Fui assistir a "Duska", do Jos Stelling. Que provavelmente é o único diretor holandês conhecido no Brasil (fora o Paul Verhoeven), por "De Illusionist" e "No Trains No Planes".
Bob é um crítico de cinema, cinquentão e solitário. Vive em Amsterdam, em frente a um cineclube - que frequenta quase que diariamente. Tem uma paixonite pela menina da bilheteria, mas é tão tímido que nunca consegue dizer nada. Até que um dia, por força do acaso, se vê com ela em seu apartamento. E nesse momento, surge Duska - um russo simpático, amoroso e, acima de tudo, sem noção. Que se instala na sala de Bob, que a princípio aceita a situação. Mais por não saber o que fazer do que por qualquer outra coisa, mas críticos de cinema também têm coração. Acho.
Com essa história simples, com um pé no improvável e outro no cinema mudo, e esse elenco enxuto e competente, poderia ser um filme extraordinário. Mas saí do cinema achando que faltou algo. Os dois protagonistas são quase clowns, quase clichês. O filme não chega a ser nem história de amor nem comédia. Não é ousado, mas também não é tradicional. Não chega às raias do absurdo e também fica longe do real. Na verdade, não chega a lugar algum no geral. De repente esse é o problema, o não-chegar-lá.
Achei interessante o ênfase na incomunicabilidade - Bob quase não fala, e por vezes não escuta. A garota fala um pouco, mas não revela absolutamente nada de si por meio das palavras. E Duska fala por monossílabos, pelo obstáculo do idioma. Esses três se comunicam no nível mais básico, mas nenhum deles entende o outro realmente. Mas mesmo isso é pouco para sustentar um filme - meia mensagem é pior que nenhuma.
Pra mim, valeu como uma homenagem ao Filmmuseum Cinerama, que foi a locação para o cineclube da história, e que foi demolido recentemente. Inclusive a demolição foi retratada no filme, o que me lembrou o final de "Durval Discos", de certa forma, querendo dizer a mesma coisa. Que o tempo passa.
October 12, 2007
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2 comments:
Fiquei com uma sensação tão ruim no fim de Durval Discos... O meu saudosismo extremo deve explicar isso, de alguma forma :P
Que pena, o plot parece tão bom. Mas acho que nessa linha, nada supera Benny & Joon, lembra desse filme? Johnny Depp e Mary Stuart Masterson. Tinha clown e gente louca e é um filme maravilhoso.
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