Pensando bem, elas eram assim basicamente por causa das mães. Projetinhos de peruas.
Já em casa, pensem bem - meus pais imigrantes, vindos de uma cultura completamente diferente, estreando no parenthood. Eu não fui uma criança sem noção por nada. O Cato se surpreende por eu não conhecer quase nenhuma brincadeira de criança brasileira. Fui criada em apartamento, imersa num caldo de costumes completamente inusitado. Pipa, bolinha de gude? Era coisa de história em quadrinhos da Turma da Mônica. Arroz com feijão era a coisa mais exótica, que eu só comia quando calhava de almoçar na casa de alguma amiguinha do colégio. Estranhava a estrutura da casa, o jeito de guardarem a louça, o tratamento entre as pessoas da família, essas coisas. No primeiro dia de aula eu levei os livros numa sacola de papel, daquelas de loja, enquanto os coleguinhas surpresos carregavam suas mochilinhas, ou pastinhas. Muitas vezes eu não sabia onde me enfiar. Por que nada na minha casa era IGUAL às dos outros?
É, eu sempre fui meio esquisita, graças à minha mãe. E graças à minha mãe, eu tenho personalidade.
May 23, 2002
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