Penélope Cruz desencanou de ser "la chica latina" de Hollywood e voltou a fazer cinema espanhol (graçasadeus!), sem deixar de ser linda. Pedrito voltou a mostrar aquilo de que mais entende, a alma feminina, sem deixar de ser autobiográfico. Carmen Maura voltou a trabalhar com Pedrito, depois de quase vinte anos - e nunca deixou de ser a imagem da mulher almodovariana.
Irene, a mãe morta, volta para resolver assuntos com a filha. Raimunda, a filha, que não morreu, volta a viver. A mãe de Augustina não volta. O marido de Raimunda tampouco. As fatalidades da vida voltam, em círculos.
De certa forma, vi em "Volver" uma espécie de reconciliação de Almodóvar com todas as suas fases, sem cair na auto-paródia ou "reciclagem". Desde "La Flor de Mi Secreto", tenho sentido uma espécie de estranhamento ao sair de cada filme dele - como ver alguém usando roupas de outra pessoa, uma sensação de algo "off". Em "Volver", finalmente consigo reconhecer a pessoa, independente do que ela esteja usando. Será que dá pra entender? De qualquer forma, já entrou pra minha lista de favoritos.
E a Chus Lampreave, como está velhinha!
August 18, 2006
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1 comment:
Que análise maravilhosa, os filmes de Almodóvar como "travestido" de outra pessoa. Eu concordo, os últimos filmes davam uma impressão de tédio, de que ele não estava em seu próprio ambiente ou não era ele mesmo.
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