December 19, 2010

Lisa Cholodenko & Julianne Moore <3
Ok, mais filmes, antes que eu esqueça deles (er, já esqueci de alguns)

- Another Year -Conheço alguns casais como Tom e Gerri (!) e algumas mulheres como Mary. Mike Leigh conseguiu fazer outro filme onde todos os personagens são detestáveis, o mundo é cruel e os ingleses amargos. Ou seja, novidade não é, mas vale assistir, especialmente se você anda com vontade de sair um pouquinho deprimido do cinema.

- The Social Network - Bom filme, com boas atuações. Mas é só. É um exemplo onde o tema é mais importante que a realização - que no caso, explora as tensões pessoais entre o criador do Facebook e o resto do mundo, se permitindo algumas licenças roteirísticas pra enfatizar o drama. O Jesse Eisenberg fez um Zuckerberg quase autista muito bem e, na verdade, todos os outros personagens acabam se tornando irrelevantes e monodimensionais na história. Mas Andrew Garfield é sempre WIN.



- Potiche - O Ozon tem uma faceta muito Almodóvar e uma faceta muito Fassbinder (e Bergmaniana talvez?). Este é um almodovariano legítimo - temática gay-feminina, um absurdismo com um quê de campy, sexo, sarcasmo e crítica social, tem alguns dos meus atores favoritos no elenco (Fabrice Luchini, Karin Viard, Sergi López...) e é uma delícia. Donas-de-casa reprimidas, uni-vos!
Ah, a cinematografia e os figurinos são impecáveis. De verdade, impressionantes.

- The Kids Are All Right - já devo ter dito isso umas 500 vezes : mas eu AMO a Lisa Cholodenko. E fiquei felizaça desse último filme dela ter tido tanta exposição e tantos elogios, finalmente. E não tem nem mais graça comentar os filmes dela, porque são sempre tão bons e relevantes. Ainda gosto mais de High Art e Laurel Canyon, mas este tem a Julianne Moore :D

- Scott Pilgrim vs. The World - o filme mais besta do ano. Fim.

- Allt Flyter vi no voo de volta de Tóquio, e gostei tanto que vi de novo. É totalmente um The Full Monty sueco, com o strip-tease trocado pelo nado sincronizado. A diferença é que a trilha não vai ser hit de festinha da firma.

E fui a uma mini-maratona de documentários especial durante o IDFA. Achei ótimo ter sete filmes selecionados do festival à disposição num só dia, mas só assisti a três.

- Marathon Boy - Surpreendente. Eu esperava só uma história edificante sobre o menino que começou a correr aos 3 anos de idade, e tudo descambou pra luta do treinador dele com o governo, com direito a corrupção, intrigas, golpes baixos e violência. A Índia é dramática.

- You Don't Like the Truth -  Bem interessante e muito relevante. É composto por cenas captadas pelas câmeras de segurança durante o interrogatório de 4 dias de Omar Khadr, um jovem canadense preso em Guantánamo, acusado de ter atirado uma granada em soldados norte-americanos no Afeganistão. A questão principal não é ele ser ou não culpado (eu acho que não), mas sim o tratamento dispensado a ele, que viola todo e qualquer direito humano. Espancado, torturado e detido sem ter tido um julgamento adequado, ele desaba emocionalmente nesses quatro dias sob a pressão dos interrogadores, desesperados pra ouvir algo que ele não tinha a dizer.

- The Two Escobars - Curioso e envolvente, apesar da produção meio tosquinha. Cruza as histórias de Pablo Escobar e de Andrés Escobar, jogador de futebol da seleção colombiana. Fascinante e revelador, mostrando o alcance do poder dos carteis de drogas na Colômbia e sua influência em áreas da sociedade que a gente nem imaginaria. Quero dizer, pra quem é brasileiro não é revelação nenhuma, infelizmente. Mas vocês entenderam, vai.

December 01, 2010

Definitivamente, desapaixonei de Paris. Meu coração não dança mais quando desço na Gare du Nord. Mas pode ter sido também pelo atraso de 85 minutos do Thalys na chegada, vai saber. E o frio. Mas a verdade é que acho que a cidade não me desperta mais curiosidade, após esses anos todos e incontáveis visitas. Tudo já é familiar demais, tanto os defeitos como as virtudes, e perdi o interesse.

