pensar com os pequenos alunos do professor Lopez. A julgar pela legendagem em português (PÉSSIMA, por sinal - parece ter sido feita a partir da tradução do francês para o inglês - "sapin" (pinheiro) virou figueira, "gaieté" (alegria) virou "Riotous" (????) e outros absurdos), deve estrear em circuito comercial logo. Vejam, e tentem não se apaixonar por alguma das crianças.
November 08, 2002
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