November 25, 2007

Ler "The Book of Illusions" do Paul Auster logo em seguida do "The New York Trilogy" me causou uma sensação opressiva de andar em círculos, de presenciar uma sequência de fatos em loop, de ter de assistir passivamente à cobaia presa na gaiola repetir seus movimentos ad eternum. Afinal, mesmo publicadas com 15 anos de intervalo e com pequenas variações, todas são a mesma história : o escritor contando sobre o escritor levado ao isolamento total e à anulação do eu por conta de uma obsessão, resultando num livro que, por final, é o tema do livro que você lê. Que não é necessariamente o livro que você está lendo na realidade. Mas também o é.

(I love mind games)

Personagens e autor se (con)fundem intencionalmente o tempo todo, trançando referências reais e ficcionais - o que torna a ficção um pouco verdade, e a realidade um pouco irreal. E a narrativa (exclusivamente em primeira pessoa) toma ares confessionais mas ao mesmo tempo distanciada - como quando nos descrevemos pelo reflexo num espelho ou nos assistimos em um filme : vemos nossas ações, mas do lado de fora. Assim, apesar de ser sempre em retrospecto, nada é revelado antes da hora, e o narrador-personagem se dissocia : o narrador obviamente conhece o desfecho, mas o personagem ainda não. E nós tampouco, o que nos obriga a ler continuamente em busca de respostas. O segredo do bom page-turner ;)(sem contar, é claro, os personagens geniais e as histórias intrigantes)

Enfim, essa análise toda é viagem minha - na verdade é tudo mais simples e objetivo que isso. Mas não importa de que maneira você leia, o Auster é genial.

2 comments:

Beth Blue said...

Genial mesmo! Li The New York Trilogy muitos anos atrás e está na hora de reler Paul Auster...você sempre me inspirando com suas leituras!

Andrea Drewanz said...

Há pouco tempo, o Antonio também citou esta leitura!
Mas, devo dizer que vc também me inspirou mais...
Vou ver se encontro por aqui.
Bjo.
:D