Percebi isso este fim de semana, ao ir encontrar uma amiga que está lá pela primeira vez. Gosto de ciceronear pessoas, talvez pra poder reencontrar um pouquinho da sensação de novidade por tabela. É sempre gostoso rever os velhos pontos da cidade sob uma luz diferente quando alguém querido se emociona com eles. Mesmo que a gente mesmo esteja meio entediado.






E Paris, como que percebendo o distanciamento, tratou de jogar surpresinhas no meio do caminho, só de birra. Como assim, cansada de mim? Então, a visita à St. Eustache acabou tendo um final de missa incrível com órgão de tubos como bônus; a Notre-Dame, um ensaio de orquestra, coro e solistas bem no meio da Catedral. Se eu sempre senti falta de uma trilha sonora em alguns lugares do mundo, ali ganhei o mais adequado : um oratório de Natal de Bach, com o som ecoando pelos arcos enquanto eu admirava os vitrais.

Atravessar a Pont Neuf à noite, ir ao Marché des Enfants Rouges e encontrar uma feirinha de antiguidades e cacarecos no caminho, comer no L'As du Falafel, ver a cara de surpresa das visitas ao ver a Torre Eiffel piscando no começo da noite, dar de cara com uma aglomeração na Champs-Elysées e descobrir que era o lançamento de um filme com a presença do Brad Pitt (pena que a gente não o viu, queria ter dito "BuongioRRRno" pra ele), perceber que já tinha passado em frente da Chapelle Notre-Dame de la Médaille Miraculeuse (!) várias vezes e nunca ter se dado conta...

Ok, Paris, você provou seu ponto. Uma visita nunca é igual a outra. E posso não estar mais apaixonada, mas continuaremos bons amigos ;)

November 23, 2010

I'm back! E tô até o pescoço de coisas pra fazer até o final da semana, então escrever direitinho sobre a viagem vai ficar pra depois - bem depois. Porque tem MUITA coisa pra contar, hahaha. Fiquem com um resuminho em fotos desses 15 dias em Tokyo e Kyoto and be good, volto já.

October 30, 2010

Af. Eu já falei aqui que meu ano começou mesmo em outubro? Esse post do filme do Banksy estava nos rascunhos há semanas, e só me dispus a terminá-lo porque precisava fazer alguma coisa inútil :)

Nem falei que fui de novo ver a Tokyo Ska Paradise Orchestra, e desta vez fiquei na pista mesmo, skankeando com o público. Dancei, pulei, poguei, moshei e suei bicas. Foi incrível, e não vejo a hora de ver mais um show.


Também pude ir ao show de 30 anos da Einstürzende Neubauten no Melkweg. O setlist tá aqui, pra quem se interessar, e achei melhor que o último, mas ainda menor que o primeiro que vi (post arqueológico aqui). Blixa e sua banda me emocionam horrivelmente.

October 29, 2010

Saiu "Exit Through the Gift Shop" pra baixar há umas semanas, mas quis esperar pra ver no cinema. E saí boquiaberta com tanta genialidade. Se é documentário ou ficção, se Banksy é uma pessoa ou um coletivo, se Thierry Guetta existe ou não - nada disso importa. O que vale é o grande questionamento sobre a arte - seu valor, natureza, mercado, função - o papel da mídia e a necessidade desenfreada de novidades, tudo de maneira sutil e absolutamente brilhante.

Com a desculpa de ser um documentário baseado nas imagens de street art coletadas compulsivamente por um francês excêntrico em várias partes do mundo, o filme acompanha figuras-chave como Shepard Fairey, Space Invader e o próprio Banksy. Até que a mesa vira, e de repente o francês excêntrico se torna o foco das atenções, passando a produzir arte ao invés de só registrá-la - e daí entram os questionamentos, conduzidos pelo filme de maneira tão natural que a gente não consegue evitar o sorriso de satisfação.

