Wow. O post sobre boas maneiras (ou não) deu o que falar. Ainda mais com a contribuição do nosso Antonio, que é um verdadeiro lorde e sabe bem o que é ser educado ;)
O negócio é que educação não é relativa, pelo menos dentro do espectro de cultura ocidental caucasiana (que imagino ser a de todos que estão lendo isso aqui. Se tiver algum inuit, japonês ou maori aí my apologies in advance). Porque é baseada simplesmente em bom senso! Tratar os outros como você gostaria de ser tratado, com respeito, etcetera etcetera. Claro, cada cultura tem os seus quirks - fazer ou não barulho ao comer, apertar a mão ou dar beijinho, whatever. Mas no geral, tudo se resume em saber delimitar seu espaço e o dos outros, ter a percepção do outro como alguém diferente, mas igual. Acho.
Mas foi o comentário da Bebete na verdade que achei ótimo, porque me lembrou um outro assunto muito interessante, especialmente quando se é imigrante : a invisibilidade social.
Acho que todo mundo pelo menos já ouviu falar do livro "Cabeça de Turco", do Gunter Wallraf. O autor, alemão, passou dois anos vivendo como um imigrante turco na Alemanha. E nesse período pôde sentir na pele como é ser considerado um nada (lembro também de um estudo brasileiro sobre o mesmo assunto, cujo autor trabalhou como gari por um tempo e fez um bom estudo sobre os invisíveis brasileiros. Dei uma googlada e encontrei esta materinha pra vocês terem uma idéia).
Certamente, em sociedades "fechadas" como as da Europa Ocidental o imigrante é visto como um mal necessário, uma inconveniência que se deve aturar. Imigrante bom é aquele que faz seu trabalho e não se faz perceptível pelos nativos. Influenciar a cultura local, deus o livre! Se possível, que ELE a absorva, mas que não tente modificá-la.
(mas claro que isso é impossível, e tanto na Holanda como na Alemanha, pra citar dois exemplos, os maiores grupos de imigrantes deixaram bem suas marquinhas, ainda que guetificadas)
Mas o que dizer no caso de pessoas qualificadas, que falam mais de um idioma, conhecem outros países e culturas - como é o caso de quase todos os imigrantes que eu conheço aqui? Posso dizer que alguns têm até mais capacidade e vivência que a grande maioria dos holandeses nativos. Alguns têm até cidadania reconhecida - mas só no papel. Na verdade, aos olhos dos nativos, elas continuam sendo estrangeiras, estranhas e não menos indesejáveis. Se muito excepcionais, podem ser uma curiosidade, a novelty, le bon sauvage.
Mas sabem de uma coisa? Não se anulem. Não tentem "fit in", "blend in" demais. Respeitem as regras locais, mas não percam suas identidades. É o único jeito de ser respeitado pelo que se é, e não por se ser complacente. E um dia elaboro mais isso aqui, cansei.
March 01, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
pois é, a invisibilidade social do imigrante ainda vai ser tema no meu blog, tenho 13 anos de currículo nesta área...é, no mínimo, um fenômeno bizarro.
PS. o resto eu escrevo no meu blog, hehehe.
Eu lord, o que eh isso? Nada disso... eu vim da floresta, fia... bom, obrigado em todo caso pelo elogio, he he he...
mas eu acho que o que voce falou eh bem certo - eh tudo uma questao de bom senso. Tratar aos demais como a gente gostaria de ser tratado. Deveria ser tao simples!
Quanto a questao da invisibilidade - voce sabe que ser invisivel tambem tem as suas vantagens? Visibilidade extrema pode ser nociva, o povo nao perdoa. As vezes eh melhor ser invisivel mesmo. Assim pelo menos deixam a gente viver a nossa vida em paz. :-)
XXX/Antonio
Post a Comment