December 31, 2006

Tchau 2006!

December 30, 2006

Acho bom eu começar a postar os últimos dias aqui, antes que eu esqueça de tudo...

December 20, 2006

Na sexta à noite saímos com um casal de amigos muitíssimo queridos e fomos prum boteco na Pompéia. O bar não era nada demais, e achei abusivo as porções custarem uma média de 15 reais cada uma. É impressão minha ou tudo ficou muito mais caro nestes últimos meses?

O fim-de-semana foi tranquilo, porque Akira tinha ensaio os dois dias. Aproveitei pra dormir um pouco, ficar com minha mãe fazendo nada, ler os jornais e revistas das últimas semanas. E fomos matar a saudade de pizza paulistana.

No domingo fomos jantar com o trio Val+Magda+Zuzu, e foi divertidíssimo. Vocês não sabem o que é estar na mesma mesa que uma moça pintada como uma divindade hindu numa cantina italiana.

Segunda comecei a me sentir mais gente. Fui ao centrão, comemos calabresa na Casa da Mortadela na Av. São João, passamos pelas lojas de instrumentos musicais da Rua do Seminário e fomos tomar algo com minha irmã no Girondino. De lá peguei o metrô até a Marechal Deodoro e fui ao dentista. Akira e eu voltamos a pé da Santa Cecília, parando para algumas cervejas no caminho. É disso que eu sinto saudade, de andar pela cidade, ver gente. Calçadas esburacadas e irregulares, barraquinhas vendendo cartão telefônico, padoca com geladeira da Kibon (picolé de limão!), bandinha de rua tocando hino de clube de futebol, velhinhos andando de sandália e bermuda na rua, office-boy de camisa do Corinthians no metrô...

Ô, que calor que faz aqui, hein? Ando praticamente me arrastando estes dias.

Bom, saímos cedo pra Schiphol na quinta-feira, já tendo feito o check-in online um dia antes. Deixar a bagagem no drop-off foi facinho, controle de passaportes também rapidinho, lindo. Só a fila no portão de embarque estava gigantesca, porque o raio-x estava sendo feito lá.
Enfim, a viagem foi ótima. A KLM é uma puuuuta companhia boa - avião novinho, sistema de entretenimento genial (a oferta de filmes é enorme), o atendimento extremamente simpático e a comida surpreendentemente boa (fornecida pela Bertolli). Uau.

Chegamos ainda dez minutos antes do horário previsto, a bagagem foi descarregada rápido, não tinha trânsito nem na Dutra nem na marginal...enfim. Cheguei a pensar que tivesse acontecido alguma coisa na cidade.

Fomos jantar no Sujinho - uma picanha sangrenta e perfeita and all the works. Minha mãe gostou.

No dia seguinte, saímos pra resolver umas coisas e fomos almoçar no Hideki, em Pinheiros. Uau, esse é um dos japoneses bons da cidade. É caro, mas vale. Fomos de lá a pé até a Teodoro comprar umas coisas, e na hora de voltar resolvemos desviar um pouco e descer pela Artur de Azevedo. Já de carro e indo pra casa, quase na Henrique Schaumann, de repente o trânsito pára. E carros, motos e helicópteros da polícia começam a aparecer de todos os lados. Ih. Uma hora depois, quando conseguimos sair da confusão, descobrimos - tentativa de assalto ao Itaú, ali na esquina de onde estávamos. Lendo no jornal depois, ficamos sabendo que havia 20 reféns dentro da agência, policial baleado, essas coisas de São Paulo, Brasil.

December 16, 2006

Akira S & As Garotas que Erraram @ CB Bar - 20/12

No próximo dia 20, as festas Radio Rockers e Viva el Roque promovem no CB Bar um encontro inédito de gerações. As bandas Seychelles e Monokini são as representantes da última década. Já Alex Antunes, Akira S, Miguel Barella e Giuseppe "Frippi" formam o combinado Akira S & As Garotas que Erraram/Voluntários da Pátria, que tocará as principais músicas desses dois expressivos grupos do rock underground paulistano dos anos 80. Participações especiais de Fabio Golfetti (Violeta de Outono) e João Parahyba (Trio Mocotó).

Flyer: http://www.emsuma.com.br/akira/index.htm


:: SERVIÇO ::

Festa: Radio Rockers e Viva el Roque
Shows: Akira S & As Garotas que Erraram/Voluntários da Pátria + Seychelles + Monokini
Quando: 20/12 (quarta)
Onde: CB Bar
Endereço: R. Brigadeiro Galvão, 871 - Barra Funda
Fone: 3666-8971
Quanto: R$ 12,00 ou R$ 10,00 com nome na lista*
* Lista de desconto: lista@cbbar.com.br

December 12, 2006

Só Joey Ramone não decepciona.

December 11, 2006

Hoje vi mais uma pessoa que conheço falar mais do que devia no Orkut e agora anda se lamuriando sobre "os outros" darem pitaco na sua vida, bla bla bla. E eu já cansei de dizer que o Orkut (e a internet em geral) é uma mera ferramenta, quem faz mau uso é que é o culpado.

Quando se escolhe tornar pública sua opinião, vida ou hábitos, deve-se primeiro entender o sentido da palavra "pública". E aceitar que quem chega a essa informação tem todo o direito de opinar a respeito, pró ou contra.
Tudo que cai na web viaja muito mais rápido e longe que qualquer informação dada pelos meios tradicionais - TV, rádio, imprensa escrita. E por isso mesmo, o cuidado na hora de se pronunciar deve ser dobrado. Se a pessoa em questão é conhecida, ainda por cima, a responsabilidade é muito maior.

Não por acaso, a maioria dos meus amigos são prudentes na hora de se expor, e procuram ter o máximo de controle sobre o quanto revelar. E os que se escancaram assumem as consequências, de cabeça erguida (eu não tenho amigos burros nem covardes). Não é o caso dos queixosos, que se recusam a ver a própria boca grande (ou dedos soltos) como responsável. E também não por acaso, essas pessoas são as que eu classifico como "sem noção".

Ainda bem que eu não tenho amigos sem noção.

December 09, 2006

Eu normalmente não escrevo sobre os meus sonhos aqui - primeiro, porque ninguém supera a Chris nessa matéria, hee hee. Segundo, porque eu acabo esquecendo mesmo. Mas há uns dias sonhei que estava num lugar chamado Café Velório. Um lugar todo envidraçado, ensolarado, cheio de plantas e mesas com gente elegante vestida de preto. Comendo coxinhas com uma fitinha preta amarrada na ponta, bem Prada-chic.

Esse, eu juro que não sei daonde veio.

Tanta chuva até que tem um lado positivo :

December 07, 2006

Alguma coisa boa posso dizer que causei nesta vida.

Parabéns, meus queridos. Mais 999 anos de felicidade pra vocês!

:)

December 06, 2006

E pra comemorar dois anos, então, fomos jantar na Brasserie Flo, filial da original francesa. Que lindo, a gente não precisa mais ir a Paris para pedir um plateau de fruits de mer. Como é dezembro, as ostras e todos os frutos do mar estavam no auge do sabor. Ainda fizemos os gulosos e pedimos um prato do dia (perdiz com fígado de ganso e choucroute) e uma poitrine de veau com cogumelos e sweetbreads. Maravilhosos e bem executados, mas já estávamos tão empanturrados de frutos do mar e pão com manteiga (francesa com sal marinho, ui) que mal conseguimos terminar. Achei o atendimento extremamente simpático e atencioso, o que pras bandas de cá é meio raridade. O ambiente bonito, carta de vinhos boa e pagável, águas Evian e Badoit, enfim, tudo para transportar a gente por umas horinhas para as terras gauloises.

December 05, 2006

Hoje, 5 de dezembro, é dia de Sinterklaas aqui na Holanda. Mais do que o Natal, este é o dia mais esperado pelas crianças dos países baixos. Presentinhos, chocolates, poeminhas, the whole shebang.
Também é aniversário da minha amiga Beth. Pô, afilhada de São Nicolau!
E, principalmente, é o dia em que o Akira ganhou o melhor presente dele do Sint : eu!
(ei, ele que disse, viu?) ;)

December 03, 2006

Eu acho curioso o fato de 90% das pessoas que dizem que gostam de música imediatamente citarem a letra de alguma canção preferida. Aliás, tem gente que só gosta de música com "letras". Mas gente, vendo o concerto do Terry Bozzio com o Amsterdam Percussion Group no Muziekgebouw, é fácil lembrar que às vezes palavras são completamente desnecessárias.
O Bozzio foi baterista do Zappa, e há uns anos ele faz apresentações solo, com uma bateria-monstro.



(tirado daqui)

Mas este concerto foi acima de tudo do APG, dois alucinados em lados opostos do palco, cada qual em sua "ilha" de percussão - vibrafone, marimba, agogôs, gongos, sinos, congas, bongôs, what have you. E tocam com uma energia e bom humor radiantes peças lindas - um Piazzola etéreo, um Zappa pesado, composições próprias rítmicas e vibrantes. Pena que esqueci a câmera desta vez, queria ter feito uns filminhos. Mas achei uma foto do show no "Mundo da Percussão".



Sem contar que o Muziekgebouw é lindo e tem uma acústica fantástica. A sala não é grande (tem um palco quase do tamanho do Sérgio Cardoso, acho, com uma platéia do tamanho do SESC da Dr. Vila Nova, eu diria), o que ajuda bastante. Arrasô.

December 01, 2006

Uau. Fui hoje na Feira do Livro aqui em Amsterdam. Cheguei com as expectativas baixas, porque "meio milhão de livros com até 90% de desconto" parecia bom demais pra ser verdade. Mas era verdade. Imaginem um espaço do tamanho de...sei lá, um quarteirão da Av. Paulista? - com seis filas de bancadas cheias de livros. Achei livros que estavam na minha wish list por 3 euros, outros por 98 centavos, uns por 6 euros...comecei com uma cestinha modesta de compras e tive que mudar tudo pra um carrinho, porque eu não estava mais aguentando o peso. Guias de viagem, Hanif Kureishi, chicklit boba, livros de arte, Neil Gaiman, Chuck Palahniuk, Virginia Woolf...e isso porque deixei milhões de coisas lá, sem comprar (algum bom senso me restou). Aargh, já quero voltar amanhã.

November 29, 2006

Doenças japonesas : OH!Mikey!, uma série onde todos os personagens são...manequins. Daqueles, de loja. Dizem que é um sucesso no Japão, o que eu não duvido.

