Fui a Rotterdam hoje resolver umas papeladas e aproveitei pra conhecer o museu Boijmans van Beuningen. Com uma exposição incrível chamada "Collection One", que reúne de pinturas medievais a Nam June Paik distribuídas num espaço grande e iluminado, eu tenho de dizer que superou minhas expectativas. A inspiração parece ser o MoMA de NY, incluindo uma seção de design industrial modesta ainda.
Há grafites e Cindy Sherman, Van Goghs e Cézannes, UM Rothko e UM Munch, Roy Liechtenstein, uma ala maravilhosa de arte flamenga do século de ouro, vários contemporâneos e surrealistas. Mas não pára por aí. Arte sacra do alta Idade Média (que eu não gosto, mas vá lá), esculturas que alternam a vitalidade de Rodin às formas suaves e fartas da Venus Victrix de Pierre-Auguste Renoir. É um grande panorama da arte mundial entre os séculos XVI e XX num só prédio. Gostei MUITO.
Mas o que fez valer a visita mesmo foram quatro coisas :
1. A incrível série de gravuras do Philippe Galle sobre as Sete Virtudes, baseada na do Pieter Bruegel - três virtudes religiosas (Fé, Esperança e Caridade) e quatro cardeais (Força, Prudência, Moderação e Justiça) retratadas antropomorficamente, rodeadas de cenas que as desafiam. A imagem da Justiça, vendada e segurando uma balança, que ainda é a que usamos hoje. A Esperança fica em meio a barcos presos em tempestade e pessoas doentes. A Prudência carrega um caixão e um espelho, porque os precavidos têm sempre em consideração a possibilidade da morte e mantêm-se a si próprios em constante vigilância. E por aí vai. Como um contraponto aos Caprichos de Goya, mas com o mesmo ar de fantasia, absurdo e terror. Achei genial.
2. Desta vez do próprio Pieter Bruegel (o Velho) : a Torre de Babel. Eu sempre vi esse quadro em ilustrações, mas de perto achei genial. Esse exposto no Boijmans é pequeno, mas ao me aproximar da tela vi os minúsculos humanos em volta, como formigas - e daí toda a proporção se revela e você imagina a lendária Torre como uma construção gigantesca e cheia de simbologias.
3. A incrível instalação da dupla Steiner&Lenzlinger, os "Quartos de Dormir Vegetativos". Quatro salinhas com ambientes onde se pode entrar e fechar a porta, para se apreciar melhor as decorações : uma árvore feita de ossos (foto acima), uma mini-floresta coberta de cristais cor-de-rosa, um globo cheio de "sementes" e uma "rede" de flores e animais. O visual é magnífico e o conceito, intrigante. Quase comprei um livro deles, talvez da próxima vez.
4. Hieronymus Bosch. Sempre achei fascinantes os quadros povoados de figuras demoníacas e deformadas, representativas da natureza humana numa visão bem...realista? hahaha. Ouvi falar do Bosch pela primeira vez quando eu era criança, num livro, e esse nome e personalidade nunca me saíram da cabeça desde então. Quando encontro algum museu que tenha obras suas no acervo, já considero favorito.
E eu, que achava que ia poder ainda passear pela cidade depois de ir ao museu, tive que sair correndo pra ver o resto da coleção e depois, direto pra estação. Voltarei.
September 27, 2007
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6 comments:
Anotado na agenda! Tomara que eu consiga ir ano que vem!
Besos y namarië.
Sim, voltará! Comigo! Ano que vem baixo aí, hehehehe! Bjs!
Boa dica!
Beijos!
Então vou me convidar pra ir com você da próxima vez!!! Também adoro Hieronymus Bosch e sempre fui apaixonada pela tal Torre de Babel (entre outros).
Hieronymus Bosch é absolutamente fantástico.
Minha profa. de História da Arte mostrou "O Jardim das Delícias" há uns dois anos pra gente; a sala ficou tão chocada que nem piadinhas idiotas conseguiram fazer, haha :)
bjs!
Heh. Tou vendo que minhas amizades são escolhidas a dedo! ;)
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