December 13, 2009

Engraçado, fazia muito tempo que não ia ao teatro. Nunca via nada interessante o bastante em cartaz pra me tirar de casa aqui. Em São Paulo, na pior das hipóteses, iria ver o trabalho dos amigos. Mas aqui? A programação do Stadsschouwburg se alterna entre textos clássicos e contemporâneos, cujo único ponto em comum é serem batidos. Vejo as fotos de algumas montagens, bocejo. E há os centros culturais, com algumas coisas mais criativas, mas nada de arrebatador. E pra eu botar meu pé na rua hoje em dia, francamente, precisa valer muito a pena.

(= velha, cansada e ranzinza)

Mas aí vi uma peça de Jan Fabre anunciada, e me obriguei a sair da inércia. Dois dias apenas de "The Orgy of Tolerance", o trabalho mais recente da Troubleyn (a companhia de Fabre), então comprei os ingressos sem pensar muito. E lá fui eu.

A sala nova do Stadsschouwburg é uma caixa preta moderna, com um palco entre o semi-arena e o italiano. A única coisa estúpida é a distância entre as filas de cadeiras, que obriga a fileira inteira a se levantar pra deixar os atrasados que têm assentos bem no meio (claro) passarem.

A peça? Com esse nome, achei que fosse mais radical. Mas a primeira metade foi só de sketches parodiando a TV e a sociedade de consumo. Como se a gente já não aguentasse muito disso há umas décadas :\ Sinceramente, Jan Fabre ou não, vi trabalhos amadores melhores que isso. Mas depois as ideias começaram a se tornar mais interessantes visualmente, e as partes com menos texto acabaram sendo melhores. O elenco era bem uniforme, mas não achei ninguém brilhante. E a crítica ao excesso de tolerância (=bundamolismo + politicamente correto) é bem procedente, mesmo que não executada da maneira mais criativa possível (hã, a personagem que grita impropérios racistas vai vestindo uma roupa que se revela...tadaaaah, um uniforme da KKK. Smooth it ain't). O discurso do John Doe de "Se7en" teria cabido bem ali.

Enfim, saí dividida. Gostei, mas muito menos do que esperava. Valeu por alguns momentos bons e por me tirar de casa, mas dificilmente vai ser algo a que eu vá me referir no futuro. Excertos aqui no vídeo :

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