Semana passada finalmente fui conhecer Rotterdam (o consulado brasileiro é lá). A uma hora e pouco de trem daqui, a cidade é absolutamente o oposto de Amsterdam. Prédios altos, futuristas, muitos carros nas ruas largas, restaurantes e lojas modernos, clima cosmopolita. E aí me dei conta de como minhas origens paulistanas necessitam de edifícios gigantes e cheios de luzes e de faróis de carros para se sentirem em casa. Mas é verdade, me crucifiquem : eu prefiro o anonimato que só as grandes metrópoles podem dar a viver em vilarejos preservados e lindamente pitorescos, onde todo mundo se conhece. Mas só pra provar que ninguém nunca está satisfeito, em São Paulo eu sonhava em morar num predinho sem elevador, numa rua onde tivesse feira perto e bares e lojas legais que se pudessem acessar a pé. Nos sábados de sol faria as compras no comecinho da tarde e passaria o resto do tempo fazendo pão, cultivando ervas aromáticas e recebendo os amigos na minha casa muito aconchegante. Ironia do destino : consegui exatamente tudo isso, mas não em São Paulo. E não, não estou me queixando. Reclamar do quê? É a vida que eu queria, não é? O lugar é legal, as pessoas é que estragam. Exatamente o que dizem de Paris. E hoje me pego suspirando por apartamentos em andares altos em prédios em que você não conhece nenhum dos vizinhos, e por fazer compras em hipermercados onde é impossível ser atendido pelo mesmo funcionário no caixa duas vezes seguidas. You just can't win. Ou eu é que tenho problemas seríssimos.

(não nasci pra ser famosa, definitivamente. O meu apreço ao anonimato e à privacidade é algo mais forte do que eu. Me incomoda até ser reconhecida pelos garçons de restaurantes que eu frequento sempre em SP. É muita doença?)

Enfim, ir a Rotterdam foi quase como viajar, com a vantagem de ser muito mais perto e barato do que ir à Alemanha ou à França. Saindo do consulado, paramos no café Engels, no mesmo prédio. Cadeiras estofadas de oncinha, paredes vermelhas, um luxo. Saímos de lá e fomos andando até o Coolsingel, onde vários quiosques fazem as vezes de restaurante. Entramos no Wasabi, um japonês simpático bem na frente da prefeitura, um dos únicos edifícios sobreviventes ao bombardeamento na IIWW. O combinado de sushi e sashimi que pedimos foi ótimo, com peixes além dos obrigatórios salmão e atum. O mais interessante foi um de tobiko com wasabi, com os ovinhos tingidos de um verde vibrante, cor de gelatina de limão, mas com todo o poder do wasabi.
Andamos até o porto, lindo à noite, com todas as luzes e a Erasmus Bridge ao fundo. Achamos um bar/restaurante descoladíssimo, o Bazar, ao lado do hotel de mesmo nome. Apesar de só termos bebido cerveja, vi que o menu é basicamente turco/mediterrâneo, e pelos pratos que vi circulando, a comida deve ser ótima. O ambiente é animado, cheio de gente jovem/bonita/moderna, atendimento idem. Cool. Preciso voltar lá alguma hora.

Mas não vejo a hora de chegar em SP, pra falar a verdade.

November 28, 2006

Movida pela versão bonitinha de "After Hours" que o Gael canta vestido de ursinho no filme, tou aqui ouvindo todos os meus álbuns do VU. Tão lindo, lindo, lindo. Fico sempre arrepiada.

November 26, 2006

Sabe quando a gente tem um daqueles sonhos que envolvem algumas coisas da vida real misturadas a outros fatos levemente (ou muito) absurdos, mas que no sonho fazem super sentido? E quando a gente acorda ainda achando que faz super sentido e tenta contar para alguém o tal sonho, não consegue explicar como uma coisa se transforma em outra de repente e como os fatos seguem uma lógica truncada. E cinco minutos depois, se pega perguntando a si próprio como achou que aquilo tudo fazia super sentido.

"The Science of Sleep", do genial Michel Gondry, consegue a proeza de colocar tudo isso num filme difícil de definir ou explicar - exatamente como um sonho. Tudo é estranho. E como Stéphane (Gael García Bernal, foooofo), a gente acaba não conseguindo distinguir onde começa ou termina a realidade. Mas pra quê? Viver num mundo que tenha nuvens de algodão que flutuam com o acorde certo, água de celofane, Charlotte Gainsbourg (fooooofa) e Alain Chabat (impagavelmente pentelho), clima impossivelmente retrô e Paris me parece melhor que em qualquer outro.

November 24, 2006

Hahaha! A Kris me passou um meme original, pelo menos : 3 autores que desisti de ler.

I.Salman Rushdie - tentei ler "The Ground Beneath Her Feet". Tentei, mas não consegui passar dos primeiros capítulos. O livro está fechadinho ali, até agora, e não tenho vontade nenhuma de abri-lo novamente. O que pra mim é equivalente a sair no meio de um filme no cinema. Aconteceu UMA vez, num filme do Manoel de Oliveira. Insuportável, pretensioso, lento, verborrágico. Argh.

II.Jorge Amado - li "Capitães da Areia". Ou foi "Tocaia Grande"? Talvez os dois, sei lá. E jurei nunca mais perder tempo com algo dele. Literatura barata, pobre. Material excelente pra novela de TV.

III.Qualquer autor português - Acho todos insuportáveis. Li vários na época do colégio, e se me perguntarem agora qual é qual, não saberia dizer. Agora tenho trauma. Sou menos culta por causa disso? Foda-se. Pelo menos não perco mais tempo. Aliás, estou começando a achar que o Salman Rushdie é português.

Paulo Coelho não entra nesta lista porque é um autor do qual decidi conscientemente ler UM só livro, só para saber do que se trata (e poder falar mal). E assim foi.

Agora tenho que passar pra alguém. Tenho? Sei lá, responde aí quem quiser. Só me avisem que eu quero saber quem são seus autores renegados!

Aw. Adieu, Philippe Noiret.

November 23, 2006

Ontem foi dia de eleição por aqui. Alguns resultados são bom sinal, outros não. Mas eu me recuso a falar sobre política, nem brasileira e nem de qualquer outro lugar - o que ímporta é que existe um Partido dos Animais aqui, e ele recebeu votos suficientes para garantir duas cadeiras no Parlamento. Nem tudo está perdido...

Ah. E eu tentei tirar fotos do show do CSS. Mas a indomável Lovefoxxx não parava quieta, e todas saíram borradas. Ela estava menos "furiosa", diga-se de passagem - mas isso eu devo ao desgaste de uma turnê longa e ao bom apoio de banda. Ana Rezende inclusive foi uma das presenças mais cool no palco, dançando a macarena com o ar mais blasé deste mundo e um cigarro eternamente pendurado entre os lábios. Com direito a subir no plateau da bateria nos últimos momentos, de costas para o público. Rock and roll.

;)

edit : Mãããs...consegui fazer dois videozinhos. A imagem não está grande coisa porque resolvi usar a resolução menor para conseguir gravar mais tempo. Mas dá pra ter uma idéia. "Alala" e "Off the Hook".



November 22, 2006

Fui ver "The Black Dahlia" hoje. Jeeeesus, por onde começo? Roteiro confuso, com milhões de pontas soltas, personagens que aparecem do nada e vão a lugar nenhum, elenco mal escolhido? Ou talvez pela cenografia e figurinos bonitos, que se perdem em meio a elementos inexplicáveis, como os personagens assistindo a filmes mudos da década de 20 em 1947 e a coreografia de showgirls lésbicas? Ou então o fato de quererem convencer o público de que a Hillary Swank é sósia da Mia Kirschner? (juro, esse foi o pior na minha opinião. Cheguei a me sentir culpada por não achar nenhuma semelhança entre as duas, o que era um ponto crucial no plot - somado ao fato de que não gosto de nenhuma das duas). Em resumo? Um desperdício de Scarlett Johansson.

(quem, QUEM achou que o Josh Hartnett poderia fazer um detetive de filme noir?)

Pra falar a verdade, só gostei da k.d.lang cantando "Love for Sale". Mas eu adoro a k.d.lang anyway, então não é um grande mérito.

Fomos ver o CSS no Paradiso, finalmente! Os modernos saíram de suas tocas (onde será que eles se escondem?) e encheram a casa. E claro, ficaram cativados porque sinceramente, foi um PUTA show. A banda, depois de tanto tempo de turnê, está à vontade e com o som redondinho, pesado e punchy. A fofa Lovefoxxx, como sempre, carregou a platéia around her little finger. Falou bobagem, jogou colheres de plástico para o público, reconheceu gente que tinha ido ver o show em outras cidades. Minha gente, ela fez a holandesada fazer dancinha!
Fiquei emocionada, sério. Quando todo mundo vibrou ao reconhecer "Let's Make Love...", que acho que é a música de trabalho para o mercado internacional, fiquei pensando que gostaria de ver as caras de todo mundo que gongou MUITO a banda no começo. Tsc.

Eu só acho que eles deveriam fazer um álbum ao vivo. Sinceramente, e como eu já disse antes, o CD não faz jus ao som. Akira disse que definitivamente não é a mesma banda.

Senti uma certa agulhada num dos jornais daqui dirigidos à comunidade de expatriados, que comentou que o CSS é a única banda vinda de São Paulo que já fez sucesso internacionalmente, mas que o show vale a pena porque as meninas são bonitinhas. Er, juro que não consegui pensar NUMA banda holandesa que tenha chegado ao mesmo ponto recentemente (Focus não vale). Aliás, não consigo pensar em nenhuma banda holandesa BOA. O Bettie Serveert, que começou bem na década passada, hoje está um porre de chato. Então, holandesada e outros com dor-de-cotovelo, shut up.

November 19, 2006

Resolvi testar a técnica de brining este fim-de-semana, e coloquei um frango totalmente imerso numa vasilha com água fria e sal. O truque é experimentar a água, que deve ter um gosto parecido com água do mar. Acrescentei uma folha de louro esmigalhada, algumas folhas de tomilho, algumas pimentas-do-reino, fatias finas de alho, um pouco de açúcar e uma metade de limão espremido, e deixei na geladeira por 24 horas.
Retirei a ave do brine, sequei bem com toalhas de papel e esfreguei uma mistura de manteiga, tomilho, alecrim, sal e alho por baixo de toda a pele. Recheei com uma cebola cortada, meio limão e uns ramos de tomilho e alecrim. Espremi suco de limão por toda o frango, polvilhei com sal e pimenta e coloquei no forno a 220 graus por 30 minutos, com o peito virado para baixo. Virei o peito para cima e deixei mais 30 minutos. Mais uns 15 minutos para dourar a pele, e voilà : um frango macio, suculento e bem temperado. YUM.