Se Banksy for de fato uma só pessoa, é com ele que eu queria casar. Além do seu trabalho ser incrível, relevante e engajado, ainda conseguiu tirar um grande sarro do mundo da arte - com tanta eficiência e alcance quanto Andy Warhol e com mais sofisticação do que Damien Hirst. Bravo.

October 09, 2010

Não achei "The Runaways" tããão ruim quanto disseram. É confuso e fraco, mas eu não resisto a garotas no rock...

"Going the Distance" é engraçadinho e bem assistível. Achei no começo que fosse ser irritantemente pretensioso, mas se era essa a intenção, falhou. Drew e Justin são fofos o suficiente pra reverter quaisquer aspirações a mala.

"Shanghai", confesso, assisti só por causa do John Cusack (novidaaade). E teve o Ken Watanabe de bônus. Mas é um filme bem esquecível. Assim como "Hot Tub Time Machine". Ah, as coisas que a gente faz por amor.

Depois de "The Happening", jurei nunca mais assistir a nada que tivesse o dedo do Shyamalão. Mas não resisti a "Devil", e curti. Tudo bem, já descobri quem era o Diabo nos primeiros 5 minutos do filme, mas o suspense foi bem desenvolvido. Ainda há esperança.

"The American" foi chatíssimo. Me lembrou "The Limits Of Control" do Jarmusch, mas sem a proposta fabulesca e sem charme. Fotógrafo como diretor nem sempre funciona.

"After Life" é muito ruim, esqueçam. E "Splice", pior ainda. Pena, eu tinha fé nesses dois.

"Crime d'Amour" , último filme do Alain Corneau, é um bom jogo de gato-e-rato entre as lindas Ludivine Sagnier e Kristin Scott-Thomas. Não é filmããão, mas certamente melhor que "Splice".

September 18, 2010

Vi Machete, e o texto tá lá no Trabalho Sujo! Valeu, Matias :)

September 07, 2010

Opera Java
Oi, setembro. Desde que você começou, cruzei a cidade a pé umas vinte vezes, uma ladyboy tailandesa veio falar comigo porque me achou linda (!), comi Lap Kai, fui a um museu de arte contemporânea que passou os últimos 5 anos fechado, comi hommus com vitela, vi a casa do Rembrandt, recebi trocentos parabéns mesmo tendo escondido de todo mundo a data do meu aniversário, assisti a uma ópera javanesa, conheci duas pessoas incríveis, tomei vinho libanês e morri de chorar no cinema com "La Rafle".
Barbara Kruger at the Stedelijk Museum
Bazar Amsterdam
Cartazes de exposições anteriores no Stedelijk
Restaurante Song Kwae
Gad Elmaleh e Jean Reno em "La Rafle"
 Agora pode dormir?

September 01, 2010



Fazia tempo que eu não saía tão abalada de um filme. Em "Io Sono L'Amore", a história é banal, mas é no tratamento cinematográfico que se deve prestar atenção. Uma trilha intensa e emocional que praticamente arranca arrepios, enquadramentos magníficos, contrastes de cores e texturas de acordo com o espírito da cena - ora explosivo, solar, com luzes estouradas, ora elegante, rígido, opulento...é cinema e absolutamente sensorial, e, pensando em retrospecto, explica completamente minha reação (inesperada) na cena final (a que vem antes dos créditos - depois vem um breve epílogo). Poderoso.
(E claro, tem Tilda chiquérrima em Jil Sander, atuando em italiano e russo com desenvoltura)

August 30, 2010

 A morte prematura do Satoshi Kon me deu o empurrão pra finalmente assistir a "Paprika", o único dele que eu ainda não tinha visto e estava aqui na fila há meses. Só aumentou a sensação de perda, porque a cada filme dele me surpreendo com a riqueza visual, os personagens sólidos e quase reais, a capacidade de contar histórias improváveis e futuristas com um quê de poético. Tudo bem, eu passaria sem as sequências "filme de ação" do meio pro final, mas até entendo a escolha. E, sim, "Paprika" é o que "Inception" gostaria de ter sido. A inspiração é evidente, apesar da diferença de desenvolvimento, mas não dá pra deixar de pensar em como o Nolan poderia ter feito um filme tão melhor se tivesse deixado de lado a rigidez e embarcado mais na natureza dos sonhos. Enfim. Meu favorito ainda é "Perfect Blue", mas este merece estar entre os melhores, fácil.

