May 19, 2008

Com "Chacun Cherche Son Chat", o Cédric Klapisch se tornou um dos meus diretores prediletos e autor da minha referência atual de Paris retratada no cinema : se nos anos 50 e 60 foi Truffaut, e entre os 80 e 90 foi Rohmer, os anos 90-00 certamente são Klapisch, pra mim. De uma forma ou de outra, ele sempre mostrou uma cidade jovem, moderna e tradicional ao mesmo tempo, good vibe mas pé-no-chão, imensa mas com clima de cidade pequena em cada um dos seus bairros.

Assim, nada mais adequado que seu filme mais recente tenha como título "Paris". Mais melancólico e cinza que os filmes anteriores porque lida com a fragilidade da existência, mas ainda assim adorável e otimista.

Pierre é um bailarino que descobre ter uma doença grave, que pode matá-lo em pouco tempo. Passa por todas as fases : a da incredulidade, a do desespero, a da tristeza e, finalmente, a da aceitação e do bola-pra-frente. Isola-se em casa, observa a vida pela janela, resolve pequenas pendências emocionais, se pergunta se nunca mais vai ter uma relação, aproveita cada dia junto da irmã e sobrinhos que vieram se instalar em sua casa ao saber da notícia. Mas Pierre é apenas um dos protagonistas dos pequenos dramas pessoais que se intercalam como em uma quadrilha : corações partidos, dúvidas, crises existenciais, luto, solidão, esperanças e desejos não realizados, temos Élise, Roland, Philippe, Benoît, Caroline. Mas eles também encontram risadas, amor, reconciliações, nascimentos, amizades e tudo mais que move a vida.

Claro, a colcha de retalhos é tão grande que se acaba não explorando tudo que essas pequenas histórias poderiam oferecer, mas o elenco é tão fantástico que um olhar, uma respiração nos dão a informação do universo interior de que precisamos para que aqueles personagens sejam reais. Juliette Binoche, Fabrice Luchini, François Cluzet, Karin Viard e os sempre presentes Romain Duris e Zinedine Soualem - precisa dizer mais?

Aliás, seguir o Romain Duris pelos filmes do Klapisch é revelador : em "Le Péril Jeune" ele é um adolescente atrevido. Em "Chacun Cherche...", um jovem descompromissado, o one-night stander. Em "Peut-Être", um rapaz hesitante em começar uma família. Em "L'Auberge Espagnole", um universitário que começa a descobrir a vida. Em "Les Poupées Russes", já é adulto mas infeliz na carreira. E finalmente, em "Paris", ele se depara com a possibilidade da morte. Sounds like a real lifeline. Que virá em seguida?...

4 comments:

ale said...

Puxa, p-r-e-c-i-s-o ver! Mesmo sem conhecer nada sobre o diretor , nem seu trabalho.

Hoje que eu percebi que tu não coloca títulos nos teus posts. Adorei! Eu nunca sei qual título pôr, assim seria a solução.

Annix said...

Ale, vc vai gostar dos filmes dele, dá uma pesquisada.
Pois é, eu não coloco títulos justamente por isso - eu vi que não ia conseguir achar o certo sempre... :)

Andréa said...

Caramba, vc sempre me deixa aguada pra ver filmes. To louca pra ver esse, agora! :)

Beth Blue said...

Nossa, eu adorei Chacun cherche son chat! Nem tinha me dado conta que este Paris era do mesmo diretor, ainda bem que tenho amigas bem informadas, rsrsrsrs.

Vou assistir, nem que seja download em casa. Mas de preferência no telão.