Graças ao Antonio, em Barcelona comprei o lindo "La Catedral del Mar", do Ildefonso Falcones. O livro acompanha a saga de Arnau Estanyol, um homem íntegro e corajoso na Catalunha medieval, onde guerras, feudalismo, fome e a Inquisição põem à prova o direito de ser livre. Super bem baseado historicamente, é um page-turner delicioso, mais ainda por quase todos os lugares descritos ainda existirem atualmente. E acima de tudo, ter toda a construção da Igreja de Santa María del Mar como pano de fundo. Essa é a igreja que me emocionou ao ponto de me debulhar em lágrimas sem nem saber o porquê. Hoje acho que sei - tanta dedicação e devoção por parte de um povo não podem passar batidas, e com certeza aquelas pedras ainda carregam uma vibração emocional imensa. Não vejo outra explicação. E agora, mais que nunca, tenho vontade de voltar a Barcelona e explorar novamente todos esses lugares.

Aliás, este ano foi particularmente feliz em termos pessoais. Pude conviver um pouco com alguns dos meus amigos mais amados (que por algum motivo estranho moram quase todos fora do Brasil) - e consequentemente, Akira também os conheceu, o que é totalmente importante pra mim. Além disso, recebemos MUITAS visitas e vimos MUITA gente. As conhecidas se tornaram ainda mais queridas, e as desconhecidas (amigos/família de amigos) se mostraram ótimas surpresas, pessoas absolutamente queridas e especiais.

Snif. Fico até emocionada. Isso porque não tô nem falando dos amigos que vi no Brasil. E dos que faltou ver. E dos amigos que moram aqui. E dos com quem retomei contato, graças à grande rede e ao Orkut. E dos que estou esperando aportarem aqui algum dia.

E não vou citar nomes, vocês todos sabem quem são.

Aline queridíssima me mandou de presente o novo livro do Giorgio Locatelli. Uau. Uma verdadeira bíblia de 600 páginas de cozinha italiana, alternando histórias, receitas e fotos fantásticas. Autografado, ainda por cima. Estou lendo pouco a pouco, e a minha vontade é ou ir passar um mês na Itália ou me trancar na cozinha pelo mesmo tempo executando aquelas receitas maravilhosas.

A coincidência é que chegou no dia do aniversário dela. Mandei flores, que acho que não conseguiram ser entregues porque claro, ela foi comemorar! ;)

November 16, 2006

Ê! Nasceu o Théo, sobrinho!
(eu que nem gosto de criança, tô aqui comemorando, vê se pode)

Minha mala chegou, depois das feriazinhas no Faro.... ¬¬

Fui assistir a "Clerks II" antes que saísse de cartaz (Kevin Smith não faz sucesso aqui na Holanda, caralho?). Uau. Clerks em crise de meia-idade, curioso. A eterna questão "crescer e encaretar ou fazer o que se tem vontade", vendo todo o universo ViewAskew meio caidaço fisicamente, mas o cineasta mostrando que cresceu. A cinematografia muito mais elaborada que em "Clerks", mas mantendo o mesmo espírito. Idéias ótimas como sempre. Humor de fazer rolar de rir. Sarcasmo no talo. E colocando as gerações "Star Wars" e "LOTR" em luta. NERD até o fim.

O Brian O'Halloran tá ficando a cara do Stephen Root (Newsradio), que tem uns 15 anos a mais. E o Jeff Anderson tá inchado, esquisito. Dá pra perceber os dentes falsos do Jason Mehr. O Jason Lee incorporou o Earl, pelamordedeus (and to think he was so hot). E Jesus, acabei de ver que a mulher do Kevin Smith tem a minha idade. O único que não sentiu o peso do tempo foi o próprio Silent Bob. E a LINDA da Rosario Dawson, aff. Mas o que vale mesmo é ver o Trevor Fehrman e seu Elias absolutamente impagável. Novo clássico.

November 15, 2006

Segunda-feira, acordamos tarde, arrumamos a mala, tivemos um check-out elegantemente britânico e saímos em busca de algo para comer antes de ir ao aeroporto. Acabamos parando no Café Brood (é, pão em holandês!!!), onde comemos um lamb kebab e um beef kofta feitos na hora por uma mocinha muito rápida. Andamos um pouco mais e o café "Support British Food" das linguiças por £3,50 estava aberto, crap.
Fomos para Gatwick naquele trem que, por mais rápido que seja, demora séééculos para chegar (tá, meia hora) e fizemos o check-in cedo na EasyCrap, conseguimos entrar no grupo B de embarque e tomamos mais umas no café do aeroporto. Chegamos em Amsterdam, e guess what? Minha mochila não chegou. Foi para o Faro, em Portugal. EasyCrap.

Domingo acordamos tarde e fomos tomar café da manhã num bar da estação. Yum, english breakfast comanda. Depois fomos andando até a Tower Bridge e estava uma movimentação danada por lá. Entendi que era uma maratona patrocinada pela Nike. Resolvemos então atravessar a ponte (aquele bolo de noiva liindo, hahaha) e passar na Tower of London pra comprar perfume de rosas pra minha mãe. O problema é que pra voltar foi uó, andamos e andamos até conseguir atravessar o Tâmisa de volta. Ufa.
Pegamos o trem até o Pappon Manor e passamos o resto da tarde lá. Eu curto, as crianças são lindas e super bem-educadas, a casa é uma delícia, a senhoura P. é uma querida absoluta sem frescuras e o Thomas preparou uma galinha d'angola matadora. Quer mais?
Pensamos em ir para o centro depois, mas : 1. Domingo à noite 2. Quase dez da noite = não ter muita coisa acontecendo. Fomos ao bar do hotel mesmo e tivemos uma noite super agradável. Depois que ele fechou, compramos crisps (lamb with moroccan spices, tasty!) no off-licence na frente da estação, mais duas latas de Guinness e we were happy for the night.

Aline foi com a gente até o Tube, e de lá seguimos para a Roundhouse, na Chalk Farm Rd., perto de Camden Town. A fila para o show do Herbie Hancock estava assustadoramente longa (tipo, dobrando duas esquinas), mas como já tínhamos ingressos reservados resolvemos não esquentar e fomos comer um kebab na frente enquanto não abriam as portas.
O lugar é grande, e mesmo com lotação esgotada dava pra ficar mais para o fundo sem acotovelamentos. O som é que não era grande coisa, mas enfim, depois que o show começou vimos que não ia fazer muita diferença mesmo. Que repertório mais estranho! Nos entreolhamos várias vezes, e quando HH anunciou que iam tocar uma música do Stevie Wonder, meu cérebro em pânico disse : "só falta ser I Just Called to Say I Love You!". Era. Saímos correndo e fomos tomar uma cerveja no terraço de fora. E assim foi o show inteiro. No bis, finalmente, veio aquilo por que Akira esperou o show inteiro - HH na sua forma original e conhecida, e não um arremedo de jazz pop para ouvidos infantis. Mas o bis foram duas músicas, e acabou.
Meio frustrados, resolvemos fechar a noite comendo algo e descemos na Leicester Square. Já eram dez e alguma coisa, então não pudemos pensar muito. Entramos em outro japonês em Chinatown e pedimos sashimi e sakê. Foi ótimo, a variedade de peixes surpreendente e a qualidade bem boa para o preço. Minha única decepção foi a tobiko salad que pedi. Pela descrição seria maravilhosa - pepinos e ovas de peixe-voador - se não tivesse vindo com maionese. Eew. Mas tudo bem, happy stomachs e fomos dormir.

Sábado dormimos até tarde e fomos de novo ao Borough Market for some breakfast. Estava absurdamente impossível de se andar (vá às sextas, definitivamente) lá dentro, mas conseguimos dar uma olhada nas barracas perto da Catedral. Acabamos dando sorte e comemos num café na Stoney St. que vendia 3 sausages no pão por £3.50, com mesinhas e tudo. Cumberland sausages are YUM.
Continuando pela vizinhança, fomos pela margem do rio até a Tate Modern. Como esse pedaço é agradável! O tempo bom, a Tower Bridge ao fundo, vários cafés e restaurantes, o Globe Theatre, e de repente a gente chega naquele colosso de museu. Estava cheio, claro, mas transitável. Fiquei com muita vontade de escorregar naqueles tubos prateados do Carsten Höller, mas as filas de crianças com seus pais eram quilométricas, hahaha.



O acervo é fantástico, uma boa coleção de arte moderna e contemporânea dividida em 5 andares. Não consegui me ater a detalhes por causa da multidão (pra mim), mas vi Giacometti, Miró, Duchamp, Warhol, Liechtenstein, Rothko, muitos Georges Braque e alguns Picasso, Léger, Francis Bacon. Tinha até uma bailarina do Degas. Pelo menos dois móbiles do Alexander Calder, alguma videoarte. A sala do Joseph Beuys foi uma das minhas favoritas, e algumas coisas que vimos no MACBA em Barcelona, semana retrasada : as figuras risonhas de Juan Muñoz e a arte da palavra no papel de Marcel Broodthaers. As caixas da Susan Hiller também achei fantásticas, and I could go on and on. Imagine se eu tivesse tido o tempo de apreciar tudo com calma.

(tenho que observar : esse site da Tate é absolutamente maravilhoso, lista quase tudo que está em exibição!)

Queríamos poder ter ficado no restaurante do último andar, que tem uma vista espetacular, mas de novo o problema de haver gente demais no mundo : tudo lotado. Ficamos andando por ele, então, vendo Londres pelas paredes envidraçadas. A Millenium Bridge vista do museu é um quadro futurista, com centenas de pessoas cruzando o rio entre a Tate e St.Paul.



Liguei pra Aline, minha amiga que mora há alguns (muitos!) anos na cidade, e marcamos de nos ver mais tarde. Akira e eu então fomos andando, andando, andando e quando vimos estávamos perto do Edgar Wallace. Entramos e resolvemos esperar lá. Entretanto, às cinco horas começou uma queima de fogos de artifício e o trânsito lá fora começou a ficar complicado. Damn, comemoração do Remembrance Day! O pub acabou fechando e tivemos que seguir andando até Covent Garden. Aline me ligou e combinamos no The Wellington, mas esse também estava cheio. Acabamos indo a um pub canadense, porque afinal o importante era conseguir botar parte da conversa em dia. ;)

Atravessamos a Southwark Bridge e fomos caminhando em direção à City. Engraçado, nos últimos meses parece que houve uma explosão de fast-foods japoneses vendendo sushis e bento boxes. Os sushis vêm embaladinhos individualmente em celofane, parecem docinhos. Na Cannon e na Fleet St. vi pelo menos umas três casas dessas, devia ter tirado umas fotos.
Chegamos no Strand bem na hora de encontrar com o Thomas saindo da BBC, e fomos comemorar o aniversário no The Edgar Wallace, um dos pubs mais simpáticos que já conheci.
Ainda era relativamente cedo quando saímos de lá, então paramos no Brewmaster. Ligamos para uma amiga do Akira que veio nos encontrar. Saímos em direção ao Soho para tentar um dim sum no Ping Pong, mas estava lotaaado (que pena, eu realmente queria ir lá). Ficamos meio que vagando pelo pedaço, conversando. Acabamos então entrando no Ramen Seto, perto da Carnaby St. E pedimos, claro, ramen. E edamame. E sashimi. E guiozas. Achei o caldo do ramen uma delícia, mas acho que já estava meio drunk demais (só no Edgar Wallace foram 4 ou 5 pints) e não consegui acabar meu prato. Shame.

