October 19, 2007

Nunca coloquei o Joy Division entre minhas bandas favoritas, curiosamente. Triste demais, sombrio demais. Entretanto, há que se reconhecer o poder daquelas linhas de baixo poderosas do Peter Hook e das letras e performance angustiadas de Ian Curtis. Durante a sessão de "Control", esses dois fatores insistiam em me arrepiar os pêlos. O tempo todo. E, percebi, conheço todas. Assim como você.

Num filme onde já se sabe o final, o importante é tentar entender a trajetória humana do mito Curtis, e de onde surgiram músicas fundamentais como "Love Will Tear Us Apart" e "She's Lost Control". O filme do Corbijn é em preto-e-branco - não poderia ser de outra forma. A vida na Manchester do final dos anos 70 dificilmente teria cor.

Fora isso, há todo o contexto. Factory Records, e o inesquecível Tony Wilson, que morreu há pouco tempo. Sex Pistols, Iggy Pop, David Bowie, Buzzcocks, Cabaret Voltaire, A Certain Ratio. O pós-punk nasceu ali, e com ele dezenas de bandas que até hoje influenciam a música contemporânea.

"Control" é um belíssimo filme, sobre uma belíssima pessoa num belíssimo momento. Apesar de ser baseado no livro de Deborah Curtis, viúva de Ian, em nenhum momento toma partido na questão da crise do casamento e do caso com a belga Annik. Fãs e não-fãs, assistam.

(e fechar com "Atmosphere" é quase golpe baixo, eu digo. Já vi que vou passar dias ouvindo Joy Division)

2 comments:

Cris Ambrosio said...

Ah, que legal... Está passando aqui na Mostra de Cinema, mas antes de ver eu quero entender um pouco mais de Joy Division :]

Joaollourenco said...

Tudo é uma questão de ressonância, nunca fui de eleger as melhores alguma coisa ou a banda que mais gostava, mas teve uma época que era só Joy Division. Piratas a preço de ouro, amigo trazendo importado, gravando fita daqui e dali.
Joy Division as vezes é bom para acalmar o desespero, se é que alguém me entende. Hoje Joy ainda bate, mas não tão forte, é um bom sinal. Sinal que mudei, e as freqüências não ressonam tanto, estou uma oitava acima.
Por sinal as únicas coisas que conseguia tocar mais ou menos no baixo eram músicas deles.
Até tinhamos a manha para zoar um pouco e criamos a versão de Isolation como A Zuleica.