Eu não sei se "O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias" conseguiu alcançar alguém que não tenha um mínimo de conhecimento da situação política do Brasil entre os anos 60/70, porque a carga emocional do filme depende muito disso. O garoto tem esperança de que os pais voltem, mas o público sabe que eles podem não voltar. Mesmo as cenas mais inocentes e alegres têm o fantasma da ditadura por trás, e sem esse conhecimento, imagino que fique um tanto sem sentido.
Mas enfim, é um filme simples e muito bem feito, e sendo eu da geração imediatamente seguinte, nascida em 71, infalivelmente senti um nozinho na garganta em mais de uma cena. São Paulo, o Brás, o Bom Retiro, fuscas e kombis, as velhinhas judias e seu estilo inconfundível, álbum de figurinhas e futebol de botão, as janelas de correr, as fachadas de ladrilho, o povo assistindo o jogo na lanchonete, os aparelhos de TV que voltavam a funcionar com um soco bem dado, as calças de veludo cotelê, as placas do comércio, tudo exatamente com as mesmas cores da minha memória.
E nessas horas, eu entendo como nunca vou conseguir amar outra cidade da mesma forma.
June 25, 2008
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2 comments:
eu achei esse filme bem legal, gostei bastante. O menino que faz o Mauro estuda no Peretz, poucos metros da Cultura inglesa que eu acabei de me livrar, haha
Para nós é até fácil entender os filmes estrangeiros porque nós estudamos a História deles, só que eles não estudam a nossa, então... (Já pensou as carinhas de alegria? "Ditaduras na América Latina"?)
pois é! injustiça! hahaha
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