Ufa. Toda viagem, mesmo que seja pra lugares a 45 minutos de vôo daqui, me deixa acabada e com preguiça de postar. Hã, talvez o fato de andar pelo menos seis horas sem parar todo dia tenha algo a ver com isso. Enfim.

Então, na sexta-feira foi aniversário do Akira, e fomos comemorar em Londres. Saímos daqui ao meio-dia de EasyCrap e chegamos mais ou menos no horário (ai, que saudade da Vueling). Fomos para o hotel, perto da estação London Bridge. Uau, lugar genial, atendimento elegante, altamente recomendável. Deixamos as bolsas e fomos direto ao Borough Market, na rua de trás (não escolhi esse hotel por nada). Uau duplo. Se na Boquería o forte são os pescados e frutos do mar, queijos e presuntos ibéricos, aqui o negócio são as especialidades gourmet- de linguiças de javali a cidra. Frutas e verduras? Tem, mas juro que nem prestei muita atenção (deixo isso para os restaurateurs que vão se abastecer lá). Queijos, chás (ah vá!), faisões ainda com as penas dependurados, foie gras, pães, salsichas, tudo oferecido por produtores do país inteiro.



Sexta e sábado são os dias abertos ao público normal, e muita gente vai é para comer. Hambúrgueres de avestruz, falafel, sanduíches de pernil assado, salted beef com mostarda de dill ou raiz-forte, raclette, beef and guinness sausages, souvláki de cordeiro - é só seguir o cheirinho de carne na chapa.
Acabamos decidindo por uma barraca que fazia sanduíches de filé fatiado com salada no ciabatta. Com mostarda à l'ancienne e cracked black pepper em cima é fantástico.

November 10, 2006

November 08, 2006

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA




Mais aqui.

November 07, 2006

Comprei pelo bol algo irresistível : a Hitchcock Collection. Duas caixas de DVDs com 15 discos, cobrindo boa parte da filmografia do mestre. Por 30 euros cada.

Wow. O Muziektheater está anunciando pra abril uma montagem do Woyzeck pelo grupo islandês Vesturport Theatre/Reykjavik City Theatre, com música do Nick Cave. Os ingressos começam a ser vendidos em janeiro. Vou até postar aqui no blog pra não esquecer.

November 06, 2006

Putz, tô tão atrasada com os posts. Mas com visitas em casa as coisas vão se acumulando, a gente acaba saindo todo dia. Aí uma viagem aqui, um show ali, ir pra cama às seis da manhã várias vezes na semana e outras coisinhas não ajudam nem um pouco no time management. Mas vamos lá tentar atualizar.

* Vi "Little Miss Sunshine" com a Beth. Poderia ser só mais um filme-indie-americano-sarcástico-com-temática-losers-são-gente (pleonasmo!), mas de alguma forma os personagens são tão adoráveis e têm momentos tão inesperados que acabou se tornando uma das boas produções do ano. A famosa coreografia da Olive ao som de "Superfreak" vai ficar gravada na minha mente por um bom tempo.

* Eu adoro receber gente que vem pra cá pela primeira vez na vida. Adoro mais ainda quando é a primeira vez que a pessoa viaja ao exterior. Gosto de saber das impressões e do sabor que essa primeira vez dá, já que é algo que perdi há muito tempo. Gosto de imaginar a sensação do encantamento da descoberta, do friozinho no estômago que deve dar a cada situação nova. Esse thrill, infelizmente, só tem força total na primeira vez. Depois, como qualquer droga, precisa de doses cada vez maiores pra causar alguma sensação.

* Li "After the Quake", do Haruki Murakami. Histórias curtinhas, quase polaroids de algumas vidas afetadas pelo terremoto que atingiu Kobe em 95. Curtinhas, adoráveis e melancólicas, mas como sempre com um bittersweet aftertaste. Ótimo para se iniciar em Murakami, eu diria.

* Li também "The Man Who Ate Everything" do Jeffrey Steingarten. Achei divertido o estilo, algumas informações interessantes e algumas receitas boas, mas os food bloggers hoje em dia fazem um trabalho muito melhor. É, eu sei, deveria ter lido antes.

* Uma surpresa : ontem, antes do show do Gong propriamente dito, arriscamos jantar no Dim Sum Palace, na Leidsestraat. A localização, mais turística impossível, assusta. Mas a comida é ótima. Na minha opinião, melhor que alguns chineses consagrados da cidade. Preciso voltar e experimentar o dim sum.

O fim de semana foi de lua cheia, e por isso mesmo escolhido para a Gong UnConventional Gathering 2006 - uma maratona de 3 dias de bandas relacionadas ao Gong, das 4 da tarde às 3 da manhã. Hippies de toda parte, especialmente ingleses e franceses, lotaram o Melkweg em meio a projeções de luz psicodélicas, incensos indianos e claro, muito THC.

Seguir a maratona mesmo é coisa para fãs hardcore. Akira e eu fomos só ao primeiro dia, ver a performance da incrível Glissando Orchestra, da qual participa o grande Fabio Golfetti, do Violeta de Outono. Todos os guitarristas do evento num palco, tirando - ah vá! - glissandos de seus instrumentos, num evento único mesmo. Pra vocês terem uma idéia, um minutinho do show aqui :



Foi uma das coisas mais interessantes que vi nos últimos tempos. E mais interessante ainda pelo Gong ser uma banda criada em 1970, com o malucão Daevid Allen, do alto dos seus 68 anos, participando de todos os shows e ainda criando momentos como esse. O que só me faz ficar mais e mais inconformada com a falta de criatividade e originalidade na música hoje em dia. Na verdade, falta de genialidade, ousadia, sei lá. Quem hoje faz coisas como o Zappa, ou Pere Ubu, ou o James Chance/James White, ou o Kraftwerk (isso pra ficar só no rock)? Tô aqui gastando o cérebro, e a única ocorrência digna me parece ser a Björk. O resto é coisa pra vender disco. Se alguém lembrar de alguma coisa, comenta aí. Eu preciso recuperar a fé na humanidade.

Depois, a atração foi a Acid Mothers Gong, uma derivação dos japoneses psicodélicos do Acid Mother Temple, liderados pelo cabeludão Kawabata Makoto. Barulheira das boas, destruíram o Melkweg. Como eu digo, sempre se pode confiar nos japas.

November 04, 2006

November 03, 2006

Finalmente, na segunda acordamos cedo e fomos ao supermercado perto do hotel antes de fazer o checkout. O Condis é meio um Extra, com os básicos e sem produtos de luxo. Mas no caso, o que a gente queria mesmo eram os básicos : queijos espanhóis (comprei duas bandejas de degustação, com cinco tipos diferentes em cada uma, além de um pedaço de manchego maturado), boquerones no vinagre, latas de vários tipos de mariscos, azeitonas verdes gigantes, molho de pimenta local, anchovas, etc.
Enfiamos tudo nas mochilas, pedimos para o hotel guardá-las até o final da tarde e saímos para o Mercado da Boqueria. Ainda eram onze e meia da manhã, então o movimento estava tranquilo, sem as multidões do sábado. Resolvemos comer no Kiosko Universal, que tinha os camarões mais atraentes expostos. Pedi uma parrillada mista de frutos do mar (Gambas, almejas, calamares, navajas e peixe) e Akira gambas a la plancha com aspargos. Tudo preparado ali na chapa com um pouco de sal e um molho de salsinha e alho. A foto do meu tá aqui, a das gambas não saiu, mas asseguro vocês de que estava lindo o prato.



Com uma cerveja e uma água com gás, a conta saiu 38 euros. Pros dois. Juro que não acho caro.

Começamos então a fazer as compras - um pedaço de jamón serrano aqui, uns fuets ali, morcilla de cebolla, chorizos frescos, chás, atum defumado. Satisfeitos, fomos de novo à Plaça Reial tomar uma cerveja, e eu não resisti - tive que pedir umas patatas alioli. Batatas fritas crocantes com maionese de alho, hum! Ficamos um tempo no sol ali e depois fomos andar mais. Na Plaça de Sant Miquel, paramos pra mais cerveja, desta vez uma San Miguel especial, e mais boquerones e azeitonas com manjericão. Andamos de novo e voltamos à Boqueria porque queríamos sardinhas (acho que estou assustando vocês). Àquela hora, o mercado já estava lotado de novo, então fomos num dos bares da frente, o Petit. Não tinham sardinhas, mas fizeram um outro tipo de peixe na plancha pra nós. Não sei o nome, mas achei muito bom. Algo entre uma anchova e uma sardinha, tanto no sabor como no tamanho.
Finalmente, resolvemos voltar ao hotel. Andamos, passamos por outro mercado, o de Sant Antoní, que tem na sua área externa uma série de barracas vendendo roupas baratas e outros trecos. Passamos rapidinho por ele, e continuamos andando. A certa altura, notamos que estávamos na direção errada. Achamos então a Plaça de Espanya e fomos descendo de novo. Como já estava em cima da hora, acabamos pegando um táxi, o que foi uma ótima decisão. Por 20 euros, chegamos em 15 minutos ao aeroporto, onde de novo não pegamos filas de espécie alguma e ainda conseguimos comprar duas garrafas de cava. Uma delas é ótima, a Juvé y Camps, e a outra ainda não abrimos, mas promete.

Enfim, foi tudo isso e muito mais, mas seria impossível anotar tudo. Minha primeira vez em Barcelona foi há dez anos, em 1996. Os lugares são os mesmos, as ruas continuam no mesmo lugar, a Sagrada Família permanece imóvel. Mas eu era mais jovem, não tinha blog, não existia câmera digital portátil, não tinha o meu corintiano querido, não morava aqui. Na época, era a segunda cidade européia que eu conhecia e eu tinha a firme convicção de que eu nunca esqueceria aquela viagem.

E, claro, hoje até eu me surpreendo agora do tanto que esqueci. Acabei vendo tudo desta vez como se fosse pela primeira vez, mas óbvio que quem mudou não foi a cidade.