August 29, 2010

E se estamos falando sobre robôs dotados de sentimentos, acho que "Air Doll" pode entrar na conversa - apesar de não se tratar de um robô, mas sim uma boneca inflável. Já assisti propensa a gostar, porque é de um dos meus diretores mais amados, o Hirokazu Kore-eda, e tem a Doona Bae, a fofa de "Linda Linda Linda", um dos meus filmes da minha vida. E não me decepcionou :) Se em "Lars and the Real Girl" o centro é o mundo ilusório do protagonista, aqui é a boneca que ganha vida e descobre o mundo, experimenta sentimentos e faz reflexões existenciais numa inocência de partir o coração. Lindo, lindo, lindo.

August 25, 2010

 E eu acho que acabei não falando aqui também do lindo "I'm Here", o curta do Spike Jonze bancado pela Absolut. Estrelado pelo fofo Andrew Garfield (do "Dr. Parnassus"), é de arrancar lágrimas e torcer o lencinho. Tão simples e tanto amor, né?
Pra quem quiser rever, continua em exibição lá no site ou em partes no YouTube.



August 24, 2010

Putaqueopariu. Tô arrasada agora, acabei de saber que o Satoshi Kon faleceu ontem. Pra quem acompanha isso aqui, deve saber que era um dos meus diretores favoritos - TUDO dele era bom. Fuck.


Li que "Coco Chanel e Igor Stravinsky" vai estrear no Brasil. Acho que só comentei no Facebook quando assisti em abril, mas gostei do filme. A Anna Mouglalis é uma Chanel muito mais impactante que a coitadinha da Audrey Tautou, os figurinos são deslumbrantes e só a montagem da Sagração da Primavera já vale a ida ao cinema. E claro, é dirigido por um dos meus cineastas do coração, o Jan Kounen.

August 14, 2010

Fui ver "L'Illusioniste" atraída mais pela promessa de um roteiro do Tati do que por ser um filme do Sylvain Chomet, já que o filme anterior do diretor, "Les Triplettes de Belleville", foi interessante, mas não me tocou. E mais uma vez, os personagens não me cativaram, mas confirmei que algo que o Chomet sabe criar maravilhosamente é ambiance, atmosfera. No final, o que me encantou mesmo foi ver as ruas de Edimburgo reproduzidas ali como pano de fundo : lindas, iluminadas e cheias de detalhes.

Não é engraçado, não é absurdo (ok, fora o coelho). Algumas vezes tenta ser, é verdade. Mas achei tudo tão, tão triste e um pouco amargo. Contudo, ao contrário de algumas críticas, vi um pouco de esperança no final, mesmo sabendo que les magiciens n'existent pas.

August 13, 2010

Adorei tanto "La Tête en Friche", do Louis Becker. Saí sorrindo e com o coração quentinho. É a vitória da gentileza sobre a brutalidade, e quem não se comoveria com isso? É um filme simples, cujo charme é a relação deliciosa e literária entre Germain e Margueritte (avec deux "t"), apesar de todos seus pesares. À savourer.

August 08, 2010

Ok, filmes.
Quando fui ver "Gainsbourg - Vie Héroïque" no cinema há uns meses, comecei um post que acabei não publicando. Mas vi de novo estes dias, e cheguei à conclusão de que gosto muito dele e precisava comentar, hahaha. Nada seria mais adequado para contar a trajetória do pequeno Lucien ao velho Serge do que animações surreais, números musicais delirantes e belas mulheres. É um filme um pouco estranho, um pouco indulgente, algo fantasioso, bastante original e muito marcante - exatamente como a quem retrata.


