December 24, 2009

Gostei tanto de Micmacs À Tire-Larigot! O Jeunet pode não ser um diretor dos mais prolíficos, mas isso também faz com que cada filme dele seja uma obra pensada nos menores detalhes, tanto em cinematografia como em diálogo. Acho que todo mundo já sabe que eu acho "Amélie" super-valorizado e "Un Long Dimanche de Fiançailles" chatérrimo. Portanto, "Micmacs" é um muito bem-vindo retorno ao caos visual e comédico da época da parceria com Marc Caro. Sem o Caro.
Sem contar que é sempre bom rever os atores veteranos queridos, como o André Dussolier e Jean-Pierre Marielle. Só o Dominique Pinon não me convence mais, com o excesso de caretas e maneirismos. Mas enfim, é sinônimo de Jeunet, né?

December 15, 2009


Ok, mais um auto-jabá. Saiu pela Manole/Amarylis o "Diários de Bicicleta", do David Byrne, do qual fiz parte da tradução :)

O Byrne é grande defensor da bicicleta como meio de transporte, e procura utilizá-la em todos os lugares a que vai - de Buenos Aires a Manila, passando por Berlim, NY e outras cidades. Daí veio a ideia do livro, onde ele relata as suas impressões e reflexões sobre o meio-ambiente e espaços urbanos. Quem já acompanha o blog dele já sabe o que esperar : textos despretensiosos e inteligentes, gostosos de ler mesmo. Outro trabalho que curti imensamente fazer.

December 13, 2009

Engraçado, fazia muito tempo que não ia ao teatro. Nunca via nada interessante o bastante em cartaz pra me tirar de casa aqui. Em São Paulo, na pior das hipóteses, iria ver o trabalho dos amigos. Mas aqui? A programação do Stadsschouwburg se alterna entre textos clássicos e contemporâneos, cujo único ponto em comum é serem batidos. Vejo as fotos de algumas montagens, bocejo. E há os centros culturais, com algumas coisas mais criativas, mas nada de arrebatador. E pra eu botar meu pé na rua hoje em dia, francamente, precisa valer muito a pena.

(= velha, cansada e ranzinza)

Mas aí vi uma peça de Jan Fabre anunciada, e me obriguei a sair da inércia. Dois dias apenas de "The Orgy of Tolerance", o trabalho mais recente da Troubleyn (a companhia de Fabre), então comprei os ingressos sem pensar muito. E lá fui eu.

A sala nova do Stadsschouwburg é uma caixa preta moderna, com um palco entre o semi-arena e o italiano. A única coisa estúpida é a distância entre as filas de cadeiras, que obriga a fileira inteira a se levantar pra deixar os atrasados que têm assentos bem no meio (claro) passarem.

A peça? Com esse nome, achei que fosse mais radical. Mas a primeira metade foi só de sketches parodiando a TV e a sociedade de consumo. Como se a gente já não aguentasse muito disso há umas décadas :\ Sinceramente, Jan Fabre ou não, vi trabalhos amadores melhores que isso. Mas depois as ideias começaram a se tornar mais interessantes visualmente, e as partes com menos texto acabaram sendo melhores. O elenco era bem uniforme, mas não achei ninguém brilhante. E a crítica ao excesso de tolerância (=bundamolismo + politicamente correto) é bem procedente, mesmo que não executada da maneira mais criativa possível (hã, a personagem que grita impropérios racistas vai vestindo uma roupa que se revela...tadaaaah, um uniforme da KKK. Smooth it ain't). O discurso do John Doe de "Se7en" teria cabido bem ali.

Enfim, saí dividida. Gostei, mas muito menos do que esperava. Valeu por alguns momentos bons e por me tirar de casa, mas dificilmente vai ser algo a que eu vá me referir no futuro. Excertos aqui no vídeo :

November 17, 2009

E eu fui ao Paradiso ver o show da incrível Imelda May. Dizer que ela é uma cantora à moda antiga, que sabe se expressar cantando, é pouco. Ela tem uma voz sensacional, é linda, sexy e simpática. Instant diva.