November 01, 2006

Domingo de madrugada acabou o horário de verão, então acabamos acordando uma hora mais cedo. Tomamos café e um bocadillo no bar galego da esquina e decidimos ir até o Museu d'Art Contemporani de Barcelona, o MACBA. A entrada custa 6 euros e disseram que dava direito a visitar o primeiro e o segundo andares. O negócio é que não existe nenhum outro andar, então não entendi a observação. Mas tudo bem, os dois andares ligados por rampas super clean já são suficientes. O acervo em si achei fraco e muito pouco representativo, com algumas instalações interessantes, MUITA arte conceitual (demais) com os dois pés no pop e videoartes pouco inspiradas. A parte dedicada à Galeria Cadaqués é mais divertida, com alguns Duchamp e outras ousadias expostas na cidade nos últimos 25 anos. Man Ray, Richard Hamilton, Dieter Roth. O segundo andar tem algumas surpresas, comío obras dos brasileiros Cildo Meirelles e Jac Leirner, e algumas boas instalações de videoarte (inclusive uma sobre a Síndrome de Stendhal, a qual mencionei aqui outro dia).
Paramos no café do museu, que na verdade é do vizinho CCCB, e ficamos tomando cerveja e curtindo o sol da tarde.
Saímos do Raval, passando pela sempre legal Santa María del Pi e voltamos ao Born. Entramos no El Xampanyet, um buraquinho na Carrer Montcada especializado em cava. Pedimos uma garrafa da xampanyet da casa (um vinho gaseificado semi-seco) e uma série de tapas. O pessoal, simpaticíssimo, nos arranjou uma mesa e ali ficamos entre anchoas, atum defumado, boquerones e azeitonas. Pedimos então uma cava, desta vez brut e uma garrafa muito superior. A conta foi bem razoável considerando tudo que pedimos, e lá fomos nós cambaleando por La Ribera.
Entramos na Santa Maria del Mar, e fui acometida de um ataque de choro inexplicável. Saí e nos degraus da entrada um senhor de idade sentado sorriu, me estendeu a mão e disse que chorar era bom. Sentei do lado dele e continuei me debulhando em lágrimas, ao mesmo tempo em que conversava com ele. Me contou que era sozinho, que só tinha um filho que não via muito, então gostava de passar as tardes ali na escadaria da igreja. Akira veio me encontrar e o velhinho disse : "lo debes querer mucho, y él a ti". Me deu um abraço e um beijo e nos despedimos. Fomos para o La Vinya del Senyor, um bar especializado em vinhos atrás da igreja e bebemos mais duas garrafas de uma boa cava. Quando passamos de novo em frente à Santa Maria, olhei as escadas esperando encontrar aquele senhor de novo, mas obviamente ele não estava mais lá.

Sábado, fomos tomar um espresso num café no caminho pro centro e fomos até o Mercat de la Boquería. Lotado até a boca, conseguimos circular um pouco mas desistimos logo. Mas tantos peixes, cogumelos, frutas, presuntos e queijos pareciam irresistíveis e resolvemos voltar outro dia.
Andamos pelo Barri Gòtic, passando por todas as vielas tortas medievais e admirando as construções de pedra. Uma das que achei mais interessantes foi a Carrer de Sant Domenech del Call, mas a Carrer d'Avinyò, frequentada por Picasso, também faz jus à fama, com lojinhas descoladas e bares. Seguindo a Carrer Ferran, achamos o Vildsvin, um restaurante/bar moderninho e com ostras ótimas. Andamos mais e achamos a Plaça de Sant Miquel, atrás da Generalitat de Catalunya.
Acabamos indo parar no Port Vell, andando todo o Passeig de Colón e Passeig de Joan Borbó. Achei muito triste as pessoas comendo nos restaurantes carésimos nas arcadas do Museu Histórico de Catalunya sendo olhadas pelos camelôs africanos do outro lado da rua, em frente à praia. Resolvemos ir até a Barceloneta, e paramos num boteco para uns boquerones e uma porção de bacalhau no alho e óleo inesquecível.
Fomos então passear por La Ribera, nas vizinhanças do Passeig de Born. Lojinhas lindas, Museu Picasso (não fomos), Carrer de la Princesa, Carrer Montcada. Fiquei impressionada com a Església de Santa María del Mar e botei na cabeça que deveríamos voltar no dia seguinte.
Voltamos pro hotel pra um banho e um descanso, e saímos de novo. Pegamos o metrô até o Passeig de Gràcia e ficamos andando por essa outra Barcelona, de avenidas amplas e prédios luxuosos como em Paris. Ver as casas Battlò e Milá (La Pedrera) à noite é uma experiência que recomendo, porque a genialidade das curvas de Gaudí ficam ainda mais evidentes com a iluminação apropriada.
Fomos até o bairro de Gràcia, na Plaça de Rius i Taulet que normalmente abriga uma boa vida noturna, mas por algum motivo (ou por causa das obras ali) estava bem parado, mesmo sendo sábado à noite. Pulamos então de novo no metrô (6,65 euros o T-10, um bilhete múltiplo de 10 multipersonal, a good deal sendo que um bilhete individual custa 1,10 euros) e descemos nas Ramblas, perto do Liceu. Acabei comendo um sanduíche por ali mesmo e voltamos para a Av. Paral.lel, onde surpreendentemente o movimento estava mais animado do que em Gràcia. Fomos de novo ao Bar Zodiac pra uma saideira, quase fomos massacrados por um grupo de portuguesas peruas faladeiras e fomos dormir.

October 31, 2006

A viagem já começou bem. O check-in da Vueling foi exemplar (e eu entendo disso). Sem filas, eficiente e em um minuto já estávamos com os cartões de embarque na mão. Fomos com calma para o portão, passando rapidamente pelo raio-x. O embarque começou pontualmente, o vôo saiu no horário e a tripulação correta e amável. O único senão seriam os assentos muito juntos uns dos outros, mas fora isso nem se lembra que se trata de uma empresa low-cost.
Chegamos em Barcelona lá pelas duas da tarde, e compramos os tickets para o Aerobus (3,75 euros), que pára na Plaça de Espanya e Plaça de Catalunya. Da Plaça de Espanya, descemos a pé a Avinguda Paral.lel e chegamos ao hotel, na frente do metrô Poble Sec.
O Silken Concordia é ótimo, confortável e tem um staff muito atencioso. Deixamos as mochilas e saímos a pé.
Passamos por El Raval, um bairro que só pode ser definido como "cortiçódromo", mas que é muito interessante ao mesmo tempo. Prédios e mais prédios em estado precário, com roupas estendidas em todas as janelas, lado a lado com prédios hiper-modernos como o MACBA e bares e cafés hip. Prostitutas, marroquinos, moderninhos, junkies.
Passamos pelas Ramblas e chegamos à Plaça Reial. Paramos na Cervecería Canarias e pedimos dos cañas, xoriços fritos e calamares à Romana. Os calamares não eram nada de mais, mas os chorizos!
Fomos andando então até a Plaça de Catalunya, onde fomos ao prédio que abriga a Fnac, a Sephora e a Habitat (isso, tudo junto - e mais umas lojas!). Não achei o livro comemorativo de La Fura dels Baus e fiquei frustrada. Contudo, no caminho de volta para o hotel, passamos pela livraria La Central del Raval (c/Elisabets, 6), especializada em livros de arte e bingo! Arrematei o último exemplar. O livro é um arraso, e vem com um DVD.
Na Carrer de Sant Pau, achamos La Confitería, um bar lindo que foi uma confeitaria em 1912 e parte da Ruta Modernista. Vale parar para uma cerveja ou café só para desfrutar da decoração e iluminação.
Descansamos um pouco no hotel e saímos pela vizinhança. Paramos primeiro num bar simpático e com déco almodovariana, o Zodiac. O guia recomendava um restaurante chamado "Taverna La Tomaquera" ali na Carrer Margarit, mas acabamos encontrando um outro na mesma rua, o "O Meu Lar". Comemos caracoles, aspargos com presunto ibérico, pão com tomate, salada verde e dois pedaços de carne imensos. Foi barato e ótimo. Dormimos LINDOS.

Cava. Pà amb tomaquet. Gaudí.

Volto já.

October 26, 2006

Uma descoberta maravilhosa : a TV a cabo começou a incluir o Zone Horror, um canal britânico especializado em terror. Mas não qualquer terror, oh, não! Produções da Troma (adoro as trilhas, são sempre punk rock!), clássicos antigos como "Nosferatu" do Murnau, uma série britânica para TV chamada "Urban Gothic" (sempre com uma história bizarra), filmes trash-horror da década de 80-90...um melhor (ou pior?) que o outro.
Ontem a atração foi o novo clássico, "Tromeo and Juliet". O título diz tudo. "Class of Nuke'em High" (o I, II e o III), então...não conseguimos assistir a mais nada ultimamente.

Uh. O cheiro de um frango assando no forno com muito alho, ervas de Provence, mostarda, limão e azeite é de matar. Não é à toa que cada vez menos tenho vontade de jantar fora. O prazer que a gente tem em cozinhar só é igualável ao de comer. Outro dia fiz um lindo chèvre chaud, salada verde com uma fatia de queijo de cabra empanada, como os que eu comia em Paris. E os sushis do Akira? Ou um steak, perfeitamente medium rare e temperado só com sal e pimenta-do-reino? Ou a pasta à carbonara, só com bacon, vinho branco, salsinha picada, Grana Padano ralado fresco e ovo? Ou o filé de atum tostado por fora e cru por dentro, coberto de pimenta-do-reino moída na hora, com raiz-forte? Ou a bacalhoada no forno com cebola, pimentão, tomate e sal apenas?


.....

(eu tenho que fazer muuuuita ginástica pra compensar tudo isso)

October 25, 2006

Fui ver finalmente "The Devil Wears Prada". Bobinho, não? Vale pela linda da Anne Hathaway e seus modelones arraso, mas não deixa de ser outro "The Princess Diaries", onde a outcast aprende a entrar no esquema administrado por uma megera mais velha. Jesus, será que existe alguém tão ingênua quanto a Andy? Morri de vergonha alheia quando ela corre e se mata pra "avisar" Miranda que iam puxar o tapete dela. E a verdade é - moda, imprensa, TV, qualquer empresa é tudo a mesma coisa. O ambiente de trabalho é sempre um ninho de cobras, e se dá bem quem consegue passar por cima dos outros sem piedade - e se adiantar a tudo.
Achei boba também a reação dos amigos dela frente à nova pessoa que ela foi se tornando. "A Andy que eu conheço não é assim", mimimimi. Por que, meu Deus, ela não podia querer mudar de estilo de vida? Que saco.
Tanto que ela nem fica com o namorado cabeludinho dela no final (ops, spoiler!).
O Stanley Tucci foi tããão sub-aproveitado nesse filme que nem dá pra mencionar. E a pele da Meryl Streep é tudo aquilo mesmo? Se for, quero o mesmo que ela está usando.