Vi estes dias também "Life During Wartime", o mais recente do Todd Solondz. É ok. Não sei se sou eu que estou ficando velha e chata, ou se a fórmula do Solondz se esgotou e não tem mais efeito, mas o fato é que não há muito o que se falar sobre esse filme. É como um primo tímido de "A Serious Man", acho. Anêmico. Mas como sempre, o elenco é bom.


"Je l'Aimais" foi melhor. Adaptado do livro de Anna Gavalda, é um filme francês com F maiúsculo. Chloé é abandonada pelo marido, e seu sogro trata de cuidar dela e das netas. E surpreendentemente, ele é quem se abre e despeja a história do amor de sua vida, a quem deixou escapar por inércia, acomodação e um pouco de medo. Simples e bonito, ainda que básico. Mas ver o Daniel Auteuil fazendo um avô é um pouco desconcertante.

E finalmente, o meu favorito : "Whip It!" é um filme de garotas, para garotas, feito pela garota-mor Drew Barrymore. E alguma dúvida de que eu ia adorar? Tem trilha ótima, elenco foda (Kristen Wiig! Zoë Bell!), meninas kicking ass, um menino bonitinho, amizade e aquela coisa sensacional e vibrante que é roller derby. Grrrl power à décima potência.

July 30, 2010

melhor sequência do filme
 "Inception" é muito bom. Mas confesso que estou meio confusa com tanto texto por aí destrinchando o filme, zilhões de análises e comentários de gente que não entendeu. Really, gente, não é pra tanto. Os efeitos visuais são incríveis, e algumas sequências são de tirar o fôlego (e o elenco também, he), a divisão em níveis cujos tempos correm em velocidades diferentes é bem pensada e eu curto a temática de sonhos. Mas me irrita um pouco a tentativa de colocar uma carga emocional na trama, e concentrada em um só personagem. Desequilibra, porque todos os personagens acabam tendo profundidade e desenvolvimento emocional ZERO. O Cobb do DiCaprio tem um arremedo de conflito, e o personagem do Cillian Murphy chega perto, um pouco por obrigação, pra justificar a ação (e o filme). Fora isso, o resto é cerebral e físico.

E não tenho nenhum problema com obras cerebrais e físicas, eu gosto. Tramas intrincadas, delírios visuais, brincadeiras com (a)linearidade. O que me mata são as forçadas de barra pra criar "emoção" onde não cabe, e ainda mais nas costas de um ator fraco. Foi inevitável lembrar de "Matrix" e do impacto todo que ele teve na época. Mas não é comparável de verdade, até porque "Inception" tem menos elementos "cultuáveis" (ao passo que "Matrix" foi todo pensado pra gerar culto - dos figurinos à mensagem messiânica), e em geral é um filme bem mais criativo, além dos recursos visuais hoje serem superiores aos da década passada. Enfim, é filmão, bem produzido e empolgante. Mas não mais que isso.

July 08, 2010

Caramba, nove anos de blog. Nem os filhos dos amigos chegaram nessa idade ainda. E mesmo assim, representa um quarto da minha vida? Meda. E esse 1/4 nem de longe foi a melhor parte, mas certamente a que me ensinou mais. Alguém me dá 1977 e 1996 de volta?

E fui a tantos shows nos últimos meses, mas esqueci de falar deles. A maioria foi de coisas que eu já tinha visto ao vivo, mas que amo tanto que nem hesitei em ir de novo. Shonen Knife no Paradiso, minha musa Imelda May no Melkweg. Aguardei ansiosamente o She & Him, que foi apaixonante - gosto imensamente mais da Zooey cantora do que da atriz. Fui até Haarlem ver Kitty, Daisy and Lewis finalmente.Vi os veteranos The Sonics, e foi sensacional ouvir "Psycho" ao vivo. Ainda têm mais energia que muita banda punk de hoje. Tinha ingresso pra ver os Trashmen, mas desisti - pelos vídeos, esses não envelheceram bem, e prefiro manter a imagem que tenho deles na mente. Vimos o simpaticíssimo Tony Levin de novo, desta vez numa longa jam com Terry Bozzio, Pat Mastelotto e Allan Holdsworth no Paradiso. E o mestre Larry Graham, com a Graham Central Station.
Ah, quase ia esquecendo - consegui ver Bettie Serveert enfim, depois de tanto tempo. Não gostei dos últimos álbuns e estava com medo do show ser chato (!), mas olha só que bobeira. Imagina, legal pacas, e tocam vários dos hits antigos. Até "Tom Boy" :)
E o último foi o Hanggai, que são chineses de ascendência mongol e fazem um punk-folk étnico que soa como os Pogues, mas com instrumentos e throat singing tradicionais da Mongólia. Muito, muito bom.

