November 10, 2007

"Stupeur et Tremblements" é a versão cinematográfica do livro da Amélie Nothomb. Semi-autobiográfico, ele conta como a jovem Amélie, belga nascida no Japão, retorna para trabalhar no país do qual guarda lindas lembranças de infância e um certo fascínio. O cotidiano corporativo japonês acaba por se mostrar massacrante, não fisicamente, mas psicologicamente - pressão extrema pela perfeição, humilhação e subserviência, obediência acima da iniciativa, competição acirrada. Mas nada disso demove Amélie, que, em busca de se tornar um pouco japonesa, assume uma das posturas mais características - a de não perder a dignidade. Pedir demissão seria uma vergonha maior do que se submeter aos abusos dos chefes, e ela encara tudo com um certo espírito zen-masoquista - até mesmo ser mandada cuidar dos banheiros. Sua educação ocidental e sua cara de estrangeira entram em choque o tempo todo com a cultura tradicionalista e xenófoba do Japão, resultando em insights interessantes e críticos. Obviamente, referências a "Furyo" não faltam, sendo citadas até diretamente.

É um filme belo e um pouco fabulesco, imagino que para tirar um pouco do peso da neurose, mas imperdível pra quem quer conhecer um pouco a outra face desse país, a que não é mostrada em "Lost in Translation". Amélie sim, sofre com a falta de comunicação. E eu gosto muuuuito da Sylvie Testud.

4 comments:

Anonymous said...

Mas Lost in Translation retrata mesmo algum lado da cultura japonesa? Eu acho que não: é tão focado nos dois americanos e na solidão deles... sei lá, não consegui perceber muita coisa além disso no filme! (E quanto aos sonhos, os da Xris são os melhores... e engraçado: no mesmo dia eu li mais sonhos por aí, deve ter sido um surto...)

Annix said...

Mostra o lado jovem, ué. Festas, gente muderrna, bem público da Sofia Coppola mesmo :-D
E também tira um sarro de alguns costumes japoneses vistos por ocidentais - o lance da língua, das saudações, etc. Mas claro, como vc observou, é pano de fundo pra história dos dois.

Galaxy Of Emptiness said...

Amélie Nothomb...isso me lembra a Virgin, que lembra meus pés doloridos, que me lembra Paris....que me lembra você!!! Miss you, bolas! Foram só dois dias! Snif. Beijocas.

Andrea Drewanz said...

Ia justamente comentar o filme da Sofia Coppola, tal qual o Klein fez.
Me parece que este que vc viu entra bem mais fundo na alma da sociedade nipônica, né?!
Fiquei curiosa.
Bjs.