November 12, 2009

Fazia tempo que eu não amava um filme do tio Woody. Gostar, sim. Mas sair feliz e com vontade de ver de novo e recomendar pro mundo inteiro? Fazia tempo.
Em "Whatever Works", tudo funciona (pun intended - e tenho certeza de que tanta gente vai fazer a mesma piada infame...). Texto rápido, mordaz, ranzinza, engraçadíssimo e cheio de frases memoráveis. Larry David, o alter ego perfeito. Derrubar a quarta parede. Elenco equilibrado e muito bom. NY como nem "New York, I Love You" conseguiu retratar.

Oh, Woody, Woody, chega dessas bobagens de filmar em outras cidades e personagens que não sejam você. I missed you so bad.


November 10, 2009

Aproveitei pra ver "Where The Wild Things Are" no Loews da rua 34. E devo dizer que não é um filme para crianças. Penso que seria mais um filme para adultos com issues mal resolvidos desde a infância. Muitas neuroses, muita agressão, muitos sentimentos realmente selvagens. A única coisa que me cativou de verdade foi a trilha maravilhosa da Karen O. O resto, bem, foi interessante. De verdade, mas não sei se é um filme onde você consiga algum tipo de identificação com o Max, a não ser que você seja uma pessoa que tenha tido uma infância extremamente solitária e traumática. Ou que tenha um filho que se sinta assim (hope not).Eu não consegui. Não tenho filhos, e minha infância foi razoavelmente bem equilibrada. Achei o Max um garoto extremamente mimado e descontrolado.
Apesar da premissa, não é um filme mágico, não é um filme feel good. As wild things são reflexos de qualquer personalidade humana, com ciúmes, inveja, frustrações, medos e alegrias primais. E as conexões estabelecidas são baseadas em admiração e medo, depois transformadas em respeito e amor. Não sei se posso assinar embaixo disso, porque não sei se concordo. Mas enfim, visualmente há cenas incríveis, e emocionalmente talvez também. Mas vai depender de cada um.

November 07, 2009


E quem diria que o Dennis Hopper, além de atuar e dirigir, tinha tantos outros talentos? Combinada com o lançamento de um livro de suas fotografias lançado pela Taschen, uma grande mostra de suas obras foi montada na galeria Tony Shafrazi, em Chelsea. Fiquei realmente impressionada, tanto com as fotos e pinturas quanto com os retratados. Na mesma parede, gente como Warhol, Rauschenberg, Ruscha, Lichtenstein, Rosenquist...só artistas? Não, atores também : Paul Newman, Tuesday Weld, Jane Fonda e outros. E músicos : o Grateful Dead, os Byrds, Phil Spector, James Brown, Ike e Tina...A isso tudo se junta o cotidiano de gente simples, no Harlem ou em Tijuana, e paisagens urbanas desoladas, formando um panorama de imagens que, se não tem muito de excepcional, é um registro excelente e bonito dos EUA dos anos 60 em preto-e-branco.
Clicando aqui no site da galeria, muitas fotos da exposição.

November 05, 2009

Eu tenho uma relação estranha com os Pixies. Não considero uma das bandas da minha vida, mas gosto MUITO quando ouço. E não ouço sempre. Por isso, me senti até um pouco indigna de estar no meio de uma plateia de quase 6000 pessoas ensandecidas, assistindo a um show cujos ingressos tinham se esgotado alguns meses antes.

Mas fui, especialmente porque era a comemoração do vigésimo aniversário do "Doolittle", o meu álbum preferido deles. E foi incrível, das projeções de fundo impressionantes às presenças ainda marcantes de Frank Black e da simpática Kim Deal. O público enlouqueceu, como eu nunca tinha visto aqui na Holanda. Em todos os aspectos, foi memorável. E fecharam com "Gigantic", que me matou.