Abaixo, uns videozinhos, todos feitos com a Kodak Zi8.

Shonen Knife, "Heatwave"


Bettie Serveert, trechinho de "Tom Boy"


Kitty, Daisy and Lewis, "Going Up The Country"

July 03, 2010

Do ano passado pra cá, lendo os blogs de beleza e conversando com as amigas, tive a confirmação de que produtos de farmácia tradicionais funcionam tão bem quanto cosméticos caros. Já usava há anos Minâncora antes da maquiagem e achava que a pele ficava muito boa depois de um tempo, além de servir de protetor solar, por causa do óxido de zinco. Depois aprendi que leite de magnésia Philips também funciona bem como primer pra peles oleosas (passar um pouquinho diluído em água com um algodão); não é o meu caso, mas achei legal. E também que o velho e bom Leite de Rosas é ótimo pra limpar a pele. Agora a última dica foi Bepantol loção misturado ao condicionador/creme de tratamento - de fato, dá uma reparada notável nos cabelos. Ainda mais pros meus pobres fios platinados artificialmente (aliás, descobri também que o descolorante Lightner lá do Brasil é incrível - e me fez querer me matar pelos 15 euros desperdiçados a cada caixa de L'Oréal que eu comprava aqui).


Comprar tudo isso na farmácia saiu o quê? Vinte, trinta reais? Tô satisfeitíssima. Trouxe tudo pra cá, e estou usando em paralelo com os produtos que já tinha - de Clarins e Clinique às marcas genéricas das farmácias daqui. Tudo bem, ainda sou suscetível a campanhas bem-feitas, como a dos batons Rouge Coco da Chanel, que ainda vão me fazer gastar 30 euros num Mademoiselle. Ou os produtos M.A.C. Mas a verdade é que, putz, como a gente sucumbe fácil a uma embalagem bonitinha...

E tudo isso porque há um tempo arrumei meu armário e fiquei horrorizada com a quantidade de coisas que acumulei nestes cinco anos e nem uso: roupas, sapatos, cosméticos. Prometi não gastar com mais nada até usar tudo que tenho, e até agora consegui me segurar bem. Já faz mais de um ano que não compro nada pra mim na Body Shop. Mas não posso entrar na H&M, haha.

May 26, 2010

Eu gosto tanto do Fatih Akin, mas achei Soul Kitchen muito atípico (éééé, só chegou agora por aqui). Não que seja ruim, pelo contrário. É legal, tem elenco bom (Moritz Bleibtreu!), um certo humor e uma trilha bacana.


Mas achei meio leve demais. Não sei se é o excesso de personagens meio estereotipados ou a vontade do Akin de enveredar por um gênero que não lhe é familiar, mas não consegui ter muita simpatia por ninguém ali - nem mesmo pelo protagonista. E assistir a um filme com distanciamento acaba fazendo com que ele se torne só uma coisa divertida e momentânea mesmo. Enfim, se era esse o objetivo, conseguiu :)

May 19, 2010

Ops. Estamos em maio, e eu tinha um rascunho de post datado de...março.

Algumas mudanças : agora vocês podem me achar no The Itinerant. É um projeto novo e multicultural, com colaboradores em várias cidades do mundo. Arte, música, notícias, curiosidades, dicas, resenhas e tudo que a gente catar de interessante por aí, sem bitolação ou cabecismos. Somos todos expatriados, jovens, com coceirinha de viajante e experiências de vida diferentes pra compartilhar. Ainda está numa fase beta, mas tá ficando bem legal e me divirto pensando em posts pra lá. E se alguém se identificar com a proposta e quiser participar, dá um alô pra gente. Como não tem fórmula, vai saber que rumo ele vai tomar. Como Lost, hahaha.

