Pois é. Agora o tempo passa tããão devagar. Já voltamos a trabalhar, comer, dormir, ler, essas coisas que todo mundo faz e não dá tanto valor. Não digo por mim, mas pelo papai, que foi piorando gradativamente no último mês, a ponto de não conseguir fazer nada disso no final. O câncer foi cruel, mas rápido. E não arredamos pé do lado do papai por um só instante, o que eu espero que tenha pelo menos sido um conforto. Se não pudemos fazer mais nada pelo físico dele, ao menos se sentiu amado e protegido.
E eu me pergunto se ser cutucado aqui e ali por dezenas de médicos e enfermeiros, ter toneladas de remédios empurrados garganta abaixo, ter seu sistema imunológico destruído pela quimioterapia e ser obrigado a ficar num quarto estranho de hospital por 24 dias não tenha apenas piorado sua condição.
Também não questiono a função dos médicos. Apenas acho que lhes falta um pouco de humanidade. Notei neste último ano como a maioria se considera uma espécie de semideus sabetudo podetudo. Wait, folks. What goes round, comes round.