Achei curioso ver como a banda sabe fazer shows. Do ponto de vista técnico, foi impecável : som, efeitos visuais, tempo de suspense antes do bis, agradecimento à plateia, entrada e saída pontuais. Profissionalismo ao extremo. E, ao mesmo tempo, continua com aquela alma meio indie, meio punk. Fiquei impressionada.



November 01, 2009

Ok, já voltei há alguns dias. Mas o meu lado obsessivo e metódico me obrigou a zerar meus emails e o reader antes de conseguir fazer qualquer coisa. E isso levou algum tempo, he.

Em compensação, nunca postei tanto link no Facebook como nesses dias. Aliás, tô achando mais interessante por lá do que aqui, hein? Eu e a internet decidimos que prolixidade já era.

(quero dizer, quando se tem conteúdo, obviamente quanto mais texto melhor - mas, francamente...)

Mas obviamente ainda tenho coisinhas pra comentar - filmes, livros, exposições, rangos - so stay tuned. If you will.

October 23, 2009

Em NY. Volto já.

October 07, 2009

Opa, agora que foi lançado, posso falar : há alguns meses, quando me ofereceram o roteiro de "Inglourious Basterds" pra traduzir para o português, saí dando pulos pela casa. Sério, não acreditei na minha sorte - e na responsabilidade. Tinha acabado de entregar outro livro que traduzi (cuja data de publicação no Brasil ainda ignoro), e ainda estava com o cérebro fundido. Mas ao ler o texto fiquei mais empolgada ainda, porque é sensacional. Ver o filme pronto na tela já foi incrível em si, mas ter todas as referências explicitadas, ver os personagens mais desenvolvidos e conhecer as marcações do diretor me permitiram perceber as sutilezas de que o Tarantino é capaz. Nem preciso dizer que a minha admiração por ele deu um salto olímpico. A cultura cinematográfica desse homem não está no mapa, e a forma como ele a traduz é coisa de mestre mesmo. Eu me diverti imensamente com esse trabalho. E me senti extremamente honrada.



Portanto, crianças : antes ou depois de ver o filme, leiam o roteiro original, publicado pela Manole e já disponível por aí - e me digam se é possível não se apaixonar pelos Bastardos.

October 04, 2009


"Tokyo!" foi o raio de luz dos últimos tempos. Não só por me ensinar o que são hikikomori, ou por mais uma incrível parceria Leos Carax/Denis Lavant, que tanto marcaram minha vida. Mas por me fazer sentir surpresa novamente - de um jeito bom. Estava com saudade de ver um filme sem prever resoluções formulaicas. De não perceber concessões ao aceitável e nem limitações mediocrizantes - o grande problema dos filmes "gostáveis", como no post anterior - mas sem torná-lo completamente hermético e inacessível.

Três diretores, três olhares, três histórias e uma infinidade de interpretações para cada uma delas. E, no entanto, prefiro não fazer nenhuma.

October 02, 2009

"Taking Woodstock" é daqueles filmes extremamente gostáveis, e faz um festival lendário parecer real e próximo, coisa que eu nunca teria imaginado. Até eu, que nunca fui afeita a hippies, não pude deixar de ficar encantada com aquela juventude linda e desencanada, naquele momento em que aparentemente meio mundo convergiu para um grande ato de rebeldia pacífica.


E o elenco masculino, hein? Jonathan Groff, nunca tinha ouvido falar de você, but you're cute. E, gente, o Liev Schreiber é tão...grande. Uau. A única presença inútil foi a do Emile Hirsch - francamente, zero.

Enfim, não é o grande clássico da década, nem nada, mas vale. Nem que seja pelo colírio.

September 22, 2009


Gostei de "500 Days of Summer". Afinal, como o narrador mesmo avisa : não é uma história de amor.