Por aqui, tou numa fase de cortar tudo que não vai pra frente ou não tem mais sentido. Por isso, acho que vou tirar o "confessions" de campo, porque falar de assuntos pessoais é algo que quero fazer cada vez menos. Já evitava ao máximo, e agora é quase uma fobia. E, na verdade, pra quê, né?
Mas continuo lendo, vendo filmes, shows, exposições, viajando, bla bla bla. Tem coisas que merecem posts, mesmo atrasados, e vou me esforçar pra isso  :)

E claro, quem sentir muita saudade minha pode me adicionar no FB, eu não mordo.

Mentira, eu mordo sim. Mas só quando precisa ;)

March 21, 2010

Vi trocentos filmes nesses últimos meses, mas, pra falar a verdade, poucos dignos de nota. A única coisa que eu realmente preciso dizer é que "Up in the Air" é a adaptação de livro que NUNCA devia ter sido filmada. Conseguiram transformar um livro neurótico e estranho numa água açucarada com cunho conservador. Óóóóóó, quer dizer que viver sem vínculos torna você infeliz? Pointless e imbecil. Não tem nada disso no livro do Walter Kirn- e não que eu tenha gostado particularmente dele, mas QUALQUER coisa é melhor que essa bomba de filme.

                                 é, Georgey, era essa a minha cara durante o filme.

E de "The Lovely Bones", então, nem se fala. Um livro legal virou uma confusão visual e narrativa, sem propósito e sem juízo. Não tem absolutamente nada gostável nesse filme. Junto com "The Fourth Kind" e "The Men Who Stare At Goats", está na lista das decepções do ano. "The Informant!" nem conta, porque me fez dormir no meio. Todos eles, premissas interessantes que se perdem pelo caminho e terminam porcamente. "Men Who Stare at Goats" deve ter sido feito com o único propósito de fazer piadinhas sobre Jedis para o Ewan McGregor, só pode.

                                 Eu sei, Georgey, another bad movie with you in it. Get over it.

To tentando lembrar do que mais vi, mais pra arquivo pessoal mesmo. Obviamente, não escrevo sobre TUDO que vejo ou leio, mas deveria tentar. Minha memória horrível agradece algum tempo depois.

Os filmes de que mais gostei são todos ambientados nos anos 60. Sintomático.
"A Single Man" - passei o filme inteiro boquiaberta com a beleza, e como o Tom Ford é um cineasta que estava faltando, e quis fazer um post só pra ele na época, mas acabei fazendo uma micro-resenha pro Goma e ficou por isso mesmo. Mas o negócio é : quanto homem lindo, cacete. "A Serious Man" - também acabei falando dele no Goma, e é interessante, apesar de não ser antológico. O questionamento da fé e da ideia de destino e controle são coisas que não se veem todo dia, ainda mais tratadas com humor. Mas a cada desgraça que se abatia sobre o pobre Larry, fui me enterrando na cadeira querendo que acabasse logo. Assim como "Precious", é muita miséria pra um ser humano só. E gostei de "An Education" também. Reprodução de época bem feita, bom elenco. Derrapou no final, com a mensagem edificante "sofri mas sou uma pessoa melhor", e o fundo feminista foi meio forçado, mas curti.

                                Matthew Goode, good god.



 "Chloe" fui assistir porque tinha a Julianne Moore. Só no cinema vi que era do Atom Egoyan. E que onda de Amanda Seyfried, hein? Acho que tem pelo menos dois filmes dela em cartaz ao mesmo tempo, e vem mais por aí. "The Imaginarium of Dr. Parnassus" é bem bonito e curioso. Assistir sabendo que o Johnny Depp, o Jude Law e o Colin Farrell trabalharam por amizade ao Heath Ledger me fez ficar emo. "Case 39" é bem nada. Assim como "The Box" - interessante, mas não conseguiu chegar aos pés de "Donnie Darko". E eu gostei de "Paranormal Activity". Pra uma produção tosquinha, se saiu bem em criar um clima tenso. Mas é igual aos programas de fantasmas do Zone Reality na TV, really.