E sim, na verdade, o melhor do filme pra mim são as cenas em NYC e Paris - as minhas duas cidades favoritas no mundo. Sempre passo na frente daquele Mayrose na Broadway going downtown, mas nunca entrei porque o cardápio não me apeteceu. Quem sabe da próxima?

October 24, 2006

E por falar em shows, tenho que dizer que não tenho muito do que reclamar da vida cultural de A'dam. Não é tão rica quanto a de Londres, por exemplo, mas todas as bandas do momento que tocam lá fazem show aqui também - Razorlight, The Killers, Sufjan Stevens, etc, etc. Eu é que não vou. Acabo sempre indo só no que me interessa mesmo, seja Pere Ubu ou CSS. Ainda tô esperando os Rezillos, esses me passaram a perna e vão tocar no Brasil agora.

Quanto a cinema, a distribuição mundial dos filmes é algo peculiar. Alguns filmes demooooram pra chegar aqui. Marcello me disse que "Marie Antoinette" vai estrear só agora em Copenhagen, sendo que aqui e no Brasil passou há meses. Mas é, a estréia americana é agora. Bizarro, considerando a origem da produção. Outras estréias são quase simultâneas, como "Little Miss Sunshine", sendo que já está aí e aqui só semana que vem. No Brasil, parece que os filmes asiáticos em geral chegam antes daqui, e aqui os filmes europeus são lançados rápido (bom, meio óbvio). Já o porquê de "Scoop" já estar passando aqui é um mistério pra mim. Filmes que europeu paga-pau de terceiro mundo gosta de ver sempre estão em cartaz. "Thank You For Smoking" está no Brasil, estava em cartaz na Alemanha em setembro, e aqui chega só semana que vem. "Nacho Libre" foi jogado pra janeiro do ano que vem, e no Brasil parece que vai direto pra DVD. Dá pra entender?

October 23, 2006

Fomos até Utrecht ver o Pere Ubu no Tivoli Helling. Além de ter a formação mais bizarra que já vi (uma baixista minúscula, um tiozinho com cara de dono de mercearia tocando theremin, um guitarrista com cara de paquistanês...e o David Thomas, que é bizarro por si só), o show é ótimo.


October 21, 2006

Graçasadeus! O velho Woody desencantou mesmo depois do ótimo "Match Point" e lembrou como ser engraçado de verdade! "Scoop" é uma delícia, repleto de tiradas fantásticas. De novo como o mote de crime, a trama é simples, mera desculpa para possibilitar a linda-maravilhosa da Scarlett Johansson em cena como uma versão feminina do diretor - com trejeitos e tudo - num dilema quanto ao aristocrático namorado (Hugh Jackman, a prova de que Deus existe e é mulher, hetero e estudou anatomia e arte com Leonardo da Vinci) e ainda ter o próprio Woody como sidekick na pele de Sid, o próprio septuagenário-cínico-judeu-americano-do-Brooklyn-perdido-em-Londres. Ou seja, ele mesmo.

As referências são várias, a trilha sonora curiosa, as atuações sinceras e sim, Woody Allen pode.

(se bem que depois de "Anything Else" eu tive dúvidas, muitas dúvidas. Mas cheguei à conclusão de que descer mais fundo seria impossível)

Oba! O Fabchannel disponibilizou o show das Pipettes no Paradiso! Enjoy!

October 17, 2006

E a vida não pára de me fazer surpresinhas. Conheci o Lu há quinze anos, lá no CoralUSP. Desde então, passamos por todo tipo de diversões e micos, geralmente musicais. Há nove anos, seguindo o guru Lulu Santos, ele foi morar na Califórnia, viver a vida sobre as ondas (not!). E não é que o trabalho o atirou aqui nos países baixos por alguns dias? Fizemos jantarzinhos aqui em casa, fomos no Portugees, botamos o papo em dia. Foi tão bom!

E como se não bastasse, meu querido Marcello Bosschar agora veio passar uns dias comigo, o que é um absoluto presente. É como reencontrar um pedaço da minha vida. E claro, colocar dois anos em dia já me deixou quase sem voz. Mas não faz mal não, porque com o Mars eu me entendo até em código morse.

October 15, 2006

Bem, os gânglios já desincharam e as bolinhas (nem eram tantas) já estão secando. Não passei nada, eu sou adepta do "não mexe e pronto".
Enquanto isso, li "Garlic and Sapphires", um relato bem divertido da Ruth Reichl sobre o tempo em que ela era a crítica de restaurantes do New York Times. Uh, some people have all the luck.

October 14, 2006

Já está disponível o áudio do show do CSS de setembro em Rotterdam, no Bazar Curieux. Aproveitem!

No, seriously. Eu quero. Eu quero.

Eu quero!

October 13, 2006

Bom, no final das contas o que eu tenho pode ser chickenpox. A médica do pronto-socorro não tem certeza, mas é provável que seja mesmo.

No Brasil nunca vi alguém ter isso, e vim pegar justo aqui...aff.

Tudo bem, não é grave. O pior é a coceira. Aagh!

October 12, 2006

Pesquisando direito, acho que estou é com mononucleose. Meus gânglios estão todos inchados, até os que eu nem sabia que tinha, na base do crânio. Acho que vou ter que ir ao médico...

*sigh*

Pois é, na verdade não era gripe. No dia seguinte começaram a aparecer bolinhas vermelhas por todo o corpo - na cabeça inclusive. Reação alérgica das brabas, como não tinha pensado nisso?

E hoje teve show das Pipettes no Paradiso! Claro que os ingressos se esgotaram há um mês, mas claro também que eu comprei os nossos há dois, hohoho.
Por sorte, foi na sala menor - por mais que os holandeses cafonas ficassem na minha frente, eu consegui enxergar algo.
E que fofas as Pipettes! Dancinhas, com mãozinhas e bracinhos, todas as músicas do álbum, uma banda de apoio média mas que também não atrapalhou. Claro que elas fecharam com "We Are The Pipettes", que foi tudo. A Rose tem a melhor voz (and my favourite!), a Gwenno é a carismática e a Becky estava meio sem voz, mas aquela carinha de nerd de óculos é uma graça.
Minhas fotos ficaram um horror, mas consegui fazer uns clipezinhos de algumas músicas. Depois subo aí.

October 11, 2006

Li "Anansi Boys" em dois dias. Depois de passar por mitologias diversas em "American Gods", pelo céu e inferno em "Good Omens", Neil Gaiman resolve criar um universo onde deuses afro-caribenhos vivem entre humanos, usando seus poderes para levar vidas discretamente confortáveis e, nas horas de tédio, criar pequenas confusões por diversão. Fantasioso e divertido, é uma leitura ótima. "American Gods" ainda é o meu favorito entre esses, mas ainda não encontrei um Gaiman de que não gostasse.

October 09, 2006

Falei ontem com minha mãe, que está audivelmente gripada, e hoje eu, que até então estava perfeitamente bem, acordei com dores no corpo inteiro e um profundo mal-estar. Fui ao centro encontrar o Antonio e o Mattia e voltei agora. Mal consegui subir as escadas e minha vontade é ficar deitada e dormir três séculos. Alguém aqui já pegou gripe pelo telefone? Não consigo pensar em outra hipótese (e não acredito em coincidências).

October 08, 2006

Agora tem Akira S no MySpace também.

October 07, 2006



Monstros marinhos.

E chove e chove e chove. Resolvemos então aproveitar um momento seco pra ir ao Albert Cuyp e comprar as coisas pro jantar. Com três caranguejos gigantes (3 por 5€!) com vinaigrette, sashimi de atum e peixe-espada, vinho branco com bolhinhas - quem liga pra chuva?

(e ainda sobraram um polvo inteiro, lulas, um pacote de camarões e uns kani-kamas pra próxima vez, porque foi exagero nosso mesmo)

October 05, 2006

"My Super Ex-Girlfriend" : and that's why God didn't give me superpowers.

October 04, 2006

Li de uma só vez o "Lucky", da Alice Sebold. Um livro que surgiu da experiência de um estupro, do ataque até o julgamento, passando por todo o processo emocional pós-trauma. Como "The Lovely Bones", mesmo sendo não-ficção, é delicado e angustiante ao mesmo tempo. Pelo menos pra quem é mulher.

October 03, 2006

Li finalmente o "31 Songs", que estava dormindo ali na estante. Fora as boas tiradas irônicas e oh-so-british do Hornby, não tenho o que comentar. Livrinho despretensioso, sincero, pequenas cenas da vida de alguém que tem uma paixão indissociável com a música.

(Nesse aspecto ele realmente parece alguém que eu conheço, hahaha. Mas em geral não concordo com as comparações que sempre fazem entre os dois. Como se quisessem encaixar ambos em algum tipo de categoria, mesmo com todo o generation gap entre eles. De qualquer jeito, já fui pós-adolescente e já passei dos trinta, já li quase tudo dos dois e posso dizer que cada um pode ser considerado uma voz honesta de cada geração).

October 01, 2006

Ontem começou uma exposição de um fotógrafo brasileiro, que acompanhou por algum tempo uma comunidade negra isolada sei lá onde no Brasil (Goiás, talvez?). Interessante e triste ao mesmo tempo. Interessante porque há um lado pitoresco nas cenas do cotidiano simples daquelas pessoas - das rencas de crianças descalças ao vestido de casamento que aparece em cerimônias diferentes, vestido por noivas diferentes (mas ao mesmo tempo tão parecidas!). Triste porque retratam tanta miséria e não consegui reconhecer o país de onde venho naquelas fotos. Claro, porque na verdade eu sei que não é o mesmo país, infelizmente.

September 30, 2006




Minha irmã que fez essa versão South Park minha. Não podia ter acertado mais.

September 28, 2006

Na viagem de ida consegui ler metade do "Lunar Park" do Bret Easton Ellis, e terminei assim que voltei. Transformar-se em personagem não deu muito certo pro Coupland (que parece ter usando o recurso só pra um cameo que salvasse-ops-desse uma reviravolta na história), mas no universo sexo-drogas-whatever do velho Ellis funcionou imensamente bem. O Bret-personagem caçoa da família americana, da celebridade, dos angelenos, escritores e, principalmente, de si mesmo e do mundo que sempre povoou suas obras. Usando seu "American Psycho" como base, um terror Stephen King pra movimentar a trama e algumas migalhas de verdade só pra confundir, o livro é divertido e intrigante. Um alívio depois daquele odioso "Glamorama".

September 27, 2006

Aí no final de semana Antonio e Mattia vieram fazer uma visita rápida e ficaram aqui em casa. Fizemos um jantarzinho meio brasileiro, com picanha, salada, molho de campanha, espetinhos de frango e de coração - o que agradou aos brasileiros e assustou Mattia e o Coelhinho da Bebete.