September 18, 2009

Aliás, pra quem for ler o "Juliet, Naked", é bom dar uma olhadinha nesse documentário antes. Não que northern soul seja essencial para a história, mas é o que a gente chama de colour :

September 15, 2009

Anita me deu de presente de aniversário o ótimo "Juliet, Naked". Que, óbvio, já vim lendo na viagem de volta.

(seis horas de trem são ótimas pra se colocar a leitura em dia)

Bacana. Nick Hornby, né - fácil, divertido, personagens gostáveis e neuróticos, uma boa dose de obsessividade, sarcasmo e atribulações amorosas. Praticamente uma Jane Austen de calças.

(e agora, com acesso a internet)

Será que todos os escritores pop vão precisar incluir conversas via e-mail e páginas da wikipedia em seus livros? Sinal dos tempos. Será que eu tenho um certo preconceito com esse recurso por achá-lo preguiçoso? Talvez, um pouco (por culpa do abuso de alguns autores). Mas é bobagem minha - afinal, no que isso é diferente da literatura de missivas de Rilke, Eça e outros tantos? Em nada. A correspondência entre duas pessoas continua sendo uma fonte rica de confissões tímidas, esperas ansiosas, delírios românticos e descobertas, via eletrônica ou não. E ah, como a gente gosta de acompanhar tudo isso - a escolha de palavras, a preocupação em ser entendido da maneira certa, o aguardo da resposta. E essa troca pode não ser o ponto central de "Juliet", mas é certamente um dos mais simpáticos. Os outros, é claro, são tudo aquilo que a gente gosta num Hornby : as referências e os personagens levemente fora do eixo. Tá tudo lá, satisfação garantida.

September 13, 2009

ccd - chic, charmant und dauerhaft

O post sobre o Museu da DDR me lembrou de que ainda não falei sobre a exposição In Grenzen Frei, sobre a moda na Alemanha Oriental. Apesar de relativamente simples, instalada no discreto Kunstgewerbemuseum, devo dizer que foi uma das minhas favoritas nos últimos tempos. Imagine ter a rara chance de ver fotos, roupas, vídeos e outros documentos da criatividade e não-conformismo de um grupo que precisava contornar restrições, repressão política e cultural e escassez de material para poder se expressar através da moda. Obviamente, esses mesmos obstáculos imbuíram esse grupo de uma identidade e presença tão marcantes que impressionam até hoje.

photo by Tina Bara (1989): „Maud-ines"

(Achei curioso ver que, apesar do isolamento, a moda ali estava a par com o que acontecia no cenário underground mundial da época - a mesma irreverência e sede de individualidade, a influência do punk, da new wave, do gótico. A diferença é que a subversão, no caso dos alemães orientais, era resposta a uma repressão real - que no resto do mundo talvez fosse apenas social mesmo)

photo by Sibylle Bergemann

Entre as séries de fotos, o destaque era evidentemente Sibylle Bergemann. Mas pra falar a verdade, minhas favoritas foram da série "Berliner Jugendliche", de Helga Paris - gente real sempre é mais interessante do que ensaios de moda, he - e os retratos do Sven Marquardt (vejam as fotos no site dele, são incríveis).

Robert Paris por Sven Marquardt, 1988

Agora, o que me comoveu foi mesmo a Allerleirauh, marca das designers Angelika Kroker e Katharina Reinwald. Tomando o nome de uma fábula dos irmãos Grimm sobre uma princesa fugitiva vestida num manto feito das peles de todos os animais do reino, elas apresentam peças ousadíssimas, transformando couro em estruturas tridimensionais, com volumes e recortes inesperados. Roupas de tiras de couro, com dentes e galhos, desfiles-performance ensandecidos, modelos rastejando escadaria abaixo, seres estranhos unidos pela cabeça. Inclassificável, e tão foda.