"Daybreakers" é bacana. Vampiros com sci-fi, muita ação. "Sherlock Holmes" foi divertido, mas não é Sherlock Holmes. "Orphan" é mais do mesmo. Criança malvada, bla bla bla. Assim como "Jennifer's Body". Esquecível. "Capitalism : A Love Story" é mais um Michael Moore.

E...putz, chega. Acho que vou desistir do cinema e assistir a "Lost".

March 13, 2010

O que você faz quando a primeira coisa que lê ao acordar e abrir seu email é "RIP Glauco"?

Minha primeira reação deve ter sido a mesma de muita gente : incredulidade e depois tristeza. Não só pela maneira brutal com que aconteceu, mas também pelo súbito entendimento de que algo indefinível e importante nos foi tirado. Nunca o conheci, mas o consenso de que era uma pessoa boa é geral - e a perda se torna maior ainda.


Não o conheci pessoalmente, mas seus quadrinhos fizeram parte da minha vida num período tão importante - entre as décadas de 80 e 90, entre a USP e a Vila Madalena dos velhos tempos, entre descobertas de bandas, livros, lugares, tudo que eu podia fazer e nem imaginava. E hoje, pensar que um pouco disso chegou ao fim me aterroriza. Eu podia nem mais achar tanta graça nas tirinhas de um tempo pra cá, mas elas eram sempre um vínculo com um pedaço de mim de que gosto pacas.

O que nos resta? Reler as revistas, as tiras, os livros, e sempre manter na memória o humor abusado, absurdo e ultrajante que inspirou tanta gente  :) Valeu, Glauco, e descanse em paz.

March 12, 2010

Só pra dizer que fui ver "Alice in Wonderland" morrendo de medo de ser um fiasco total. Mas não! Curti imensamente a parte visual, uma sensação de encantamento e estranhamento, com distorções bem de sonho e muitos detalhes incríveis. It's all in the details.

A história virou um mini-LOTR, com direito a quest, espada e armadura. E tem o final edificante-pró-mulher-independente (damn Victorians!). E tem o Mad Hatter do Johnny Depp, que não passa de um Edward Scissorhands on acid. Amável, amoroso, solitário. E que faz uma dancinha vergonhosa no final. WTF. É um filme Disney, antes de ser Tim Burton - e isso faz uma diferença brutal, mes amis. Mas o resultado é longe de ser pavoroso como eu esperava. É assistível. É delicado. E os figurinos são sensacionais.

E tem as vozes do Alan Rickman e do Stephen Fry. Se todo o resto falhasse, ainda valeria o ingresso IMAX 3D. Portanto, quando estrear por aí, vão sem medo. Mas sem esperar um grande filme, hein?

February 11, 2010

Hey ho. Estou de volta, já faz umas duas semanas. Várias coisas pra colocar em dia, aqui e na vida pessoal. E esse inverno que não acaba...

SP foi especialmente foda desta vez. Muitos reencontros com pedaços desgarrados da minha vida, sensacional.

And here we go again. On air.

January 13, 2010

Porra, dá pra dar um tempo nas notícias ruins ou tá difícil?

January 12, 2010

Dia bem WIN. Consegui resolver umas coisas práticas, matar a saudade do Uzi do Halim e ainda assistir a "Les Herbes Folles" (que eu queria muito ver e não vai passar na Holanda) no Reserva Cultural.

Bem, o filme não foi tão WIN assim. Apesar dos esforços do André Dussolier, da Sabine Azéma e do Mathieu Amalric, os personagens são neuróticos e bizarros, perdidos num roteiro estranhíssimo e solto. O Resnais anda perdendo a mão há um tempo, infelizmente. E agora que o Rohmer morreu, a melhor época do cinema francês vai entrando em coma profundo.

January 11, 2010

Então. Tô em SP, rodeada das pessoas que eu amo. Tá bom, né?

Nem preciso dizer que tô FELIZAÇA de não estar na Holanda. Neve sucks. Deixa eu ir lá tomar minha água de coco, já volto.