"Aqui na holanda coração de galinha é comida de cachorro!"

Hahaha. Adoro enfatizar o clichê de que no Brasil somos todos selvagens.

Desculpem a ausência. Acho que ainda estou lutando contra os últimos resquícios da Síndrome de Stendhal, citando minha querida amiga Zuzu.

Berlim é uma cidade que me dá vontade de não deixar nunca, e esta vez foi ainda mais legal - pela companhia, pelo que mudou e pelo que continua, pelo céu azul, pelo atendimento atencioso, pelas descobertas - e portanto mais difícil de partir.

Mas enfim. Pegamos o trem na quarta-feira, depois de passar pelo hall gastronômico da KaDeWe mais uma vez pra comprar salsichas, cogumelos, spätzle, queijos e outras delícias perecíveis alemãs. Encontramos o Alex Antunes na estação pra uma última cerveja e confundimos o garçom, que pensou que estivéssemos falando mongol. Afinal, dois orientais e um caucasiano estranho de rabo-de-cavalo e barba grisalhos conversariam em que língua, não é mesmo?

A viagem foi confortável, já que consegui reservar dois assentos ao redor de uma mesa e os assentos da frente ficaram desocupados até o fim. O problema foram duas alemãs sentadas um pouco pra trás, que iam e vinham do vagão-restaurante carregadas de cerveja e não paravam de falar. Seis horas, geez.

September 26, 2006

I ♥ Pipettes.

September 23, 2006

A festa foi na Kesselhaus do Kulturbrauerei. Chegamos lá às nove e toda uma muvuca na porta : tapete vermelho, câmeras de TV, seguranças e recepcionistas verificando os convites com um leitor óptico. Foi só entrar e começamos a encontrar os amigos. De repente, parece que metade da festa era só de brasileiros, e me senti em São Paulo. Nunca pensei em encontrar tantos conhecidos em Berlim, imagina.
Os shows programados eram aquela coisa esperada : Naná Vasconcelos, Yamandú Costa, Armandinho e Raul de Souza. Nem prestamos atenção na música, e acabamos indo pra um lounge no mezanino onde o som não chegava, hoho.
Foi tão legal que ficou todo mundo com dó de ir embora, mas os músicos estavam todos hospedados em hotéis fora da cidade (apelidados de "Vinhedo" e "Carapicuíba"), e os carros que iam levá-los chegaram à uma da manhã. Sem contar que a maioria tinha chegado na mesma manhã, então falamos tchau como se a gente fosse se encontrar semana que vem e fomos embora.
E como ninguém vive de canapés, paramos pra um döner kebab lindo e gordurento na esquina antes de pegar um táxi. Yum.

September 22, 2006

Na terça fomos ao Checkpoint Charlie, a duas quadras do hotel. Não entramos no museu, só vimos a reprodução da guarita e o histórico ao longo da Friedrichstraße, com fotos e uma timeline. Que triste pensar que até 1988 pessoas morreram tentando escapar do lado oriental.
Continuamos subindo a Friedrichstraße, e de repente me senti em Manhattan. Ou Paris. Lojas e lojas de marcas internacionais luxuosas, engravatados apressados, placas douradas indicando escritórios importantes. Que contraste.
Viramos no Gendarmenmarkt, atraídos pelas cúpulas da Franzözischer Dom e da Deutscher Dom. Demos de cara com a Konzerthaus e uma escultura representando colcheias de metal na praça. Ficamos admirando aquelas construções monumentais e fomos tomar uma Berliner no café do teatro.
Alcançamos a Unter den Linden e fomos andando. Passamos pela Humboldt Universität e acabamos indo parar na Museumsinsel. Andamos mais e quase chegamos em Alexanderplatz. Paramos para almoçar numa steakhouse e resolvemos voltar pro hotel, pra dar tempo de ir à festa de abertura da Popkomm.

September 21, 2006

Na segunda-feira, fomos com a Magda até a Rosa-Luxemburg-Platz e fomos descendo a pé até o Hackescher Markt. Encontramos dois prédios gêmeos na Rosenthaler Str., um virou um mini-shopping peruésimo e chique, e o do lado continuou um squat. Divertidíssimo ver os dois lado a lado. Claro que ignoramos o chique e entramos no squat que, como a maioria dos que eu conheço, tem uma ou duas galerias/ateliês de arte instalados, uma loja no alto das escadas vendendo comics, livros de arte, CDs de música eletrônica e experimental e camisetas legais, e um bar com uma ou duas mesas coletivas no pátio. E cheiro de borracha queimada vindo de algum canto.



No Hackescher Markt, paramos num bar espanhol e fizemos uma pausa. De lá, fomos para o Zoologischer Garten ver a Kaiser Wilhelm Gedächtnis Kirche e andar pela Ku'damm. Na verdade, o que a gente queria era ir até a KaDeWe conferir a seção de gastronomia da loja. E meninos, eu vi. Um andar gigante de uma loja de departamentos gigante, totalmente dedicado a comida. Produtos do mundo todo, balcões de frios, queijos, azeites de oliva, sais, chás, enlatados, temperos. O que você imaginar tem. Claro, o preço é compatível com o luxo da loja, mas é irresistível levar pelo menos alguma coisa. A minha cesta tinha um pacote de Kettle Chips (não tem na Holanda) sabor alecrim, sal marinho e alho, uma latinha de foie gras de ganso, saucisses secs francesas e bacon curado alemão. Carregados, voltamos pro hotel pra encontrar as meninas, que tinham ido a Utrecht, e fomos jantar no italiano da esquina do hotel, na Anhalter Str. Alívio, quase todo o staff do restaurante era italiano de verdade - menos um garçom croata que gostou das meninas e ficou a noite inteira fazendo comentários engraçadinhos. Mas foi divertido.
Ainda voltamos à Potsdamer Platz pra uma última cerveja dentro do Sony Center, na Lindenbräu.

Acordamos meio atordoados e fomos tomar brunch no Hannibal, em Kreuzberg. Lugar tranquilo e relax, bem na frente da Görlitzer Bahnhof. O bufê era ótimo, com queijos, pães, saladas, frios, salmão defumado, uma sopa de batata incrível, ovos mexidos, bacon, linguicinhas, torta de maçã, etc. Tudo reposto rapidinho, por módicos 8 euros.

(brunch de domingo é meio uma instituição em Berlim, pelo que entendi. Quase todos os lugares oferecem suas variações, por preços que vão de 5 a 10 euros em média, e as pessoas ficam lounging, comendo e bebendo até as quatro da tarde. Esse Hannibal eu encontrei recomendado no TripAdvisor e reservei pela internet mesmo)

Chegamos ao meio-dia e saímos rolando às duas da tarde. Fomos andando pelo bairro seguindo a linha do trem, até chegar na Warchauer Str. Subimos até a East Side Gallery, o maior pedaço remanescente do Muro, que eu considero uma das coisas mais dubiamente legais de Berlim. Paramos na Ostbahnhof pra descansar, passamos na feirinha de tranqueiras atrás da estação e fomos pra Alexanderplatz.

Rodeamos a Fehrnsehturm, e ficamos bebendo num café na frente. Céu azul, brisa, ficamos lá uma hora. Depois resolvemos ver o Portão de Brandenburgo antes que escurecesse, e no caminho demos de cara com o Holocaust Denkmal, um monumento sinistro/angustiante/curioso. Blocos de concreto alinhados como túmulos num cemitério, que vão ficando mais e mais altos no centro da instalação, dando uma sensação horrível de aprisionamento.



Tiramos fotos no Brandenburger Tor, demos uma caminhada pela Unter den Linden, comemos uma currywurst e paramos pra mais uma Berliner.

Voltamos ao hotel pra tomar um banho e saímos de novo pra jantar. Em dúvida, fomos para a Oranienburger Str., uma rua apinhada de bares e restaurantes em Mitte. Apesar do agito, não tinha nada que nos agradasse e acabamos comendo num italiano/turco mesmo (tipo os que tem aqui). Razoável, nada de memorável, mas barato (aliás, o custo de vida em Berlim é algo mais barato que em Amsterdam e no resto da Alemanha). Passamos no Café Zapata, um squat transformado em clube/bar, mas o som que estava rolando me espantou rapidinho, hahaha. Mais legal parecia o bar ao ar livre no pátio de trás do squat, mas estava todo mundo cansado e acabamos voltando pro hotel. Nessas horas é que eu odeio estar ficando velha. Se fosse há quinze anos eu ia adorar ter ficado bebendo no meio do entulho de um prédio em ruínas. Hoje eu não troco uma noite de sono por nada.

Então. Esta semana fomos pra Berlim ver os amigos que vieram pra Europa por conta da Popkomm, uma feira internacional de música e entretenimento - gravadoras, selos, distribuidores, etc. Paralelo à parte business, acontece também um festival de música, bem abrangente. Como o parceiro deste ano da feira é o Brasil, algumas bandas foram selecionadas pra fazer shows - Mawaca, Bojo&Maria Alcina, Cidadão Instigado, Wado, Clube do Balanço, Cabruêra, Sonic Jr e outros. Achei as escolhas acertadíssimas e bem representativas do que rola no Brasil estes dias. Chega de bossa-nova, MPB chata, músicos decadentes e cantoras sem sal.

(tudo bem, depois eles deram um jeito de enfiar o Eduardo Gudin, o Chico César, a Elba Ramalho e Badi Assad no programa, mas me disseram que não teve jeito)

Parte do Mawaca ficou aqui em casa uns dias antes da Popkomm e depois nos encontramos na Alemanha. Claro, todo mundo de cabelo em pé por causa das dificuldades da produção de confirmar qualquer coisa até o último momento, mas foi divertido.
Saímos de trem daqui no sábado às onze e meia da manhã e chegamos na Hauptbanhof às cinco e meia da tarde. A estação central de Berlim agora é a Lehrter Bahnhof, a duas paradas da Potsdamer Platz, o que ficou muito conveniente - a dez minutos a pé do hotel que reservamos.

(eu achei incrível ter um Etap bem no meio da cidade. Prédio novinho, banheiro no quarto, super chuveiro, máquinas de café no saguão, mapinhas grátis, S-Bahn na frente e várias estações de U-bahn por perto. Tudo por 55 euros o quarto duplo. Recomendo mesmo. Aliás, pra quem for, nem contrate o café-da-manhã do hotel, apesar de ser bom e barato - o café da frente oferece trocentas opções por quase o mesmo preço, e até as 16h)

Encontramos a Magda e fomos dar umas voltas. Ela queria ver o lugar onde o Mawaca ia se apresentar na KulturBrauerei, então fomos até Prenzlauer Berg. Descemos na Schönhauser Allee, mas na verdade o ponto certo era um antes, e andamos um mooooonte. Sem contar que a numeração das casas lá é como em Paris - cresce de um lado e decresce do outro em sentidos opostos. Ou seja, o número 6 pode muito bem ser across the street do 400. Ficamos gastando os calcanhares por uma boa meia hora até entender finalmente isso (ai meus pés!)