Também foram exibidos vídeos de mais dois desfiles do coletivo ccd, um de 1983 e outro de 1985. É tudo tão vibrante, pulsante, forte, passional - fascinante. Mas achei as fotos do backstage desses desfiles ainda mais reveladoras e mais apaixonantes ainda. Elas estavam expostas na parede ao lado da projeção, e fiquei indo e voltando, comparando momentos, figuras, carões. Anotei nomes : Frank Schäfer, Angelika Kroker, Sabine von Otteginen, e fiquei imaginando aquele clima de efervescência em meio à austeridade comunista, e não pude deixar de rir sozinha. Que época, senhores, que época.

Sibylle Bergemann
Allerleirauh, 1989
Portrait: Katharina Reinwald
© Sibylle Bergemann, 1989

A exposição terminou estes dias. Mas não se desespere, tudo isso é retomado no documentário "Comrad Couture - Ein Traum in Erdbeerfolie". Preciso urgentemente encontrar uma cópia para assistir, já que acabou de ser lançado na Alemanha. Por enquanto, o trailer.

September 12, 2009

Eu sempre fui fã incondicional do Almodóvar, e vi todos os filmes dele. E, inexplicavelmente, estava sem vontade alguma de assistir a "Los Abrazos Rotos". Não tinha lido crítica alguma, nem visto o trailer, mas fiquei embaçando mais de uma semana pra ir ao cinema. Mas acabei indo, com o sentimento de quem vai para cumprir uma obrigação. Not good.

E, de fato, underwhelmed não descreve exatamente minha reação. Os elementos familiares estavam todos lá, mas a impressão que tenho desde "Todo Sobre Mi Madre", a de que Pedrito está vestindo roupas que não lhe pertencem, perdura. Não sei se ele quer provar que pode ser um cineasta sério (como se precisasse), ou se foi um acaso sem inspiração - mas a minha maior sensação foi a de uma pessoa sob medicação : com as emoções abafadas, controladas, e algo sem foco. Ele tenta fazer referências ao passado, com uma participação jogada da Rossy de Palma e um metafilme que remete a "Mujeres Al Borde de Un Ataque de Nervios". Mas é isso que parecem, meras citações. As atuações são boas, a história razoavelmente intrigante. Mas se estende e não chega a lugar algum. Pena.

September 11, 2009

Bom, tirando as agruras de hotel, passar meu aniversário em Berlim foi bacanérrimo, obviamente. Além de cada vez mais querer morar em Kreuzberg, a Sta. Cecília local, pude encontrar a querida Anita que estava na cidade pra ver o ídolo Mark Lanegan. Fomos ao Museu da DDR, que é um bom jeito de saciar os surtos de ostalgie à la "Adeus, Lênin". De embalagens de produtos a uma sala e cozinha completas mobiliadas, passando por programas de rádio disponíveis para audição, quase tudo é interativo e manuseável. Incluindo um autêntico Trabant, que pra mim foi o ponto alto da exposição, he. O mais engraçado é que a maioria dos objetos poderia tranquilamente estar na casa de alguma avó ou tia da Móoca ou Bela Vista. Acho que não foi só a Alemanha Oriental que parou nos anos 50/60 em termos de design.

Também comemos bem pracaralho, sem gastar quase nada.

Weisswurst, sauerkraut e Weissbier na KaDeWe. Ok, não foi exatamente barato (uns 15 euros pros dois?), mas o sauerkraut foi de chorar.

Spätzle com lentilhas e salsicha, e com cogumelos e queijo, no Spätzle Express. Com uma cerveja, cada um gastou 5 euros. E essas eram as porções médias. Imagina a grande.

Meio franguinho assado, com fritas ou com salada, no Hühnerhaus. Por 3,50 cada um, é um salvador da pátria nas madrugadas após uma noitada.

O grill turco na frente da Görlitzer Bahnhof. Um prato de carne, um de frango (ambos fartos), com couscous turco, a salada imensa da foto, um cesto cheio de excelente pão turco saído da grelha, cervejas - vinte euros. Inacreditável.

