"L'Heure d'Été" é o segundo de um projeto de filmes comissionados pelo Musée d'Orsay. O primeiro foi "Le Voyage du Ballon Rouge", de Hou Hsiao-Hsien, que eu não vi ainda, e ambos têm a arte não como tema principal, mas como catalisador das relações humanas.

É um filme muito, muito simples em estrutura e argumento : a matriarca de uma família francesa morre e deixa um acervo considerável de obras de arte a ser dividido pelos três filhos. Todos eles têm um nível de vida muito bom e se dão bem entre si, e a partilha dos bens rola de forma civilizada. Mesmo assim, alguns conflitos são levantados ali : vender ou manter na família? Dilapidando o patrimônio e a casa, onde ficam as memórias? Peças amadas que, expostas no museu se tornam acessíveis a todos, mas a um público ignorante de sua carga emocional. Pensar no passado ou no futuro? Qual o peso do valor sentimental e do monetário? São questões muito boas, e sobre as quais eu nunca tinha pensado.

De qualquer jeito, gostei muito. Não só da premissa, mas também das atuações e direção delicadas. Há escândalos e segredos abafados e sugeridos, mas que em nada afetam a harmonia e o amor desse grupo. Há frustrações e arrependimentos, mas não de forma amarga. Tudo muito, muito sutil.

Claro, fui assistir principalmente porque eu amo o Olivier Assayas, e ele não me decepcionou : numa das sequências finais a música é de uma das bandas francesas de que mais gosto atualmente, representando o novo. Claro, Plasticines!

(e assim continuando uma tradição de só colocar músicas que eu adoro nas trilhas dele, iniciada em "Irma Vep", que fecha com "Penthouse" do Luna ^_^)