Achamos o lugar, que parece um SESC Pompéia gigante. Era uma cervejaria que virou um complexo de bares, clubes, teatro, cinema, etc, todos ocupando os antigos galpões que um dia funcionaram como casa das máquinas, centro de engarrafamento e distribuição, refeitório...Dez da noite e tudo calmo, porque ainda era cedo. Demos umas voltas, comemos um bratwurst com mostarda, tomamos uma cerveja e fomos embora. Ai, a idade que pesa.

September 15, 2006

Aproveitando as visitas interessadas em música étnica, fomos ao Tropenmuseum, que reúne uma boa coleção de artefatos indonésios, além de vários showcases culturais da América Latina, países islâmicos e Sudeste Asiático. O passeio é mesmo recomendado para crianças inclusive, porque muita coisa é mostrada de maneira lúdica, como reproduções de tendas marroquinas, salas paquistanesas, botecos sulamericanos e outras variedades.
Claro, o museu na verdade é uma tentativa da Holanda de aliviar a consciência pela exploração das suas colônias, mas a gente finge que não percebeu.

September 14, 2006

Tããão cansada.

(fisicamente, claro. Meus pés doem. Experimentem andar com três mulheres al borde de um ataque de consumismo aqui em Amsterdam)

September 12, 2006



E claro, toda a população japonesa da cidade estava lá. O melhor foi uma menina vestida de quimono pular no palco e começar a dançar, queria ter tirado uma foto. Rude girls rule.

"A Quick Drunkard" é uma das músicas mais legais ever. O último show de ska em que me diverti tanto foi o dos Toasters, há muitos e muitos anos. Nem me lembre que eu perdi os Skatalites em julho aqui.

Fomos ao Melkweg ontem ver a Tokyo Ska Paradise Orchestra. Dez japoneses de terno cor-de-rosa e óculos escuros fizeram o melhor show que vi nos últimos tempos. Ska de dançar pulando, jazz à Miles Davis, surf-rockabilly digno de trilha do Tarantino, energia inesgotável e casa lotada. Pra quem tem o álbum "On Tour", é mais ou menos o mesmo setlist. Puta show. Puta banda. Gotta love these japs.

September 11, 2006

Comprei um DVD que eu nem sabia que existia : "Jan Kounen - 4 Films". Eu assisti a dois longas dele na minha vida, "Dobermann" e "Blueberry" e achei bem interessantes, porque não são muito comuns, nem visualmente nem no ponto de vista (se bem que tenho que confessar que o maior atrativo neles pra mim é o Vincent Cassel, hahaha). Mas não são filmes que alguém possa amar - no máximo achar divertido ou incômodo.
Já nos curtas fica mais evidente o punch surrealista à moda Jeunet (não por acaso, a parte visual de um dos curtas, "Vibroboy", é do Marc Caro). Fica evidentíssima a influência do Shinya Tsukamoto e seus "Tetsuo" - algumas sequências são iguais, como os personagens correndo em "Gisèle Kérozène", e o surgimento do "Vibroboy", montado a partir de pedaços de ferro-velho. Achei "Capitaine X" bem legal, com uma câmera subjetiva a partir de um cara "duro de matar". Falta ver "Le Dernier Chaperon Rouge", com a Emmanuelle Béart, mas promete ser bom.

September 09, 2006

Depois de alguns meses na prateleira, li o "A Long Way Down", do Nick Hornby. Gosto dele, mas por algum motivo nada do que ele escreve fica muito tempo na minha cabeça. De "How to Be Good" eu não consigo nem lembrar qual a história, preciso reler. Os outros, se não tivessem feito filmes a partir deles, me fugiriam também. Este pelo menos me deu something to hold on to, por conseguir fragmentar a narrativa entre tantos pontos de vista diferentes com sucesso, e cada um deles ser razoavelmente interessante. Não é lá uma grande obra, mas é uma boa leitura. Coisa que se aplica a todos os outros livros dele, I'm afraid. Mas tem humor e alcança bem algumas questões - como lidar com o que somos, com os outros, etc. Tô guardando os não-ficção pra ler em outra fase.

You Are 71% Bitchy

While you may not think of yourself as the ice queen, admit it, you're often in a bad mood.
And it's those around you who often bear the brunt of your annoyance, even if they haven't done anything wrong!


Wow. Como eles descobriram?

Your Toes Should Be Black

A total rulebreaker (and heartbreaker), you're always a little punk rock.

Your flirting style: Wacky and a bit shocking

Your ideal guy: An accomplished artist, musician, or writer

Stay away from: Preppy guys looking for a quick bad girl fling


Vi na Juli and said, "why not?"
Tá quase, minhas unhas são roxo metálico.

September 08, 2006

Okay, mais um momento propaganda-coruja :

Vi umas fotos e algumas resenhas, parece ótimo. E Gabriel Vilela dirigindo o meu xodó, eu assistiria todo dia. Se não estivesse aqui, claro.

LEONCE E LENA, de Georg Büchner. Comédia romântica. As montagens do diretor mineiro Gabriel Villela têm marca própria dentro da dramaturgia brasileira. De Shakespeare a Chico Buarque, não importa, os autores que ele encena ganham um inconfundível – e coerente – toque circense. É o caso da adaptação da peça do alemão Georg Büchner (1813-1837). Numa arena revestida de papelão pelo cenógrafo J.C. Serroni, o público acompanha o encontro romântico dos príncipes Leonce (Luiz Päetow) e Lena (Ana Carolina Godoy), em fuga de seus reinos. Cobertos por máscaras e um figurino extravagante, os onze atores do elenco desfiam humor e sátira política, até mesmo da atualidade brasileira (90min). 14 anos. Estreou em 4/8/2006. Sesc Avenida Paulista – Espaço 10º Andar (100 lugares). Avenida Paulista, 119, 3179-3700, Metrô Brigadeiro. Quinta, 17h; sexta a domingo, 20h. R$ 15,00 (qui.) e R$ 20,00 (sex. a dom.). Bilheteria: 9h/22h (ter. a sex.); a partir das 10h (sáb. e dom.). Ingressos também no CineSesc e nas demais unidades do Sesc. Até dia 24. (Vejinha online)

September 07, 2006

Na verdade, apesar do Costello ter uma história antiga com o jazz, quando ele casou com a Diana Krall eu fiquei com medo. Ela é tão chata que poderia influenciar o trabalho dele. A época que ele foi casado com a baixista dos Pogues, a Caitlin O'Riordan, foi quando ele produziu a maior parte das minhas músicas favoritas. Mas enfim, if he's happy... *shrugs*

Ontem fomos ao Heineken Music Hall ver o Elvis Costello com a Metropole Orkest. O show é resultado da parceria no North Sea Jazz Festival de 2004, onde as músicas do velho McManus foram executadas em arranjos jazzísticos e orquestrais. Deu tão certo que virou disco (eu quero!).

O lugar é novo, talvez um pouco maior que o Palace em São Paulo (nem sei como se chama agora, da última vez que fui lá era DirectTV Music Hall, argh), com um pé direito alto e acústica razoável. Claramente feito pra shows de-grande-porte-pequenos-demais-pra-estádios, ou seja, a maior parte do espaço é uma grande pista. E o show era sentado. O que eles fizeram? Colocaram filas e filas de assentos. Todos no mesmo nível.

(a altura média das pessoas aqui é 1,80m. Vários passam bastante disso. Eu tenho 1,60m. Tenho que me conformar com o fato de que nunca vou conseguir enxergar direito um show aqui ¬¬ )

Comecei a achar que ia ser um grande mico. Comprei os ingressos há dois meses e mesmo assim, nossos lugares eram na fila 20, razoavelmente no meio. A fila na nossa frente estava totalmente preenchida por holandeses cabeçudos e altos, alguns comendo cachorro-quente, outros tomando cerveja. O casal do nosso lado eram uma mulher genérica e um homem imenso e gordo, carregando um pedaço de pizza de pepperoni (!) e um copo de cerveja. Ele sentou do meu lado. Sorte que as luzes se apagaram na hora que ele começou a comer, porque senão ele teria visto a minha cara de horror. Mas horror mesmo foi quando ele terminou...e começou a limpar os dentes com a unha. Rezei pra que ele parasse logo, mas ele devia estar com algum pedaço de pepperoni preso no maxilar inferior, e ficou cutucando entre os dentes lááá no fundo, enfiando o dedo o máximo possível. Discretamente limpando a mão na própria camisa (do lado oposto ao meu, graçasadeus).

A orquestra começou a tocar a abertura, um e eu resmungava com meus botões sobre o lugar, os vizinhos, a farofada, com medo do resto da noite. E aí o Costello explica que fez um arranjo pra esse show durante um dia chuvoso em Honolulu, e nos primeiros compassos eu já tenho um troço.

"All this Useless Beauty". Uma das minhas preferidas ever. Ouvindo aquela voz quebrada e característica cantar essa música ali, de repente, me senti a pessoa mais sortuda do mundo. O gordo do lado podia comer uma pizza quatro queijos inteira ali que eu não ia estar nem aí.

E o show foi realmente lindo. Rock 'n roll, jazz, pop, blues, todos se alternando, acompanhados por aquela grande big band ou pela cozinha básica. E aquela voz. Ouvi "The Birds Will Still Be Singing", "Almost Blue", "Alison", e não parava de me arrepiar. A maioria dos fãs do Costello não gostam de "She", porque foi a culpada da súbita popularidade dele entre um público, er, "indigno", mas eu tenho que dizer : ele canta muito bem essa música. O sucesso dessa interpretação da música do Aznavour não vem do nada.

Os arranjos de jazz me soaram muito Billy Strayhorn, por isso não foi surpresa quando tocaram "Blood Count", a última composição do Strayhorn, para a qual ele escreveu a letra. E realmente, é uma match made in heaven. As partes bluesy são influência do trabalho com o Allen Toussaint, certamente. A veia pop e rock 'n roll sempre estiveram lá, obrigada.

Depois do terceiro bis e quase duas horas e meia de show, a platéia continuou exigindo encore!. Ele, então, disse que a casa precisava desligar o som, mas ele iria cantar "acústico". E foi o que ele fez, cantou "Couldn't Call It Unexpected", sem microfone, sem acompanhamento. Foi impressionante, não se ouvia um pio do público. A certa altura, o piano entrou, também sem amplificação. E mais outro instrumento, e mais outro, todos emitindo seu som natural. Ele então convocou a audiência a cantarolar junto, e o silêncio se quebrou, finalmente. Foi um grand finale.