E teve mais, mas não tiramos foto de tudo. Fomos na famosa Rogacki, mas não fomos arrebatados. Tony Bourdain teve mais sorte (aos 8:00 do video).



Foi um bom fim-de-semana.

September 10, 2009

Acabamos mudando de hotel, e fomos para o ótimo Hotel Gates Berlin City East. A uns 10 minutos a pé da Hauptbahnhof, ele era o extremo oposto do Michelberger - clássico e extremamente silencioso. Tudo que a gente queria, hahaha. Claro, foi bem mais caro (135 euros a diária, contra 55 do Michelberger), mas dormir em paz não tem preço, gente. E, de qualquer jeito, com antecedência os preços podem cair drasticamente.
Como foi só por uma noite, e reservado em cima da hora (e pagando a tarifa de balcão), demos sorte e ganhamos uma suíte, num andar com apenas outros dois apartamentos. Abri as cortinas e dei de cara com isso :


ÁRVORES! SILÊNCIO! O Museu de História Natural! Ninguém na rua! hahahahaha.

Definitivamente, estou ficando velha.

September 07, 2009

Eu queria muito ter gostado do Michelberger Hotel. Da assessora de imprensa até a recepcionista, todo mundo foi muito simpático, provando que o objetivo é ser uma experiência diferente, menos fria. O lugar é lindaço (tem fotos aqui) e numa posição incrível, em Friedrichshain, de frente pra estação de U- e S-Bahn Warschauer Str. Ainda tem um ponto de tram na porta, que liga diretamente com Prenzlauer Berg. E como se isso não bastasse, é só cruzar a ponte que você chega em Kreuzberg. Sério, eu moraria ali.

Mas o grande problema foi justamente ser um lugar tão badalado - ele tem um pátio interno enorme, que abriga FESTAS. Daquelas, com palco, caixas de som, DJs e tum-ts-tum-ts-tum a noite toda. E claro que a janela do nosso quarto dava DE FRENTE pro dito pátio.

Calma, na hora da reserva isso me foi avisado. Fui sabendo das festas, mas sinceramente achei que fosse ser mais suportável. E eu também achei que fosse ter energia pra ficar na rua até tarde, e isso não ia importar. Mas de fato, mesmo chegando no hotel às 3 da manhã, ainda tivemos que esperar o som ser cortado às 5 horas pra poder descansar direito. Porque o som é MUITO alto. Enfim, burrice minha mesmo, mas eu estava curiosíssima a respeito dele, e queria ver se rendia uma notinha pra alguma revista. Render, rende, mas desisti de escrever porque minha experiência foi meio traumática, haha. Certamente em noites em que não há eventos, deve ser uma estadia muito legal. Ou, claro, pra gente mais jovem que eu :)

Ah, e quem for compartilhar o quarto pequeno com alguém, é bom ter bastante intimidade - o chuveiro tem uma janela transparente colada à cama, hahaha.

September 03, 2009

E pelo Facebook/Twitter da Cissa Giannetti chegou o link do Wolfgangs Vault, com uma tonelada de áudios de shows ao vivo pra ouvir de graça, de rock a jazz. Passei o dia ouvindo The Runaways e Mink DeVille, mas podia também ter sido um Return to Forever de 1973.

Tá esperando o quê?

September 02, 2009

Como ainda devo mencionar "Inglourious Basterds" por aqui nas próximas semanas, só quero aproveitar agora pra comentar que esse é um Tarantino puro-sangue.

(pun intended, eu não resisto)

Como de costume, vingança, mulheres lindas, tiros, muitas referências cinematográficas, acontecimentos improváveis e diálogos antológicos. Eu realmente não entendo como as pessoas podem se decepcionar com um filme desses.

A vocação do Brad Pitt pra interpretar personagens idiotas cai muito bem aqui. Aliás, o elenco é uma coisa incrível. Aliás, o filme é quase todo do elenco alemão. Meus dois atores alemães favoritos do momento, Til Schweiger e Daniel Brühl estão de babar - um lindaço como sempre, e o outro soltando um francês de cair o queixo.

(vocês têm noção? Daniel Brühl falando francês? Isso é muito sério!)

Muita, muita coisa do roteiro original ficou de fora , infelizmente. Como resultado, o filme é ágil (passa voando), mas algumas coisas ficaram no ar. Sem problemas - cada um ainda vai sair do filme comentando sua cena preferida - e há várias dignas de nota.

They ghoulishly giggle.

August 31, 2009

Berlim tem MUITOS cinemas. E as salas alternativas são todas cheias de personalidade, acho incrível. Vi que estava passando o novo do Jarmusch, "The Limits of Control", em versão original (procure pela indicação OV, OF ou OmU) no Hackesche Höfe Filmtheater e dei pulinhos de alegria.
Como sempre, fui sem ter lido absolutamente nada sobre o filme - e gostei. Mas entendo quem tenha saído irritado. Tem gente que espera ação, uma história, um sentido. Ele não tem nada disso. É conceitual, minimalista e fabulesco. Os personagens não têm nomes, porque não representam pessoas, e sim noções e outras coisas abstratas: o cinema, a música, o sexo. E claro, o controle.


E assim, esse argumento vago serve de fio de ligação entre performances boas - poucas estelares - de gente como Tilda Swinton, Bill Murray, John Hurt e Gael García Bernal, pontuadas por visitas silenciosas ao Museo Reina Sofia, em Madri. Tudo faz parte de um quebra-cabeça, e apesar do ritmo lento, é impossível desgrudar os olhos da tela, na esperança de finalmente desvendar a ligação entre eles. Há um senso de repetição que traz à mente a matrioska russa, onde cada uma que se abre revela outra menor, e que contém outra menor, e assim por diante. E as situações se repetem, mas não são sempre a mesma. Variações sobre um tema. São duas horas, e durante três quartos disso, não resta absolutamente nada ao espectador a não ser assistir passivamente e só absorver cada elemento apresentado. É agoniante. E dá a chance de apreciar devidamente a cinematografia lindíssima do Christopher Doyle.
Normalmente, esse tipo de manipulação é fácil de pegar, e logo a gente já começa a prever o que o diretor quer que a gente entenda. Nesse, eu realmente fiquei no escuro até quase o final.


A resolução, contudo, me pareceu um pouco infantil. De repente, porque ela não era o principal, e sim apenas uma necessidade estrutural. É um ensaio, é possível entender uma história nisso tudo, se a gente quiser - mas obviamente, o mais importante aqui é o trajeto, e não o destino.
O filme é estranho, um pouco inquietante (mas não a ponto de ser perturbador) e consegue a proeza de permanecer na lembrança por um bom tempo. O mundo ainda não está perdido. Recomendo.

August 29, 2009

O Ramones Museum é uma homenagem sincera de um grande fã da banda. Pelo menos, é essa a imagem que me passou. Por 3,50 euros, ganha-se acesso às incontáveis camisetas, recortes, pôsteres e tranqueiras variadas relacionadas aos garotos de Forest Hills, acumuladas por Florian Hayler, que viu mais de 100 shows deles (é, por mim, por você e por todo mundo aqui). Pra quem é fã, resta morrer de inveja dos objetos autografados, fotos e vinis. Pra quem não conhece muito, é um bom jeito de imergir na imensa contribuição ao pop e ao rock que Joey, Johnny, Tommy e Dee Dee deixaram.
É meio como quando a gente é criança, e o amiguinho te convida pra ver a coleção de brinquedos dele. Você se divide entre a cobiça profunda e a admiração, mas de qualquer forma, sai de lá feliz por ele ter dividido aquilo com você.
(mas que eu fiquei com vontade de pegar tudo pra mim e sair correndo, fiquei)
Pra completar, o café é um lugar tranquilíssimo e agradável, com um chai maravilhoso e poltronas confortáveis, onde se pode relaxar após o burburinho do Hackescher Markt e da Oranienburger Str, ali perto. E tem lojinha! Comprei uma camiseta do museu por 17 euros, mas mesmo os bolsos rasos não vão sair vazios. O ingresso inclui um mini-broche com o emblema clássico dos Ramones, em preto ou em branco :)








August 27, 2009

O que foi que eu disse? Pelo jeito a questão tá no ar mesmo, e não é chatice minha. A ale acertou na mosca no comentário, he.

É o fim dos blogs ou só da blogosfera?

Morte dos blogs, menos barulho e mais foco.

via @trabalhosujo.

Em Berlim, ficamos no Best Western Am Spittelmarkt. Eu tinha reservado outro na mesma área, mas na madrugada antes da partida resolvi dar mais uma procurada, e esse estava mais barato ainda : 157 euros por 3 noites. Além disso, prometia internet de graça e é na frente de uma estação de U-Bahn. E eu adoro um hotel novinho em folha (o Etap Potsdamer Platz, que eu sempre recomendo, já estava meio gastinho da última vez, então também cancelei).
De fato, ele é tudo que promete - o único inconveniente é ficar numa área curiosamente morta à noite, mesmo próxima a Mitte, mas isso não faz muita diferença com o U-Bahn (especialmente aos fins de semana, quando o metrô vai até tarde) de qualquer jeito. O quarto era bem grande, elegante, com cofre (importantíssimo, um dos meus requisitos pra escolher um hotel), ar-condicionado, suporte aquecido para toalhas, etc, etc. Não é luxo, nem charme, mas achei muito bom para um hotel de rede. A internet via adsl é que não estava funcionando, e nem os fucionários se mexeram pra resolver, mas resolvi deixar pra lá, porque de qualquer jeito não estava com saco pra ver email mesmo.
Se eu ficaria de novo? Acho que não - a localização é legal pra quem está indo pela primeira vez (dá pra ir a pé ao Checkpoint Charlie, à ilha dos museus, a uma parte de Kreuzberg, Unter den Linden, Brandenburger Tor, etc - ou seja, o roteiro turístico), mas eu prefiro ter vida noturna por perto, e não preciso ir a esses lugares de novo. Mas não tenho reclamações não.

August 21, 2009

Uuuuuaaaaah. Preguiça de postar. Desde que cheguei do Brasil, em maio, foram três meses de trabalho intenso, apesar de fácil. E eu ainda inventei de fazer viagenzinha no meio, e a correria foi maior. E aí, quando acabou, me senti completamente esgotada. Tô há dias me arrastando, cansada. Mas felizaça.

Juro que tem um post em rascunho datado do dia 6 de agosto, sobre a viagem pra Berlim - uma hora ele vê a luz do dia. E filmes, e shows, livros, blablabla. O caso é que não ando achando nada disso relevante o bastante. Tô achando tudo e todo mundo extremamente repetitivo e redundante (e nisso eu me incluo). Ultimamente só os itens compartilhados no reader e no Facebook têm se salvado, e eu curto as fontes novas de informação que tenho achado. Fora isso, o resto é ruído, e tem me irritado, pra falar a verdade. Bicho, eu não quero saber se você tomou banho, ou se você se sente incompreendido, ou o que você acha dos relacionamentos humanos. O Twitter tá aí pra isso. É muito achismo, pseudo-filosofismo e umbiguismo pra minha cabeça, cansei. Tem algo interessante pra compartillhar, põe na roda. Não tem, fica quieto. Tô seguindo esse princípio.

August 03, 2009











Sometimes I feel like screamin
Sometimes I feel I just can't win
Sometimes I feelin' my soul is as restless as the wind
Maybe I was born to die in Berlin

("Born to die in Berlin", Dee Dee Ramone)

Foi minha terceira ida a Berlim. E a cada vez, eu tenho a certeza de que é um dos lugares mais foda do universo. Ainda.